Miradouro enquadrado pelas montanhas, donde se
pode apreciar a paisagem de Vale do Vez.
Senharei é uma freguesia
portuguesa do
concelho de Arcos de
Valdevez, com 9,24 km² de área e 347 habitantes (2001).
Densidade: 37,6 hab/km².
Arcos de Valdevez
Situava-se durante a Idade Média no eixo viário mais importante
entre o Norte de Portugal e o Sul da Galiza. Prova-o o conjunto de
pontes medievais sem paralelo em todo o país. Valdevez era já uma
região mencionada no testamento de Mumadona, redigido em 959. Aqui
teve lugar uma das batalhas entre portugueses e leoneses que
conquistaram a independência nacional. Arcos de Valdevez recebeu
foral a 2 de Julho de 1515 por Dom Manuel I. Em 1620 Filipe II
elevou-a a condado a favor de Dom Lourenço de Brito e Lima. No ano
de 1662 foi incendiada pelo general Rojas Pantoja, durante a Guerra
da Restauração. Composto por 51 freguesias, Arcos orgulha-se do seu
pelourinho manuelino e de muitos monumentos religiosos. Para além
da feira anual que se realiza a 11 de Julho são muito concorridas
as suas romarias, como a Senhora da Lapa e de Santa Maria do
Castelo durante o mês de Agosto. O concelho fica integrado em pleno
Parque Natural da Peneda-Gerês, apresentando paisagens e aldeias
típicas bem representativas da região minhota
O concelho de Arcos de Valdevez é
um dos maiores do país, ocupando uma área de 450 quilómetros
quadrados, integra-se na sua quase totalidade, no complexo
montanhoso Peneda-Gerês. O seu limite sul é traçado pelo rio Lima,
na sua secção superior. É constituído por três unidades
morfológicas fundamentais: depressão fluvial do rio Vez e secção do
rio Lima, onde o primeiro conflui; área montanhosa integrada nas
serras da Peneda e do Gerês; área acidentada, a oeste, que não
atinge cotas tão elevadas como a segunda unidade, que se estende
para leste.
O vale do Vez, atravessando o território municipal de norte a sul e
deixando para leste e oeste zonas montanhosas, constitui uma
unidade peculiar, já que nele se concentra a maior parte da
população e da actividade do concelho e coincide com o principal
eixo de circulação (a EN 101 que liga Braga a Monção).
O clima da área é fundamentalmente determinado pela altitude e pela
influência atlântica, resultando daí um ritmo pouco contrastado de
temperaturas moderadas e abundantes chuvas.
Desde meados do século passado até 1930 que o crescimento
populacional foi gradual mas pouco significativo. As três décadas
seguintes foram já de significativo aumento demográfico, mas o
fenómeno da emigração levou novamente a um esvaziamento do
concelho. Nos censos de 1991, Arcos de Valdevez acolhia 27 mil
habitantes e o facto de os números indicarem uma maior percentagem
de mulheres (15 mil contra 12 mil de homens) indicia que as
sequelas da emigração ainda se fazem sentir com acuidade.
Relativamente ao concelho, a população concentra-se nos vales
dos
rios Lima e Vez, em contraponto às
zonas montanhosas do Soajo e Peneda.
A actividade do sector primário é, de longe, a mais relevante do
concelho. Cerca de três quartos da população activa trabalha na
agricultura. Contudo, apenas uma pequena parte do concelho é
constituída por solos de efectiva aptidão agrícola e apenas um
quarto da área concelhia está ocupada com explorações agrícolas.
Tal implica que muitas das muitas explorações se localizem em áreas
cuja capacidade de uso agrícola é muito baixa, sofrendo de severas
limitações.
Trata-se sobretudo de uma agricultura de subsistência e com
sistemas de produção arcaicos: trabalho manual familiar, estrumes
produzidos na própria exploração, técnicas de cultivo e amanho da
terra rudimentares. A baixa produtividade do trabalho e, nalguns
casos, da terra, obrigam muitos dos que a trabalham a exercer
outras actividades.
O minifúndio é a estrutura agrária característica do concelho, o
que não possibilita o emprego de técnicas modernas, e leva a um
baixo grau de mecanização.
O sector secundário tem vindo a ganhar alguma expressão absoluta
mas continua com índices relativos que atestam o seu pequeno
desenvolvimento no contexto da actividade concelhia.
Em termos de recursos naturais, a floresta ocupa pouco menos de um
terço da área concelhia. Treze mil hectares do Parque Nacional da
Peneda-Gerês situam-se dentro dos limites do concelho.
Quanto a recursos minerais, existem no concelho, inventariadas,
apenas duas minas: uma unidade de quartzo e feldspato na freguesia
de Senharei e uma de Volfrâmio na freguesia do Soajo.
Tal como descreve Carlos Alberto
Ferreira de Almeida, de cuja obra “Alto Minho” passamos
a transcrever, desde os primeiros tempos da nossa nacionalidade que
é terra de muito pão e vinho, onde se criava, intensamente, também
gado bovino, cavalar e caprino. Os nossos primeiros reis e a Sé de
Tui tinham por aqui grandes interesses. Uma meia dúzia de antigos
mosteiros, instalados nesta área, confirma-nos a sua importância
económica. O primeiro povoamento medieval aparece,
sistematicamente, implantado pela meia encosta, como se evidencia
pela observação da multiplicidade e alinhamento das paróquias, numa
intenção de aproveitar, equilibradamente, não só os montes e os
planaltos dos pascigos como ainda as terras mais fundas dos
cultivos. No lado nascente, a ampla mancha dos montes do Soajo e de
outros que vão até Castro Laboreiro, com planaltos de boa aptidão
para a pastorícia e para alguns cultivos de Verão, favorecerá a
aparição do fenómeno das brandas e das inverneiras, o que não deixa
de ser um sintoma do fraco e periclitante povoamento da área. Esta
circunstância e o facto de ser uma mancha rica de caça, muito
estimada pelas montarias régias, e ainda o de ter alta importância
na defesa de uma longa linha de fronteira, desguarnecida de gente,
fará com que os nossos monarcas medievais lhe reconheçam regalias e
outorguem concessões que lhe possibilitaram uma personalidade ainda
hoje não apagada.
Patrimonialmente, o concelho dos Arcos tem valores e virtualidades
múltiplas, desde a riqueza etnográfica das populações mais
isoladas, onde se conservam sistemas culturais e económicos
relativamente diferenciados dos que nos são habituais, a um notável
conjunto de igrejas e de paços, símbolos de uma organização
eclesiástica e monasterial muito antiga e de uma densa nobreza
local. As diferenças entre o carácter montanhês e o de índole
ribeirinha e a dualidade do campo-vale e do monte, da inverneira e
da branda têm aqui objectivações e soluções do maior interesse
antropológico.
Na vila dos Arcos são de sublinhar
a igreja matriz, edifício arquitectonicamente singelo, levantado
entre 1690 a 1700,
em substituição de um templo
anterior; a Igreja do Espírito Santo; a Capela de Nossa Senhora da
Conceição, o edifício religioso mais antigo, remontando ao século
XIV ou primeiros anos do século XV, onde em Janeiro de 1410, numa
disposição do seu testamento, D. João Domingues, abade de Sabadim,
e fundador desta capela, determinou que nela queria vir a ser
enterrado; a Igreja da Misericórdia, cujas sucessivas alterações
sofridas lhe tiraram a unidade estilística, já que originariamente
o monumento apresentaria formas maneiristas, dado que a Confraria
da Misericórdia de Arcos de Valdevez se criou em 1595; a Igreja de
Nossa Senhora da Lapa, o mais valioso monumento de Arcos, com traça
datada de 1765; a Igreja de S. Bento, actualmente integrada no
cemitério municipal da vila e que pertenceu a um convento
franciscano de Frades Capuchinhos da Província de Santo António; o
pelourinho; a ponte e o cruzeiro; e as casas nobres, como as da
Andorinha, do requeijo, da Ponte, de Valverde, ou do
Terreiro.
Eixo viário da maior importância, na Idade Média, entre o Norte de
Portugal e o Centro da Galiza, não admira que nos apresente o mais
notável conjunto de pontes medievais de Portugal que o arcuense F.
Alves Pereira bem estudou.
Valdevez poder-se-á considerar até ao século XII como cabeça da
Ribeira-Lima, tal a sua importância estratégica. Era uma região
nevrálgica de apoio a uma linha desde Monção a Lindoso, a da
fronteira com a Galiza tantas vezes pressionada por León. Era a
rectaguarda dos castelos de Monção, de Melgaço e de Castro
Laboreiro. A refrega do Encontro de Valdevez, entre D. Afonso
Henriques e D. Afonso VII de León, acontecida aqui, perto da
Portela do Extremo, bem o elucida. O Julgado de Arcos de Valdevez
tem no primitivo castelo, românico, de Santa Cruz, situado em Vila
Fonche, sobre um enorme bloco granítico, sobranceiro à vila dos
Arcos, a sua primitiva cabeça. No século XIII, este ponto de defesa
foi ultrapassado pela estratégia dos castelos de fronteira. Não se
goticizou e, em 1258 estava já abandonado, conforme o testemunho
das Inquirições do tempo. Mas são ainda hoje visíveis os restos da
sua elementar cerca e os alicerces da sua torre de menagem,
colocada sobre um enorme bloco granítico.
O concelho rural, medieval, de
Valdevez não tinha, nesse tempo, qualquer pólo urbano. Cedo, os
seus responsáveis começaram a reunir-se e a centralizar os seus
serviços junto da ponte do rio Vez, isto é, nos Arcos. Também o de
Coura fazia as suas sessões perto da ponte de Mantelães. A antiga
ponte dos Arcos foi substituída por uma outra, mais ampla, em 1876.
Foi ela que deu o nome à povoação e também foi a causa do seu maior
desenvolvimento. É bem sabido que nos tempos românicos, os
topónimos Arco, Arcos ou Arcozelo são sinónimos de ponte. Por
gravuras existentes, sabemos que essa antiga construção tinha
quatro arcos, de volta redonda, apoiados em pegões fortes, sem
olhais, e com talhamares. Tudo lhe conferia uma feição românica. Em
1258, documenta-se já o topónimo Arcos, o que pressupõe a sua
existência. Dataria, provavelmente, da primeira metade do século
XIII ou, quando muito, dos finais do XII. A importância deste ponto
de passagem, aliada à incipiente vida concelhia e à grande feira
local que, em 1456, já se dizia “muy antygua e muy
boa”, originou um relativo desenvolvimento deste lugar,
pertencente à freguesia de S. Salvador dos Arcos. Segundo o censo
de 1527, esta era a única localidade, em todo o concelho, com
povoamento aglomerado.
O urbanismo da vila dos Arcos
mostra-nos bem a importância deste ponto viário, onde cruzavam
caminhos que vinham da Barca, do Soajo, de Monção, de Paredes de
Coura e da Ribeira Lima. Saindo da ponte, a antiga estrada para
Monção subia pelo meio da povoação, passava na Praça, seguindo
depois pela margem esquerda do Vez. Só modernamente se urbanizou a
mancha de campos e quintais da beira-rio, onde hoje se centraliza a
feira. Esta já se realizou no Terreiro e ainda no largo de S.
Bento, cujas reservas se lhe deve.
O concelho de Arcos engloba 51
freguesias: Aboim das Choças, Aguiã, Álvora, Arcos de Valdevez
(Salvador), Arcos de Valdevez (S. Paio), Ázere, Cabana Maior,
Cabreiro, Carralcova, Cendufe, Couto, Eiras, Ermelo, Extremo,
Gavieira, Giela, Gondoriz, Grade, Guilhadeses, Jolda (Madalena),
Jolda (S. Paio), Loureda, Mei, Miranda, Monte Redondo, Oliveira,
Paçô, Padreiro (Salvador), Padreiro (Santa Cristina), Padroso,
Parada, Portela, Prozelo, Rio Cabrão, Rio Frio, Rio de Moinhos, Sá,
Sabadim, Santar, S. Cosme e S. Damião, S. Jorge, Senharei, Sistelo,
Soajo, Souto, Tabaçô, Távora (Santa Maria), Távora (S. Vicente),
Vale, Vila Fonche, e Vilela.
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Apreciem a Paisagem!