Bem vindos a uma cache
que vos leva à aldeia de Vera Cruz, uma misteriosa,
enigmática e simpática aldeia do concelho de Portel, bem no
meio do
Alentejo.
A aldeia
Para visitar Vera Cruz comece pela
Igreja de São Pedro ( Séculos VII - XIX ). Assim que
se aproxima da aldeia a primeira coisa que salta à vista é esta
igreja, que é a edificação mais alta da aldeia. Igreja do antigo
mosteiro da Ordem de Malta, foi fundada nos finais do século XIII
por D. Afonso Pires Farinha, que participou na 7ª cruzada a
Jerusalém, de onde trouxe a relíquia do Santo Lenho, ainda hoje
guardada no seu interior.
O templo medieval foi construído sobre as ruínas de um antigo
mosteiro visigótico, do qual subsistem, com especial relevo, as
capelas colaterais da actual cabeceira da igreja, esta já
consequência de uma reforma dos séculos XVI a XIX. Considerado um
dos mais belos templos do País só abre oficialmente à hora da missa
de domingo( actualmente é às 10.30h). Se for fora desta hora e se
pedir ajuda poderá espreitá-la( procure no museu junto à mesma ou
alguém por ali alguém que tenha a chave ). Tem uma história imensa
de peregrinações, milagres e exorcismos. Com data de início de
construção em 1271, era parte de um convento que esteve entregue à
Comenda de Malta de Vera Cruz e era delegação do priorado do Crato.
Este mosteiro, ou convento, ainda existe mas está praticamente em
ruínas, mas ainda se pode observar como viviam os frades nesse
tempo.
Se visitar a igreja, sinta
todo o miticísmo e repare em alguns pontos interessantes: as
janelas são apenas pequenas frestas que pouco iluminam o templo,
tendo que se recorrer à iluminação artificial. É também desprovida
de altares laterais, sendo o único altar o altar-mor. Do lado
esquerdo do altar está uma pequena divisão onde está fechada a
custódia do Santo Lenho, e repare na data que está por cima da
porta. Indica a ultima restauração de que foi alvo. Já nas
traseiras da igreja tome atenção às sucessivas obras de que este
templo foi alvo. Notam-se muitas construções em cima umas das
outras, o que indica muitas e muitas gerações que por ali passaram.
Actualmente estas ruínas estão suspensas com uma estrutura
metálica, pelo que percorra-as com cuidado.
Deve visitar na aldeia além da
Igreja do Santo Lenho, o Museu da Aldeia, a Capela da Santo
António, a Fonte Santa e os Buracos dos Mouros.
Em Vera Cruz há festas em honra do Santo Lenho que são no mês de
Setembro. Nas festas há bailes, touradas, procissão e as pessoas
representam a Lenda da Fonte Santa.
Mas e que lenda é esta? É importante explicar um pouco da história
deste local...
Um pouco de história...e
lendas...
Mais importante é a lenda que
garante que a madeira que está dentro de uma belíssima custódia
(fechada literalmente a sete chaves) pertenceu ao Santo Lenho (a
cruz de Cristo), motivo mais do que suficiente para ser, antes das
aparições em Fátima, um importante local de peregrinação. E de
exorcismos, como o daquela menina que tinha sido possuída pelo
espírito de um homem adulto. Se estes motivos não fossem
suficientes a aldeia tinha ainda um Pinheiro Sagrado e uma Fonte
Santa, que se diz que terão aparecido na mesma altura em que o
Santo Lenho foi para aqui trazido (1271). Outra lenda, esta
historicamente improvável, diz que o Pinheiro Sagrado nasceu quando
D. Afonso Henriques, ao passar por aqui em 1139, a caminho da
batalha de Ourique, terá cravado no chão uma vara de espinho,
enquanto dizia "é tão certo vencer todos os mouros, como esta vara
reverdecer". De qualquer forma, os habitantes garantem que houve na
aldeia um pinheiro sagrado, que era local de peregrinação, e
garantem-me que a pinha que está no Museu da Aldeia tem cerca de
300 anos e foi fruto dessa mesma conífera.
Arredores...
Para melhor
desfrutar esta cache sugiro a visita a Portel, a vila sede do
concelho com o mesmo nome. Com castelo e Carta Foralenga desde o
séc. XIII, o concelho de Portel viveu, durante séculos, dos seus
recursos agro-pecuários. De boa herança, os actuais habitantes
receberam um punhado de valiosos monumentos de recuadas eras e uma
localização a pedir que dela tirem proveito. Quem por aqui passe
tem com que tratar o espírito e o corpo: visite-se o castelo e a
Igreja Matriz de Vera Cruz, espreitem-se as grutas de Algar, agora
mais recentemente a barragem de Alqueva e não faltarão motivos de
meditação em redor do calducho, das cilarcas e dos queijos de
Portel.
É uma terra pacata,
que vive lentamente. Nas ruas e nas esplanadas, os homens
aproveitam as sombras e deitam cartas. A tarde é passada a
percorrer as ingremes ruas medievais que conduzem até ao castelo,
pertença da Fundação da Casa de Bragança, as igrejas da terra, as
ruas antigas, tentando descobrir os parcos vestígios judeus que aí
permanecem. Das muralhas resta muito pouco e em tão mau estado que
a queda parece iminente. Tal como a fortaleza.
Num estado de ruína
lamentável, e pertencendo também à Fundação da Casa de Bragança,
está um dos montes mais emblemáticos da zona, situado na estrada
que conduz a Vera Cruz, a nossa aldeia enigmática a 10
quilómetros de Portel.
O Monte de Vale de Abuim está
classificado como imóvel de interesse público, mas as outrora
bonitas cavalariças, e a esguia torre do século xvi — que serviria
como elo de comunicação entre Portel e Vera Cruz — ameaçam queda.
Enquanto resistem, a única utilidade é fornecerem sombra aos
animais (a torre) e espaço para lixeira (as
cavalariças).
Na típica paisagem alentejana resta
apenas o montado e as oliveiras, que fornecem a matéria-prima para
o premiado azeite de Portel. O São Pedro, produzido a partir
de azeitona galega, recebeu ejá vários prémios nacionais de
qualidade.
No topo da serra de Portel
subsistem duas ermidas — as únicas do concelho que não estão num
estado lastimoso de ruína. Têm ambas oráculo de São Pedro, sendo
apenas de datas diferentes. A mais antiga (1624) está alcandorada
numa crista rochosa de agulhas e é chamada Ermida da Gruta. A
tradição diz que apareceu aqui a imagem do seu titular. A outra
ermida de São Pedro (1666), está rodeada pelas ruínas de oito
hospedarias das extintas irmandades que veneravam o
Santo.
Lá de cima, a cerca de 400 metros
de altitude, a vista é soberba, apesar de estar muito despida de
vegetação. São essas terras desmatadas que indicam até onde a água
chega desde Novembro do ano 2000 quando a barragem começou a
encher. E toma-se consciência do quanto esta paisagem se vai
alterar.
O maior lago artificial da Europa
terá uma superfície de cerca de 250 quilómetros quadrados (de quota
máxima, com 4000 milhões de metros cúbicos de água) e margens que
se estenderão por mais de 1000 quilómetros. O grau de humidade vai
subir e a temperatura média descerá cerca de 5°C.
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