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Estrela Geopark
A Serra da Estrela é um território com um notável património que, pela sua relevância, singularidade e significado, constitui um legado comum que importa salvaguardar e valorizar. A sua história geológica estende-se por milhões de anos, desde os primórdios em que o território se encontrava no fundo de um antigo oceano, passando por gigantescas cordilheiras montanhosas, semelhantes aos Himalaias. Para nos contar esta história destacam-se os geossítios, locais de interesse geológico, que correspondem a diferentes páginas do grande livro da evolução da Terra.
Os geossítios de interesse petrológico correspondem a locais com relevância estratigráfica, mineralógica e tectónica. Incorporam esta tipologia uma grande variedade de rochas, formadas em momentos distintos da história geológica do território do Estrela Geopark. Destacam-se rochas metamórficas, formadas pela transformação de rochas pré-existentes quando submetidas a elevadas pressões e temperaturas, bem como rochas magmáticas como granitos, com génese em solidificação de magmas em profundidades, além de filões formados pela ascenção de fluídos a altas temperaturas ao longo de fraturas. Os geossítios de interesse petrológico permitem estabelecer uma relação entre o valor do substrato geológico e o desenvolvimento da paisagem atual.
Tendo por base as características das rochas e dos minerais, nos geossítios petrológicos (petros significa rocha em grego) enquadra-se o filão de quartzo onde assenta o Castelo de Folgosinho (Gouveia), rochas de aspeto esbranquiçado que sobressaem na paisagem e que outrora foram alvo de exploração mineira.
Castelo de Folgosinho
O “Castelo de Folgosinho”, de puro quartzo branco-rosado, domina o vale do Mondego. Edificado nos anos 40, alteia uma das maiores estruturas quartzíticas do País, que privilegia uma das mais belas vistas sobre a “vila” de Folgosinho e o vale, rasgado por uma ribeira de água límpida.
O filão de quartzo de Folgsinho,com uma espessura de quase 10 metros, foi o local escolhido para a edificação do Castelo de Folgosinho. Sobrelevado da paisagem envolvente, o filao enconta-se fortemente mineralizado em estanho e volfrâmio, razão pela qual foi objeto de exploração mineira nas décadas de 40 e 50 do século passado, tendo sido então dele extraídas cerca de 25 toneladas de volframite e 8 de cassiterite. Para além destes, o filão evidencia uma importante mineralização em fosfatos, ainda hoje evidente na cor esverdeada das escombreiras, também resultante da presença de sulfuretos.
Quartzo
O quartzo é o sétimo termo da escala de Mohs (dureza 7) e tem fortes propriedades piroelétricas. É frequentemente corado por diversas impurezas, o que lhe confere uma grande variedade de cores. As formas de quartzo são designadas em função de algumas das suas propriedades físicas, por exemplo: quartzo hialino ou cristal de rocha, que é incolor e ocorre geralmente em cristais independentes; quartzo ametista corado de cor púrpura ou violeta, resultante da existência de uma impureza de ferro (Fe3+); quartzo róseo, cristalino de cor avermelhada ou rosa; quartzo leitoso, de cor branco leitoso, devido a inclusões fluídicas em pequena quantidade.
O quartzo aparece como constituinte importante de rochas ácidas, granitos e riólitos. É extraordinariamente resistente a alterações mecânicas ou químicas. Também se encontra em rochas metamórficas como a gneisse e o micaxisto, e é, quase exclusivamente, o mineral dos quartzitos siliciosos. Nas rochas, o quartzo aparece associado principalmente com o feldspato e mica, e nos filões aparece associado aos mais diversos minerais.
Interesse económico do Quartzo
A qualidade do Quartzo depende naturalmente da percentagem de impurezas que se possa associar (ferro, alumínio, cálcio, sódio, potássio). Uma das mais evidentes é provocada pelos óxidos de ferro que conferem ao quartzo uma coloração acastanhada.
A intensidade de fracturação do corpo pegmatítico afecta naturalmente o interesse económico dos jazigos, dado que facilita a disseminação dos óxidos de ferro.
A aluminia é outro fator importante de contaminação, sendo introduzida principalmente a partir dos feldspatos e micas.
Os filões brechóides fornecem, em geral, quartzo de má qualidade. Têm então aplicação na metalúrgica e noutros fins menos nobres, e existem reservas avultadas, embora nem todos os filões possuam quartzo com qualidade satisfatória.
Os filões não brechóides são de melhor qualidade. A contaminação, que por vezes existe, em sulfuretos, pode penalizá-los seriamente, embora tenham a vantagem de estarem geralmente desprovidos de aluminia. No entanto,as suas reservas são usualmente diminutas, constituindo excepções os jazigos de Santa Luzia e Folgosinho.
Devido às suas propriedades físicas, o quartzo tem aplicabilidade diversa: constitui matéria prima para construção civil, vidro, indústria cerâmica, circuitos eletrónicos, indústria química ou fibra ótica, entre muitas outras.
Fonte: Boletim de Minas (Direcção Geral de Geologia e Minas); www.geoparkestrela.pt
Créditos fotográficos: Filipe Patrocinio Estrela Geopark; Flora Cardoso
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Estrela Geopark
Serra da Estrela is a territory with a remarkable heritage which, due to its relevance, uniqueness and meaning, constitutes a common legacy that must be safeguarded and value. Its geological history spans millions of years, from the beginnings when the territory was at the bottom of an ancient ocean, passing through gigantic mountain ranges, similar to the Himalayas. To tell us this story, geosites, places of geological interest, which correspond to different pages of the great book of Earth's evolution.
Geosites of petrological interest correspond to locations with stratigraphic, mineralogical and tectonic relevance. This typology incorporates a wide variety of rocks, formed at different times in the geological history of the territory of the Estrela Geopark.
Metamorphic rocks, formed by the transformation of rocks, stand out pre-existing when subjected to high pressures and temperatures, as well as magmatic rocks such as granites, with genesis in solidification of magmas at depths, in addition to lodes formed by the rise of fluids at high temperatures along fractures.
The geosites of petrological interest allow establishing a relationship between the value of the geological substrate and the development of the current landscape.
Based on the characteristics of rocks and minerals, in petrological geosites (petros means rock in Greek) there is a quartz vein where it sits the Castle of Folgosinho (Gouveia), whitish-looking rocks that stand out in the landscape and were once the target of mining.
Folgosinho Castle
The “Castelo de Folgosinho”, made of pure white-pink quartz, dominates the Mondego valley. Built in the 40s, it raises one of the largest quartz structures in the country, which privileges one of the most beautiful views over the “village” of Folgosinho and the valley, torn by a stream of clear water.
The quartz vein of Folgsinho, with a thickness of almost 10 meters, was chosen for the construction of the Castle of Folgosinho. landscape elevation surrounding, the vein is heavily mineralized in tin and tungsten, which is why it was the object of mining in the 40s and 50s of the century past, having been extracted from it about 25 tons of wolframite and 8 of cassiterite.
In addition to these, the lode evidences an important mineralization in phosphates, still evident today in the greenish color of the heaps, also resulting from the presence of sulphides.
Quartz
Quartz is the seventh term on the Mohs scale (hardness 7) and has strong pyroelectric properties. It is often colored by various impurities, which gives it a wide variety of colors. Quartz forms are named on the basis of some of their physical properties, for example: hyaline quartz or rock crystal, which is colorless and usually occurs in independent crystals; purple or violet colored amethyst quartz, resulting from the existence of an iron impurity (Fe3+); rose, crystalline, reddish or pink quartz; milky quartz, milky white in color, due to fluid inclusions in small amounts.
Quartz appears as an important constituent of acidic rocks, granites and rhyolites. It is extraordinarily resistant to mechanical or chemical changes. Also if found in metamorphic rocks such as gneiss and mica schist, and is almost exclusively the mineral of siliceous quartzites.
In rocks, quartz appears associated mainly with feldspar and mica, and in lodes it appears associated with the most diverse minerals.
Quartz economic interest
The quality of quartz naturally depends on the percentage of impurities that can be associated with it (iron, alumina, calcium, sodium, potassium). One of the most obvious is caused by iron oxides that give the quartz a brownish color. The fracture intensity of the pegmatitic body affects the economic interest of the deposits, as it facilitates the dissemination of iron oxides.
Alumina is another important contamination factor, being introduced mainly from feldspars and micas.
The hydrothermal quartz veins constitute an important source of quartz production: Brechoid veins generally supply poor quality quartz with significant concentration of iron oxides. However, in some structures of this type, the quality of quartz is superior, thus having applicability in metallurgy and in other less noble ends. The reserves of these deposits are large, although not all lodes have quartz with satisfactory quality.
Non-brechoid lodes are of better quality. The contamination that sometimes exists in sulphides can seriously penalize them, although they have the advantage of being devoid of aluminium.
However, reserves are usually small, with exceptions being the deposits of Santa Luzia and Folgosinho.
Due to its physical properties, quartz has applicability in numerous areas: raw material for civil construction; glass manufacturing, electronic circuits, ceramic industry, chemical industry, watchmaking, fiber optics, among many others.
Source: Boletim de Minas (General Directorate of Geology and Mines); www.geoparkestrela.pt
Photo credits: Filipe Patrocinio; Flora Cardoso
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