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SHOW ME THE MONEY! A tribute to Alves dos Reis. Traditional Cache

Hidden : 04/16/2006
Difficulty:
2 out of 5
Terrain:
1.5 out of 5

Size: Size:   small (small)

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Geocache Description:

A TRIBUTE TO ALVES DOS REIS (if you need a translation to english on these cache please call me by email)

ALVES DOS REIS
A verdadeira história do maior burlão português.

A FRAUDE DAS NOTAS DE 500$00

Em escritórios cuja austeridade reflecte a importância das transacções a que se dedica, na Great Winchester Street, 26, a venerável firma londrina Waterlow & Sons Lda, mantém o seu vultoso e muitas vezes delicado ramo de negócio – a impressão de papel moeda para governos espalhados pelo mundo.
No dia 4 de Dezembro de 1924, Karel Marang Van Ysselveere, conceituado negociante e banqueiro de Haia, apresentou neste estabelecimento credenciais como emissário especial do Governo Português. Foi recebido pessoalmente por Sir William Waterlow, presidente do conselho de administração da firma, a quem o holandês de gestos delicados e aspecto distinto explicou que o Banco de Portugal necessitava urgentemente de 200 000 notas de 500 escudos. Por motivos políticos, a emissão teria de ser realizada em segredo, pelo que o presidente do banco incumbira Marang das negociações, em lugar de recorrer às vias diplomáticas habituais.
Sir William mostrou-se atenciosamente disposto a colaborar, exigindo embora a autorização do governador do banco e o contrato habitual. O holandês considerou tal requisito absolutamente natural; os papéis seriam remetidos de Lisboa sem demora.

Assim começou uma das mais fantásticas fraudes registadas na história das finanças internacionais.
No decorrer das semanas seguintes a firma Waterlow & Sons recebeu uma série de documentos onde haviam sido inscritas as palavras “Rigorosamente Confidencial”.
Uma carta com o selo e a assinatura do Governador do Banco de Portugal, Camacho Rodrigues, autorizava a impressão das notas. Explicava a carta – expressamente endereçada a Sir William – que Marang tinha poderes para receber o dinheiro e levá-lo para Lisboa, onde passaria à mãos de um sindicato comissionado pelo Governo Português, para ser utilizado na recuperação das finanças da então colónia de Angola.
Como o dinheiro seria exclusivamente investido em Angola, poderia ser impresso com as mesmas chapas e os números de série usados por Waterlow na última emissão de notas de 500 escudos que circulavam em Portugal. O Banco de Portugal imprimiria sobre as notas a palavra «Angola», a fim de evitar a confusão em entre as duas emissões.
Se no espírito de Sir William existissem quaisquer suspeitas de irregularidade , estas desvanecer-se-iam com a chegada de contratos assinados pelo alto-comissário de Angola e por alguns dos mais destacados banqueiros de Portugal. As máquinas de Waterlow fabricariam notas de 500 escudos no valor de 100 milhões de escudos, devidamente entregues em várias remessas a Marang, o qual as levou para Lisboa livre de fiscalização aduaneira, graças às imunidades diplomáticas de que gozava, pois era cônsul honorário da Pérsia em Haia.
Sir William ignorava que todos os contratos e cartas, agora cuidadosamente guardados no seu cofre eram falsificações, que o Banco de Portugal não mandara imprimir qualquer indicação sobre as notas, as quais nunca circulariam em Angola. Só iria descobri-lo um ano mais tarde e quando já houvesse imprimido mais de 20 milhões de escudos.

No dia 5 de Dezembro de 1925, a Polícia de Investigação Criminal Portuguesa efectuou uma busca na filial do Porto do Banco de Angola e Metrópole, instituição recente e extremamente próspera, em virtude de denúncias, segundo as quais o estabelecimento realizava transacções ilegais com moedas estrangeiras. Mas quando o inspector encarregado das investigações e os seus ajudantes chegaram à casa-forte do banco, encontraram algo muito mais espantoso do que dólares e libras ilegalmente adquiridos. Os cofres estavam abarrotados de notas de 500 escudo, amarradas em maços do Banco de Portugal, mas não consecutivamente, pelo número de série, de acordo com o costume do Banco.
Apesar das declarações do principal perito do Banco de Portugal imediatamente chamado, segundo o qual as notas eram indubitavelmente autênticas, o inspector mandou o dinheiro apreendido para a filial do Banco de Portugal no Porto, com ordens para a conferência dos números com os de todas as notas de 500 escudos em caixa. Ao anoitecer, haviam sido encontrados quatro pares de notas com números idênticos.

A 7 de Dezembro todo o país estava em pânico. À medida que afluíam milhares de notas de 500 escudos para resgate aos guichés do Banco de Portugal, aumentava o número de notas idênticas. Logo que se tornou evidente a extensão da fraude, a cotação internacional do escudo, moeda normalmente sólida, caiu rapidamente. O conselho de administração do Banco de Portugal em Lisboa manteve-se reunido em sessão extraordinária quase permanente.
Os factos apurados nas investigações revelaram-se cada vez mais fantásticos. Não só alguém iludira a firma de Waterlow, fazendo-a imprimir para si 300 milhões de escudos, como também fundara com esse dinheiro sem valor o Banco de Angola e Metrópole. Comprara uma quantidade avultada de acções das maiores empresas industriais de Portugal, adquirira igualmente imóveis de valor elevado e articulara todo o activo num império financeiro. Esse alguém comprara, igualmente por intermédio do Banco de Angola e Metrópole, considerável parte das acções de propriedade particular do próprio Banco de Portugal. E se o “artista” houvesse podido prosseguir na sua fabulosa fraude por mais um ou dois meses, conseguiria a maioria das acções no banco nacional e ficaria em condições de fazer desaparecer as provas contra ele existentes, livrando-se provavelmente de ser incriminado pela burla praticada.

O PAPEL DE ALVES DOS REIS

Artur Virgílio Alves dos Reis, filho de um funcionário aduaneiro subalterno , nasceu em 1896, em Lisboa. Muito novo ainda, fascinou-o a história de Cecil Rhodes, o grande impulsionador do desenvolvimento de África do Sul, e sonhou fundar um império semelhante nas colónias portuguesas.
Em 1924, Alves dos Reis estava preso por burla, usurpação e abuso de poder em consequência do caso da Companhia dos Caminhos de Ferro Através de Africa (Ambaca). Na prisão, Alves dos Reis leu sobre a decisão do Governo Alemão de imprimir numerosos biliões de marcos para sustentar o seu tesouro desfalcado. Reflectiu que se pudesse encontrar algum meio de mandar imprimir notas portuguesas, que utilizaria em proveito próprio, poderia ainda realizar os seus projectos de criação de um império colonial.
Conseguiu que os seus amigos lhe levassem todas as informações possíveis sobre as operações monetárias do Banco de Portugal, e chegou a duas notáveis conclusões: - que durante os últimos anos o banco emitira notas muito além do limite estabelecido pela lei, situação que poderia tornar-se embaraçosa para o banco e para o Governo, e que o banco não possuía meios que lhe permitissem saber exactamente o número de notas de determinado valor em circulação numa dada altura.
Chamou igualmente a atenção de Alves dos Reis o facto de, embora a impressão da maior parte do dinheiro estar a cargo do banco, algumas notas de 500 e 1000 escudos serem fabricadas por Waterlow & Sons Lda, de Londres. Portugal fora durante muito tempo vítima de falsificações, e as tintas e técnicas de Waterlow eram à prova de qualquer fraude. No ágil espírito de Alves dos Reis, o grande plano começou a tomar forma.
Em Agosto foi julgado e considerado culpado de haver lesado os accionistas das vias férreas Ambaca, mas três meses depois a sentença foi revogada em instância superior.

Alves dos Reis escolhera como cúmplices do seu plano três amigos especialmente indicados para realizarem a operação que se propunha. Karel Marang Van Ysselveere, devia ser o seu testa de ferro; José Bandeira, irmão do ministro de Portugal em Haia, seria seu assistente. Um alemão de nome Gustav Hennies, que gozava de reputação duvidosa em virtude de transacções monetárias irregulares na América do Sul, era conselheiro pessoal de Alves dos Reis.
Marang e Bandeira, de acordo com a decisão de Alves dos Reis, conheceria apenas uma pequena parte do plano. «Quando um homem age de boa fé – declarou mais tarde Alves dos Reis, por ocasião da publicação das suas confissões – , a pessoa com quem trata, especialmente se é homem de bem como Sir William, reagirá favoravelmente a essa boa fé.» Tanto Marang como Bandeira deviam acreditar – e durante muito tempo acreditaram – que, embora a transacção fosse irregular, Alves dos Reis agia com inteira aprovação do Governo de Angola para salvar a colónia da ruína.
José Bandeira convenceu seu irmão, o ministro, a escrever uma carta que apresentava oficialmente Marang como emissário diplomático de Portugal – as credenciais que tanto haviam impressionado Sir William. Logo que Marang voltou a Lisboa, depois da sua visita a Waterlow, Alves dos Reis começou a trabalhar na falsificação de três importantes documentos.
O primeiro era um contrato entre o alto comissário de Angola, tenente-coronel Rego Chaves, e Alves dos Reis, representante do sindicato incumbido da emissão de papel-moeda em Angola. O segundo era um documento valioso em que o alto-comissário e o governador do Banco de Portugal, Camacho Rodrigues, autorizavam a transacção. O terceiro era uma carta do governador Camacho Rodrigues a Sir William Waterlow, autorizando a impressão das notas. Sem suspeitar da fraude, Marang levou essas obras primas para Londres, e Sir William, como Alves dos Reis calculara, «reagiu favoravelmente a essa boa fé».

Alves dos Reis chegara à conclusão de que 100 milhões de escudos em notas de 500 eram a quantia máxima que era possível pôr com segurança em circulação naquela época. Entretanto, mesmo para operar com essa importância sem levantar suspeitas necessitava de um banco. Em Julho de 1925, era autorizada a criação do Banco de Angola e Metrópole, com sede em Lisboa e filial no Porto.
Alves dos Reis revelou-se um banqueiro competente e engenhoso. O seu banco adquiriu prontamente a fama de facilitar empréstimos, principalmente os de pequenas somas, com uma presteza e uma boa vontade muito diferentes das normas vigentes nos outros bancos portugueses. Alves dos Reis e Hennies haviam elaborado o plano de trocar as notas de Waterlow pelas garantias dos seus devedores. Dentro de poucos meses, haviam investido com segurança 50 milhões de escudos da sua moeda ilegal e aumentava o número dos seus clientes depositantes da instituição que tais facilidades oferecia. Em seis meses o banco prosperara.
Em Junho de 1925, porém, o número de circulação das notas de 500 escudos fora notado. Houve rumores de falsificação. O Banco de Portugal reagiu exactamente como Alves dos Reis esperava. Anunciou oficialmente que todas as notícias de inflação da moeda portuguesa, em consequência de falsificação ou outros motivos , eram infundadas.
Alves dos Reis calculou correctamente que o banco não imaginava sequer a sua transacção e que o público aceitaria sem discutir a declaração do governador do banco, de honestidade insuspeita. Colocou imediatamente o restante das notas impressas por Waterlow em investimentos sólidos e fez nova encomenda de notas a Londres, no valor de 200 milhões de escudos, por intermédio de Marang.
Ao mesmo tempo comprava discretamente acções do Banco de Portugal. Decorridos dois meses, estaria de posse da maioria de acções do banco e, consequentemente, em condições de fazer desaparecer todas as provas da sua fraude.

Certo do sucesso, em Outubro de 1925 Alves dos Reis partiu para Angola com o mesmo alto-comissário cuja assinatura falsificara, e discutiu vários projectos de interesse para o desenvolvimento da colónia. O seu banco estava pronto a financiar a construção de uma via férrea e ao financiamento do transporte de 1000 famílias de colonos portugueses para as férteis terras dos planaltos de Angola. O alto-comissário escutou fascinado os planos.
Mas os acontecimentos em Lisboa sucediam-se rapidamente. O governador Camacho Rodrigues e os directores do Banco de Portugal haviam tido notícia dos secretos esforços de compra das acções do mesmo. Procedeu-se a uma investigação e  vários indícios apontavam Alves dos Reis como a pessoa directamente interessada nesse investimento. Realizou-se então a busca na filial do banco no Porto, que levou à descoberta das notas em duplicado.
Vindo de Angola, Alves dos Reis chegou a Lisboa no dia seguinte, tendo sido imediatamente preso. Mas não estava vencido! Na prisão conseguiu fabricar uma impressionante gama de documentos faziam recair a responsabilidade da fraude sobre Camacho Rodrigues e alguns dos directores do Banco de Portugal e que sugeriam que ele fora apenas vítima de um conluio político. Os documentos eram tão convincentes que dividiram Portugal durante meses em duas facções e retardaram durante cinco anos o julgamento de Alves dos Reis. Porém, em Maio de 1930, foi julgado e condenado em seguimento da sua confissão e sentenciado a 20 anos de prisão, dos quais cumpriu apenas alguns, tendo posteriormente saído em liberdade condicional, tendo terminado assim a carreira do homem que perpetrou a maior e mais fantástica fraude financeira da história de Portugal.

A CACHE


A cache encontra-se num monte alentejano abandonado, datado de 1883, chamado "Monte do Reboredo de Baixo", localizado no concelho de Fronteira, perto do lugar de Vale de Seda e com vista privilegiada para o vale onde corre encaixada a Ribeira do Vale de Seda.
Recomenda-se o estacionamento no início da estrada de acesso ao monte que se localiza em N39º 07.335' W007º 43.404'. A distância a percorrer a pé a partir deste ponto é mínima.
Apesar de a cache não estar no interior da casa, exigem-se cuidados redobrados, particularmente se levarem crianças, devido à falta de condições de sustentabilidade da estrutura.
Sendo uma cache temática, apenas se aceitam trocas de moedas ou notas (EXCEPTO EUROS!!) de escudos ou outras divisas, que estejam ou não em circulação - falsificações ou imitações, desde que façam juz a Alves dos Reis, são bem vindas!!
SHOW ME THE MONEY!
A carta militar da área da área tem o número 383.

Conteúdo (tesouro!!) inicial da cache (de fazer inveja ao Banco de Portugal ou a qualquer numismático que se preze):
Moeda de 1$00 de 1974 (Portugal)
Moeda de 1$00 de 1997 (Portugal)
Moeda de 10$00 de 1990 (Portugal)
Moeda de 25$00 de 1982 (Portugal)
Moeda de 50$00 de 1988 (Portugal)
Moeda de 100$00 de 1998 (Portugal)
Moeda de 200$00 de 1991 (Portugal)
Moeda de 1/4 Dollar de 1994(USA)
Moeda de 50cents de 1998 (México)
Moeda de 1 Peso de 1993 (República Dominicana)
Moeda de 1 Krone de 2000 (Dinamarca)
Moeda de 100 Pesetas (Espanha)
Moeda de 2 Pence de 1990 (Reino Unido)

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