Aprendiz de Mushishi – Relato da Jornada de Aprendizagem (2/3)
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Relatos de aldeões sobre umas ruínas abandonadas na encosta do vale, que afirmam estar assombradas, conduzem-nos para lá. Enquanto caminhamos, seguindo o trilho por entre os pinheiros, e o silêncio se vai instalando, recordo que já anteriormente por aqui andei em demanda de um “Ent Maligno” que se alojava nas ruínas para onde nos dirigimos. Haverá alguma relação com a atual atividade mushi? Talvez mestre Ginko possa dar resposta… só não sei se ainda conseguirei ouvi-lo!
Do “Ent Maligno” apenas restam boas memórias… agora o seu lugar é ocupado pelo mais traiçoeiro dos mushi que até agora encontrámos! Começamos por atacá-lo na sua fraqueza, mas este resistiu e ripostou. Demorámos algum tempo, e necessitámos de uma preciosa orientação de mestre Ginko, até, finalmente, conseguirmos expulsar este malvado mushi.
Exaustos, mas determinados e confiantes com os progressos conseguidos, resolvemos continuar a aprofundar a nossa aprendizagem, explorando o Vale Cornaga. Enquanto descíamos do Reguengo Grande em direção à zona suspeita de atividade mushi, passámos próximo de uma outra ruína onde em tempos, numa extraordinária e memorável jornada em busca de uma “Caixa Amaldiçoada”, encontrámos uma cruz que nos conduziu ao desejado tesouro. Talvez os poderes desta cruz abençoada tenham impedido os mushi de aqui se instalarem… concorda mestre Gingo?
Chegados a uma queda-de-água, abeira-se de nós um pastor, do qual ouvimos a triste história do seu irmão… Este local tem, no entanto, outras histórias bem mais felizes para contar! Numa dessas histórias, consigo ver o mesmo aprendiz, curioso e animado, a subir o vale, com paragem neste local (mestre Ginko, não havia aqui uma árvore?...), em busca da Moradia nº 10, cujo inquilino era um ilustre Pisco. Esse aprendiz ficou tão agradado com a aventura que, alguns dias depois, voltou a repeti-la, desta vez em família. Mestre Ginko, se por porventura tiver notícia do proprietário dessa Moradia, agradeça-lhe por favor, em meu nome, os felizes momentos proporcionados!
Regresso à aprendizagem. Após abundante investigação, conseguimos descobrir o mushi que causava os problemas por aqui. Não foi fácil… mestre Ginko testou bem a nossa determinação e perseverança, antes de nos considerar aptos para o capítulo seguinte!
De volta ao Reguengo Grande, já na povoação, ainda descobrimos uma nova espécie de mushi que mestre Ginko imediatamente se prontificou a catalogar! Entusiasmados com tamanhos progressos, estávamos determinados em prosseguir a nossa aprendizagem, mas mestre Ginko, sábia e sensatamente, dissuadiu-nos de tal desígnio.
A vontade de chegarmos a mestre Mushishi era imensa e na manhã seguinte, cedo, retomámos a nossa jornada de aprendizagem. Esta jornada levou-nos ao leito de um riacho seco que se estende ao longo de um vale com conhas de bivalves, gastrópodes e outros seres fossilizados. O vale, segundo relatos dos aldeões, está assombrado, amaldiçoado. A nossa investigação rapidamente deu resposta aos estranhos acontecimentos: um magnífico, mas terrível mushi escondido no interior de uma concha! No entanto, mestre Gingo não ficou impressionado com o nosso desempenho e, mais uma vez, testou exaustivamente os nossos conhecimentos antes de nos conceder permissão para o capítulo seguinte.
Dinossauros também aqui os houve. Recordo uma magnífica jornada, bem molhada, em que um divertido grupo de inexperientes alunos, candidatos a paleontólogos amadores, seguiu as pisadas do magnífico paleontólogo, ávido explorador e viajante, prof. Raimundo Pimentel, em busca de vestígios e espécimes de fósseis de dinossauros. Memorável! Não voltei a ter notícia de tão ilustre académico… reformou-se com certeza!
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