Óbidos é uma das mais bonitas e bem conservadas vilas medievais portuguesas... Uma viagem pela linha do Oeste, entre Lisboa e Óbidos que permite, para além de apreciar as colinas e os vinhedos do Oeste, visitar uma vila medieval exemplarmente conservada e ver as bonitas paisagens da lagoa de Óbidos.
A Linha do Oeste, agora remodelada, assegura boas ligações entre Lisboa e Óbidos com uma duração de cerca de duas horas. Pelo caminho desfilam o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena (avistados para sul), as colinas onde os invasores franceses foram derrotados em 1810, Torres Vedras e as suas fortificações e, finalmente, Óbidos e as suas muralhas. É uma viagem interessante e que pode terminar à beira do Atlântico, no ponto onde a lagoa de Óbidos se lança no mar.
Acesso: Pela Linha do Oeste, seja em comboios Regionais ou InterRegionais entre Lisboa e Óbidos. A ter em conta: Logo à saída da estação de Óbidos pode fazer um divertido passeio a pé, através de um trilho que sobe até às muralhas. Óbidos é uma das mais bonitas e bem conservadas vilas medievais portuguesas amuralhadas, valorizada nestes últimos anos por um bem concebido programa de animação que inclui os festivais de piano e do chocolate. A viagem de comboio pela Linha do Oeste é uma óptima forma de visitar esta jóia do património português, sem preocupações de trânsito ou de estacionamento e com a vantagem suplementar de permitir gozar tranquilamente a sucessão de paisagens, desde os mármores de Pêro Pinheiro às colinas de Torres Vedras e aos vinhedos da Lourinhã. A partir do momento em que o comboio começa a divergir da Linha de Sintra, no Cacém, a paisagem começa a ganhar motivos de interesse. Em Meleças, para além das pedreiras de mármore de Pêro Pinheiro avistam-se, para sul, a serra de Sintra, a vila, património da humanidade, e o Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros, coroando as alturas. Após Mafra a paisagem torna-se um pouco menos montanhosa e começam a aparecer os primeiros vinhedos, situação que se manterá até Torres Vedras.
Tanto a estação de Mafra, como a do Bombarral, mais para diante, têm bonitas decorações a azulejo. A seguir a Runa e Dois Portos a linha faz um desvio à procura de terreno menos montanhoso a caminho das antigas termas dos Cucos e de Torres Vedras. Pelo caminho passa perto da alta serra do Socorro, coroada por uma ermida branca e que foi centro de comunicações (mastros ópticos) em 1810, durante a III Invasão Francesa, quando a dupla linha de fortificações que ficou conhecida como Linhas de Torres deteve o ímpeto das até então invencíveis tropas napoleónicas.
De Torres Vedras para norte entra-se no reino da pêra rocha e dos pomares, com o terreno a tornar-se bastante mais plano até ao Bombarral, zona, também, de grandes e extensos vinhedos. A aproximação a Óbidos faz-se atravessando o fértil vale onde, em Agosto de 1808, se travou a batalha da Roliça, uma das que decidiu (juntamente com a do Vimeiro) o fim da I Invasão Francesa. As muralhas avistam-se ao longe e o comboio, como que colabora com o viajante, descrevendo algumas curvas que melhor permitem apreciar a vista. A estação é simpática, com bela decoração a azulejo, evocando, quer as paisagens locais, quer a conquista deste castelo por D. Afonso Henriques, Do cais pode atalhar a pé por trilho pedestre devidamente assinalado que conduz às muralhas (Porta do Cerco), bem visíveis lá no alto. Vale a pena percorrer demoradamente esta vila medieval fortificada, apreciando portais góticos, recantos das muralhas ou a igreja matriz, sem esquecer o acervo de pintura de Josefa de Óbidos. Daqui pode partir, na direcção do mar, de forma a visitar a lagoa de Óbidos. Esta, como o comprovam desenhos e descrições da Idade Média, era bastante mais extensa, banhando, então, a base das muralhas. A lagoa é uma zona de grande valor natural, cuja extensão poderá, por exemplo, apreciar subindo à rocha e marco geodésico do Gronho (margem esquerda, do lado do Bom Sucesso) ou tomando lugar numa esplanada com vista para o areal.