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A
série de animação “Heidi”, foi um sucesso em Portugal no início da
década de 80, cativando a atenção daqueles que, sendo de mais tenra
idade, constituiriam a primeira geração a ter um contacto
massificado com desenhos animados a cores - daqueles realizados
fora da Europa de Leste (saudoso Vasco Granja, desde que apareceste
no vídeo dos ‘The Gift’, nunca mais soube nada de ti).
“Heidi” era uma adaptação em 52 episódios de uma história de
Johanna Spryi, que contava os primeiros anos de vida de uma pequena
garota orfã de 8 anos, que vivia com a tia. Esta, ao arranjar um
emprego, manda Heidi morar com o avô (que era um personagem
chamado… “Avô”!!!), um pastor (rude, mas de bom coração) numa
pequena aldeia perdida no meio dos Alpes suíços. A história segue
com Heidi a arranjar um amigo (o “Pedro”, um pequeno pastor da
vila), e vivendo as suas aventuras, no meio dos Alpes, a cuidar de
cabras.
Algures a meio, a tia manda Heidi viver para Frankfurt,
trabalhando na casa de uma família abastada, e adaptando-se ao
ritmo da vida numa cidade. Nesta fase, destacam-se dois
personagens, a “Governanta Rottenmeyer” (severa e rígida) e a
“Clara”, uma menina loira e simpática, que está ‘presa’ a uma
cadeira de rodas, e que se torna a melhor amiga de Heidi. Não vos
vou contar o final da história (nunca se sabe, deve estar a sair em
DVD), mas envolve os Alpes, muita alegria e abraços, cabras a
pastar e uma cadeira de rodas a ser definitivamente reformada.
Mas tudo isto é conhecido do grande público. O que pouca gente
sabe é que, dado o interesse e o sucesso da primeira série em
desenhos animados, chegou a produzir-se uma segunda série. Esta
segunda série, também em desenhos animados, foi integralmente
rodada na área costeira entre o Cabo da Roca e Cascais, recorrendo
aos personagens e actores originais.
Nesta história, o tempo dá um salto de 20 anos, e Heidi e o “Avô”
vêem-se forçados a abandonar os Alpes suíços, devido às más
colheitas de chocolate de leite e de relógios, motivados pelo
comportamento anormal do anticiclone dos Açores. Acabam por
encontrar refúgio, numa pequena aldeia de pescadores portugueses,
que precisava de um pastor que lhes guardasse as cabras enquanto
estavam na faina (estes pescadores idolatravam especialmente uma
requintada iguaria feita à base de pescada, chicharro e queijo de
cabra fresco – o queijo, não a cabra), acabando, assim por dar
guarida e emprego ao “Avô”, que recebeu alegremente a notícia no
dia em que comemorou o seu 200º aniversário.
Heidi, então uma moçoila com pouco menos de 30 anos, e desde
sempre habituada a viver feliz e livre nas montanhas, arranjou
emprego em Lisboa, como dactilógrafa num jornal diário, para onde
ia e vinha todos os dias da pequena aldeia piscatória. Sempre que
podia, no entanto, subia até um monte bem alto, de onde pudesse
abarcar até ao infinito, devorando toda a paisagem em volta com o
olhar. Depois, fechava os olhos por uns segundos, inspirava o ar
com força, sorvendo o cheiro às mais variadas plantas, à terra e às
nuvens que sobre ela passavam e pensava nos seus altos e
cristalinos Alpes, onde tinha sido tão feliz durante a sua
infância.
Um dia, na sua viagem matinal para Lisboa, de comboio, pareceu-lhe
ver alguém conhecido. O cocuruto daquela cabeça não lhe parecia
estranho. Seria o Pedro? Depois de tantos anos? Seria ele?
Levantou-se e, agarrando-se aos bancos por onde passava para não
cair, assomou-se daquela cabeça que lhe parecia familiar e…
Bem-vindos a um ‘cadáver esquisito’! Um ‘cadáver esquisito’ é um
‘género literário’ (quer dizer, com um bocadinho de presunção…) em
que cada pessoa acrescenta uma parte da narrativa à do escritor
anterior, construindo assim uma história sem um sentido orientado,
mas sim uma autêntica manta de retalhos em que cada um escreve uma
parte da história.
Dentro desta cache, vão encontrar, além do logbook, stashnote,
lapiseira e prendas habituais, um livro. O início desse livro, vai
ser o que encontraram nesta página. A continuação vai depender do
que vocês escreverem…
Ah! E o livro é para ficar por lá, para que o próximo geocacher
possa continuar a história. . |