Cache VG - Cunheira
A Rede Geodésica Nacional (RGN) é uma das infra estruturas base de apoio a toda a cartografia do país, assim como aos projectos onde seja necessário georreferenciar com precisão a informação geográfica.
Na adopção do sistema de referência ETRS89 (European Terrestrial Reference System 1989), recorreu-se à reobservação com técnicas espaciais da 1ª e 2ª ordens da RGN.
A rede apresenta uma distribuição geográfica densa e homogénea, onde:
Os VG de 1ª e alguns de 2ª ordens e 3ª ordem têm coordenadas calculadas em PT-TM06/ETRS89;
os restantes vértices geodésicos apenas têm coordenadas em PT-TM06/ETRS89 resultantes de transformação do sistema HGD73.
Toda a Rede Geodésica Portuguesa é formada por vértices geodésicos chamados Talefes e Bolembreanos. Os Vértices de 1.ª Ordem de forma piramidal são chamados de Tafeles. Os de 2.ª Ordem são cilíndricos com cone listado e os de 3.ª Ordem são também cilíndricos, mas sem cones listados, chamados de bolembreanos.
O primeiro levantamento cartográfico em Portugal foi realizado por Francisco António Ciera, Catedrático do 3º ano da Academia Real da Marinha dando início à Comissão para os Trabalhos de Triangulação Geral e Levantamento da Carta Corográfica do Reino. Os respectivos levantamentos iniciaram-se no ano de 1788 segundo vontade de D. Maria I.
O primeiro Vértice Geodésico a ser construído em Portugal foi o marco geodésico de 1ª ordem no Monte Redondo em 1794. O marco é constituído por uma pirâmide de alvenaria, com sapata, com 3, 35 metros de base e 9, 42 metros de altura. Coordenadas: 39.892083, -8.842902
Tem uma forma piramidal para o distinguir dos marcos de 2ª e de 3ª ordem em forma de cilindro, encimado por um tronco de cone. O monumento está pintado de branco e listado no topo com uma faixa preta com 1,5 m de largura, para identificação – tal como os marcos de 2ª ordem – e contém uma inscrição relativa à sua construção.
A base da triangulação geral do reino de Portugal foi inicialmente constituída 32 marcos geodésicos actualmente designados de Talefes.
O nome do vértice geodésico Bolembreano foi dado pelos habitantes da povoação do concelho de Sintra – Bolembre, onde pela primeira vez em Portugal foram introduzidos estes vértices geodésicos de 3.ª ordem. Consiste num tronco de cone sobre uma base cilíndrica.
Tipos de Vértices Geodésicos
Vértice geodésico 1ª ordem – Vértice geodésico integrado na rede geodésica fundamental ou de 1.ª ordem, independentemente do tipo de sinal a que se encontra associado.
Vértice geodésico em Capela – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a uma capela,
Vértice geodésico em casa – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a uma construção
Vértice geodésico em castelo – Vértice geodésico cujo sinal se localiza no reduto de um castelo
Vértice geodésico em depósito água elevado – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre um depósito de água elevado
Vértice geodésico em farol – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre um farol.
Vértice geodésico em forte – Vértice geodésico cujo sinal se localiza no reduto de um forte ou fortaleza
Vértice geodésico em igreja – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a uma igreja
Vértice geodésico em moinho – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a um moinho de vento
Vértice geodésico em depósito de água à superfície – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre ou junto a um depósito de água não elevado
Vértice geodésico em cruzeiro – Vértice geodésico cujo sinal é parte integrante de um cruzeiro.
Vértice geodésico em vigia – Vértice geodésico cujo sinal se encontra sobre um posto ou torre de vigia.
Vértice geodésico de outras ordens – Vértice geodésico cujo sinal não possui convenção específica para a Carta Corográfica de Portugal Continental e que normalmente, é materializado por um tronco cónico ou cilíndrico designado por bolembreano.
Todos os Vértices Geodésicos Talefes e bolembreanos são divididos em três ordens de importância:
1ª Ordem – Pirâmides Talefes com distâncias de 30 a 60 km
Os vértices da Rede Geodésica Portuguesa de 1.ª ordem são construídos por grandes pirâmides em alvenaria, os Talefes e têm cerca de 9 a 10 metros de altitude, de secção quadrangular, podendo ser encimadas por outras de menor altura, ou por estruturas cilíndricas, contendo ambas ou só a inferior uma faixa de cor preta.
As suas características principais são:
• altura total – cerca de 9 m ou 10 m;
• base das pirâmides – 3 m para a maior, 0,75 m para a menor;
• faixa preta – 1,5 m de largura
2ª Ordem – Bolembreano Cilíndrico com distância de 20 a 30 km
Os triângulos que constituem a Rede Geodésica Portuguesa de 2.ª ordem ou secundária assentam directamente sobre os vértices geodésicos de 1.ª ordem.
Os vértices geodésicos de 2.ª ordem são construídos no terreno por cilindros normalmente encimados por troncos de cone. Esta forma adoptada para os vértices denomina-se bolembreanos.
Têm duas faixas de cor preta, uma no cilindro e a outra no tronco de cone, não possuem altura total fixa por forma a que possam sobressair em relação à vegetação existente e ser visíveis entre si.
As suas características principais são:
• base do cilindro – cerca de 1,4 m de diâmetro se a sua altura for superior a 4 m e 1,2 m se a altura for inferior;
• tronco de cone – cerca de 1,2 m de altura, 0,6 m de diâmetro para a base superior e 0,4 m para a inferior;
• faixas pretas – 0,5 m de largura no cilindro e 0,3 m de largura no tronco de cone. A distância do bordo superior da faixa do cilindro à base do tronco de cone é de cerca de 0,4 m.
3ª Ordem – Bolembreano Cilíndrico com distância de 5 a 10 km
Os triângulos que constituem a Rede Geodésica Portuguesa de 3.ª ordem têm lados com comprimentos que podem variar entre 5 e 10 km. A resolução dos triângulos que constituem a rede pode basear-se na medição de apenas dois dos ângulos internos de cada triângulo dado a menor precisão requerida, sendo o 3.º ângulo interno determinado por diferença.
Os vértices da Rede Geodésica Portuguesa de 3.ª ordem não apresentam altura total fixa, à semelhança dos vértices geodésicos de 2 ª ordem. Diferem dos vértices geodésicos de 2.ª ordem por não apresentarem faixa de cor preta a envolver o cilindro que constitui a base da estrutura.
O número de vértices existentes na totalidade do território (Portugal Continental e Regiões Autónomas) é, actualmente, de cerca de nove mil, repartidos por vértices de:
Continente: 1.ª Ordem (cerca de 120), 2.ª Ordem (cerca de 900) e 3.ª Ordem (com uma densidade aproximada de 1 vértice por cada 10 km⊃2;).
Arquipélago dos Açores: cerca de 500
Arquipélago da Madeira: cerca de 150.
Cada vértice geodésico tem uma ficha de identificação e caracterização.
(fonte: https://outdoorportugal.pt/vertices-geodesicos/
https://www.dgterritorio.gov.pt/geodesia/infraestrutura-geodesica)