O Parque Verde de Alcobaça, situado na entrada nascente da cidade, abraça o rio Alcoa e preserva os antigos caminhos da água para o Mosteiro de Alcobaça. Trata-se de um novo espaço de lazer, inaugurado no dia 21 de março de 2019, que promove o encontro de gerações e onde o sol, a terra, a água e a natureza convivem em plena harmonia.
Pretendeu-se devolver o rio à cidade de Alcobaça, respeitando o património ambiental e o legado cisterciense, reforçando a qualidade de vida da comunidade local e dos visitantes.
Esta área, com mais de seis hectares, constitui, também, uma nova centralidade e um espaço social amplo, propício ao desporto espontâneo, a atividades ao ar livre e capaz de acolher os mais diversos eventos.
Este parque municipal integra ainda uma ampla estratégia de mobilidade sustentável, que inclui a pedonalização progressiva do rio Alcoa, desde a sua nascente até à foz.
TERRITÓRIO DOS ANTIGOS COUTOS DE ALCOBAÇA
A Abadia cisterciense de Alcobaça desenvolveu-se entre os séculos XII e XVIII. Foi fundada pelo rei D. Afonso Henriques, que doou um vasto território à Ordem de Cister, em abril 1153, o qual se estendia até à costa atlântica. Na sua fase de maior expansão, os antigos coutos de Alcobaça abrangeram cerca de 440 km⊃2;, compreendendo 14 vilas (Alcobaça, Aljubarrota, Alvorninha, São Martinho do Porto, Évora de Alcobaça, Pederneira, Cela, Maiorga, Turquel, Salir de Matos, Santa Catarina, Alfeizerão, Coz e Paredes da Vitória).
Os inúmeros privilégios reais, aliados a doações piedosas e a trabalhos de colonização e arroteamento, contribuíram para a prosperidade e prestígio da Abadia de Alcobaça, tornando-a o coração da Ordem, em Portugal. Em solo nacional, os Cistercienses alcançaram 32 mosteiros e 2 ordens militares (Avis e Cristo).
A permanência dos Cistercienses no território alcobacense durou oito séculos, sendo interrompida pela secularização da sua abadia, em 1834. A ação dos monges moldou a paisagem cultural e deixou profundas marcas no património material e imaterial da região. O Parque simboliza e celebra a longa presença desta Ordem no verdejante e silencioso vale de Alcobaça.
O SISTEMA HIDRÁULICO DOS CISTERCIENSES DE ALCOBAÇA
A magnífica abadia de Alcobaça (que integra a lista do património da UNESCO, desde 1989) foi edificada junto à confluência dos rios Alcoa e Baça. A água era fundamental para os monges garantirem a sua existência em comunidade autónoma.
A Abadia era abastecida de água potável subterrânea, a partir de uma captação na Chiqueda, e de água comum, através de uma levada derivada do rio Alcoa.
Conduta de água potável
É a rede de abastecimento hídrico do mosteiro, para finalidades de alimentação, higiene corporal e atos litúrgicos. Com origem no lugar de Chiqueda, tem uma extensão linear de 3, 280 km e uma inclinação média de 1,6‰. Desenvolve-se, pela força da gravidade, em troços subterrâneos, superficiais e elevados, o que revela notáveis conhecimentos de engenharia hidráulica por parte dos seus construtores. Na zona do Parque Verde, o aqueduto está ou estava implantado à superfície ou em elevação.
Levada
A derivação de água do rio Alcoa foi concebida para atividades que exigiam uma corrente forte, como a irrigação agrícola, a força motriz e a limpeza das latrinas dos monges. A fim de prevenir subidas impetuosas do caudal na vala e inundações, construíram-se descarregadores de cheias para o rio Alcoa. Na zona do Parque, a travessia da conduta de água límpida para o mosteiro assenta, parcialmente, no talude direito da levada.