O Cais do Fragal - os antigos moinhos da barca, como é conhecido entre as gentes da terra "por ser o ponto onde antigamente a barca que transportava os automóveis" atravessava o Guadiana é apenas de vultos que se faz a paisagem.
O dia continua a desaparecer entre os horizontes de montes e planícies e braços de água indisciplinados, mas quando chegamos à beira do Guadiana eis o explendor das suas águas.
A barca de passagem do cais do Fragal, nas imediações de Moura, que ligava esta localidade à margem de Portel e Vidigueira, constituía até há cerca de trinta anos um importante serviço público, cuja exploração era arrematada, em hasta pública, pela Câmara Municipal.
Transportava de tudo um pouco: "pessoas", "carga" e "cavalgaduras", como referem os textos antigos. De qualquer modo, estas embarcações, que constituíam presença habitual onde o rio se interpunha entre as principais vias terrestres da altura, nunca deixaram de conviver com os característicos barcos de pesca que a bordo transportavam sistemas móveis de pesca artesanal, como os tresmalhos, as nassas, as tarrafas e os galritos.
Mais recentemente, no contexto das transformações tecnológicas, económicas, sociais e ambientais ocorridas durante as décadas de 60 e 70, a construção e abertura ao tráfego de novas vias e sobretudo de novas pontes unindo a margem esquerda do Guadiana ao resto do Alentejo haveria de vibrar o golpe de misericórdia no já longo processo de decadência das formas de transporte tradicionais do grande Rio do Sul. Já antes, a concorrência do caminho-de-ferro tinha provocado algumas mudanças, mas não tão definitivas.
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