Vila Real de Santo António foi fundada em 1774, por vontade expressa do Marquês de Pombal, perto da foz do Guadiana. A cidade constitui um testemunho histórico importante devido ao facto de ter sido construída de raíz em apenas dois anos, segundo o padrão iluminista do século XVIII, caracterizado pela planimetria, altimetria e volumetria.
A vila começou a ser construída em 1774 com base num processo de pré-fabrico e estandardização, técnicas que a Casa do Risco das Obras Públicas empregava desde a reconstrução de Lisboa, ficando em Agosto do mesmo ano concluída toda a parte destinada à Sociedade das Pescarias.
Foi rápida a sua construção, pois assim o exigiam as contingências da política face a Espanha e a vontade férrea do Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I (1714-1777). Iniciada a marcação do plano da cidade em 2 de Março de 1774, em 6 de Agosto estavam já concluídas as Casas da Câmara e da Alfândega, os quartéis e iniciava-se a Igreja.
O final do séc. XIX e as décadas seguintes foram de prosperidade para Vila Real de Santo António. A presença de sardinhas e de atum nas águas do litoral algarvio transformaram a vila num importante centro conserveiro, enquanto o seu porto era demandado pelos barcos que subiam o Guadiana para carregar o minério extraído nas minas de São Domingos. A comprovar o seu dinamismo e riqueza refira-se que foi a primeira localidade do Algarve a ter iluminação a gás (1886).
A história do concelho não começa, porém, com a fundação de Vila Real de Santo António. Esta área do litoral foi habitada desde tempos recuados, como comprovam a anta e “tholos” em Nora, perto de Cacela. Os romanos, e mais tarde os árabes, fizeram de Cacela povoação importante. Tomado o seu castelo, em 1240, por D. Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Sant'Iago, Cacela foi o ponto de partida para a reconquista de todo o Algarve.
No Século XVII, os tempos eram outros e os desafios também. A edificação da vila neste importante ponto fronteiriço visava controlar o comércio e desenvolver as pescas, estimulando assim o aparecimento de uma indústria conserveira que se iria manter quase até os nossos dias.
O rigor arquitectónico do Marquês de Pombal está ainda hoje integralmente presente e integrado no eixo urbano. A Praça Marquês de Pombal em conjunto com as históricas ruas pombalinas tece a principal área comercial da cidade. Na Praça encontramos um obelisco central, quatro torreões delimitando os vértices e o edifício da Câmara Municipal e Igreja Matriz.
Junto ao rio, o edifício da Alfândega, primeiro a ser concluído, a par com os antigos edifícios da Sociedades das Pescarias, divide a cidade em duas metades simétricas, sendo o conjunto rematado por dois torreões que serviam de vigia à vila.
Para além da sede do concelho, Vila Real de Santo António inclui ainda o aglomerado urbano de Hortas, estendendo-se ao longo do troço da Ex-Estrada Nacional 125 que liga Vila Real à vila de Monte Gordo e as freguesias de Monte Gordo, uma importante estância balnear, e Vila Nova de Cacela. Esse aglomerado está, em termos administrativos, "dividido" entre as freguesias de Vila Real de Santo António e Monte Gordo. Esta última inclui ainda o aglomerado urbano da Aldeia Nova, no troço da Estrada Nacional 125 que liga Monte Gordo à freguesia de Altura, no concelho de Castro Marim.
Uma curiosidade interessante na geografia do concelho de Vila Real de Santo António é justamente o facto da freguesia de Vila Nova de Cacela surgir "separada" das outras duas freguesias do concelho pela freguesia de Altura, que constitui a "saída para o litoral" do concelho de Castro Marim, cuja sede se situa já no barrocal algarvio, a cerca de três quilómetros de Vila Real de Santo António.
|
The History of the Municipality of Vila Real de Santo António Vila Real de Santo António's origins can be traced back to a specific date - December 30, 1773 - the day on which the royal charter founding the town was signed.
The town was built quickly - the contingencies of policy towards Spain and the iron will of the Marquis of Pombal, prime minister of King José I (1714-1777) meant that it had to be. The task of marking out the street plan was started on March 2, 1774, and by August 6 the Town Hall, the Customs House and the barracks had already been completed, and the church was in its early stages.
The end of the 19th century and the decades that followed were a time of prosperity for Vila Real de Santo António. The presence of sardines and tuna in the waters off the Algarve coast turned the town into a major canning centre, while its port was much frequented by the ships that sailed up the Guadiana to load the ore drug from the mines at São Domingos. One indication of the dynamism and wealth of the town at this stage is that it was the first place in the Algarve to have gas lighting (1886).
The municipality's history does not however begin with the foundation of Vila Real de Santo António. This part of the coast has been inhabited since ancient times, as can be seen from the dolmen and tholos (a bee-hive shaped tomb) in Nora, near Cacela. Under the Romans and later the Moors, Cacela became an important town. After its castle was captured by Paio Peres Correia, master of the Order of Sant'Iago (St. James), in 1240, Cacela was the jumping-off point for the reconquest of the whole of the Algarve.
Today, Vila Real de Santo António and its municipality have in the tourist trade that has grown up around its magnificent beaches, fishing, agriculture and commerce mainstays of an economy that is expanding and diversifying. |