O Moleiro
Moleiro (do latim molinarìus) é uma antiga profissão
ligada à moedura de cereais, especialmente à
do trigo para a fabricação de farinha. O termo
moleiro denominava tanto trabalhadores braçais de
um moinho, como o proprietário de uma moenda.
A profissão de moleiro é uma das mais antigas ocupações humanas e
surgiu de forma independente em várias partes do mundo, tendo
sido essencial para o desenvolvimento da agricultura, embora
tenha sido anterior ao seu surgimento, remontando a épocas
dos caçadores-coletores.
Na língua portuguesa, a profissão do moleiro não deu origem a
um apelido de família, diferentemente do ocorrido com outros
ofícios tradicionais, como ferreiro ("Ferreira"). Já em
outras línguas, sobrenomes derivados do ofício de moleiro estão
entre os mais populares, como "Miller" em inglês, "Müller"
em alemão e "Molinari" em italiano.
Extinta no nosso concelho, já há alguns anos, a profissão de
moleiro está intimamente ligada à confecção do pão, que não seria
possível sem este preliminar trabalho - transformação do cereal em
farinha.
O moinho, ou a azenha, edifício de tecto abobadado, construído com
robustas paredes preparadas para suportar as fortes correntes ou as
piores cheias, deixou de ter a sua função como actividade
artesanal, para dar lugar, no início deste século, ao aparecimento
das grandes moagens industriais.
Este facto levou ao consequente desaparecimento da profissão de
moleiro e por arrastamento ao fecho dos moinhos / azenhas. Os
poucos exemplares que ainda restam, situados nos lugares mais
pitorescos aos rios e dos açudes, com o intuito do aproveitamento
da corrente a fim de fazer mover as pesadas mós de granito, ou se
encontram abandonados, em decadência ou já mesmo arruinados.
O moleiro, na sua profissão sem horário, iniciava a feitura da
farinha da seguinte forma: Os grãos de trigo que eram transportados
em sacos, às costas de burros, festas ou em carros de parelha, eram
mudados para espartões, no intuito de serem observados para ver se
necessitavam ou não de lavagem. No caso. dela ser necessária,
maioria das vezes, o trigo após esta operação necessitava estar a
enxugar duas a três horas. Joeirado ( ), para lhe ser retirado a
terra, era em seguida posto numa bandeja para que prováveis
bocadinhos de pedra, fossem separados dos grãos já limpos.
O forte" correntão" que ocasionava, na tentativa de se
escapar através da abertura de escoamento transmitia a força motriz
ao rodete. Este por acção da "pela" , do veio e da segurelha, fazia
mover a pesada mó andadeira, ou mó de cima.
Colocados os grãos de trigo dentro da moega, caindo em sistema gota
a gota, entre as duas mós, vão sendo esmagados no intervalo destas
o que ocasionava que da trituração, se fossem formando montículos
de farinha já pronta para ser ensacada. O pagamento deste trabalho
era efectuado em género, neste caso concreto, a farinha - a chamada
maquia.
Por cada 50 Kg de trigo moído, ele retirava para si 2,5 Kg através
de uma medida de madeira, o "salamim". Em média o moleiro moia por
hora 70 Kg de trigo e era considerado um moinho extraordinário
aquele que moesse 100 Kg.
Como o contínuo acto de moagem leva ao polimento das pedras e, por
conseguinte, a uma diminuição acentuada da produção, o moleiro
tinha que proceder à desmontagem da mó superior, virar a face
trituradora para cima e efectuar uma operação denominada
"picadura". Com a ajuda de um martelo de cabeça aguçada ele picava
então a mó, deixando-a áspera e pronta a moer mais cereal.
O moleiro, pescador por necessidade, efectuava as suas
pescarias em armadilhas, conhecidas por caneiros, com que deliciava
em dias e noites de azáfama, os fregueses que aos seus préstimos
recorriam. Uma caldeirada bem regada, acompanhada com vinho, uns
cantos à moda da terra, ou o toque de uma gaita de beiços,
retemperava as forças para mais um dia de labor.
No seu posto de trabalho, em pleno contacto com a "Mãe Natureza",
muitas histórias devem ter ficado por contar – no aproveitamento
dos tempos de ócio - em que o silêncio das mós paradas, apelava a
um convite mais íntimo de um namorico ou o roubar de um beijo mais
fortuito.
Moinhos de Água
O registo mais antigo que se conhece e que alude ao
moinho de água de roda horizontal, encontra-se num epigrama de
Antipratos de Salónica, o qual se presume date de 85 a.C.. Contudo,
existem outros registos, nomeadamente arqueológicos, os quais
apontam para a existência deste sistema na Dinamarca no século I
a.C., e mencionado num poema na China do ano 31 da nossa era. Já
relativamente ao moinho de água de roda vertical, é pela primeira
vez mencionado por Vitrúvio numa obra datada de 25
a.C..
A roda horizontal à qual se chama
rodízio, é composta por um conjunto de palas dispostas radialmente,
as quais recebem a impulsão do jacto de água que nelas bate. A
difusão deste tipo de engenhos hidráulicos foi muito rápida por
toda a Europa, devido à profusão e características dos cursos de
água aí existentes. Na época medieval a sua posse era
essencialmente um privilégio dos senhores feudais, os quais
cobravam pesados impostos a quem os utilizasse. O aumento da
cultura dos cereais por parte de pequenas comunidades rurais, levou
à crescente expansão principalmente dos moinhos de roda horizontal
ou rodízio.
Em Portugal, a introdução dos
moinhos de água deve-se presumivelmente aos Romanos, sendo o moinho
de rodízio aquele que mais se difundiu, principalmente nas regiões
do norte do país. A sua utilização subsistiu até aos nossos dias e
segundo o autor Jorge Dias, existiriam em Portugal no ano de 1968,
cerca de 10.000 moinhos ainda em actividade, dos quais
aproximadamente 7.000 seriam de água e destes 5.000 seriam de
rodízio.
A
Cache :
O principal objectivo desta cache é
homenagear os Moleiros desta zona, profissão já extinta na nossa
freguesia. Existiam três moinhos de Roda em Coja, todos já sem
actividade, sendo um aproveitado para o turismo na praia fluvial do
caneiro.
Conteúdo original:
Notebook
Lápis
2 Porta chaves
Fita métrica
2 Dinossauros
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