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iniciais!!!
Eros e Psique
Psique era a mais nova de três filhas d'um rei
de Mileto e era extremamente bela. A Sua beleza era tanta que
pessoas de várias regiões iam admirá-la, assombrados, rendendo-lhe
homenagens que só eram devidas à própria Afrodite.
Profundamente ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho,
Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de toda
a terra. Porém, ao ver sua beleza, Eros apaixonou-se
profundamente.
O pai de Psique, suspeitando que, inadvertidamente, havia ofendido
os deuses, resolveu consultar o oráculo de Apolo, pois suas outras
filhas encontraram maridos e, no entanto, Psique permanecia
sozinha. Através desse oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que
enviasse sua filha ao topo de uma solitária montanha, onde seria
desposada por uma terrível serpente. A jovem aterrorizada foi
levada ao pé do monte e abandonada pelos seus pesarosos parentes e
amigos. Conformada com o seu destino, Psique foi tomada por um
profundo sono, sendo, então, conduzida pela brisa gentil de Zéfiro
a um lindo vale.
Quando acordou, caminhou por entre as flores, até chegar a um
castelo magnífico. Notou que lá deveria ser a morada de um Deus,
tal a perfeição que podia ver em cada um dos seus detalhes. Tomando
coragem, entrou no deslumbrante palácio, onde todos os seus desejos
foram satisfeitos por ajudantes invisíveis, dos quais só podia
ouvir a voz.
Chegada a escuridão, foi conduzida pelos criados a um quarto de
dormir. Certa de que ali encontraria finalmente o seu terrível
esposo, começou a tremer quando sentiu que alguém entrara no
quarto. No entanto, uma voz maravilhosa a acalmou. Logo em seguida,
sentiu mãos humanas acariciarem seu corpo. A esse amante
misterioso, ela se entregou. Quando acordou, já havia chegado o dia
e seu amante havia desaparecido. Porém essa mesma cena se repetiu
por diversas noites.
Enquanto isso, suas irmãs continuavam a sua procura, mas seu esposo
misterioso alertou-a para não responder aos seus chamados.
Psique sentindo-se solitária np seu castelo-prisão, implorava ao
seu amante para deixá-la ver suas irmãs. Finalmente, ele aceitou,
mas impôs a condição que, não importando o que suas irmãs
dissessem, ela nunca tentaria conhecer sua verdadeira
identidade.
Quando suas irmãs entraram no castelo e viram aquela abundância de
beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja. Notando que o esposo
de Psique nunca aparecia, perguntaram maliciosamente sobre sua
identidade. Embora advertida por seu esposo, Psique viu a dúvida e
a curiosidade tomarem conta de seu ser, aguçadas pelos comentários
de suas irmãs.
Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando fazer com que
ela olhasse seu rosto, mas se assim ela fizesse, ela nunca mais o
veria novamente. Além disso, ele contou-lhe que ela estava grávida
e se ela conseguisse manter o segredo ele seria divino, porém se
ela falhasse, ele seria mortal.
Ao receber novamente suas irmãs, Psique contou-lhes que estava
grávida, e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs
ficaram ainda mais enciumadas com sua situação, pois além de todas
aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo deus. Assim,
trataram de convencer a jovem a olhar a identidade do esposo, pois
se ele estava a esconder o seu rosto era porque havia algo de mal
com ele. Ele realmente deveria ser uma horrível serpente e não um
deus maravilhoso.
Assustada com o que suas irmãs disseram, escondeu uma faca e uma
lâmpada próximo a sua cama, decidida a conhecer a identidade de seu
marido, e se ele fosse realmente um monstro terrível, matá-lo. Ela
tinha-se esquecido dos avisos do seu amante, de não dar ouvidos a
suas irmãs.
A noite, quando Eros descansava ao seu lado, Psique tomou coragem e
aproximou a lâmpada do rosto de seu marido, esperando ver uma
horrivel criatura. Para sua surpresa, o que viu porém deixou-a
maravilhada. Um jovem de extrema beleza estava a repousar com
tamanha quietude e doçura que ela pensou em tirar a própria vida
por haver dele duvidado.
Enfeitiçada por sua beleza, demorou-se admirando o deus alado. Não
percebeu que havia inclinado de tal maneira a lâmpada que uma gota
de óleo quente caiu sobre o ombro direito de Eros,
acordando-o.
Eros olhou-a assustado, e voou pela janela do quarto,
dizendo:
- "Tola Psique! É assim que retribuis meu amor? Depois de haver
desobedecido as ordens de minha mãe e te tornado minha esposa, tu
me julgavas um monstro e estavas disposta a cortar minha cabeça?
Vai. Volta para junto de tuas irmãs, cujos conselhos pareces
preferir aos meus. Não lhe imponho outro castigo, além de deixar-te
para sempre. O amor não pode conviver com a suspeita."
Quando se recompôs, notou que o lindo castelo à sua volta
desaparecera, e que se encontrava muito próxima da casa dos seus
pais. Psique ficou inconsolável. Tentou suicidar-se atirando-se em
um rio próximo, mas as suas águas a trouxeram gentilmente para sua
margem. Foi então alertada por Pan para esquecer o que se passou e
procurar novamente ganhar o amor de Eros.
Por sua vez, quando suas irmãs souberam do acontecido, fingiram
pesar, mas partiram então para o topo da montanha, pensando em
conquistar o amor de Eros. Lá chegando, chamaram o vento Zéfiro,
para que as sustentasse no ar e as levasse até Eros. Mas, Zéfiro
desta vez não as ergueu no céu, e elas caíram no penhasco, e
morreram.
Psique, decidida a reconquistar a confiança de Eros, saiu a sua
procura por todos os lugares da terra, dia e noite, até que chegou
a um Templo no alto duma montanha. Com a esperança de lá encontrar
o amado, entrou no Templo e viu uma grande desarrumação de grãos de
trigo e cevada, ancinhos e foices espalhados por todo o recinto.
Convencida que não devia negligenciar o culto a nenhuma divindade,
pôs-se a arrumar aquela desordem, colocando cada coisa no seu
lugar. Deméter, para quem aquele templo era destinado, ficou
profundamente grata e disse-lhe:
- "Ó Psique, embora não possa livrá-la da ira de Afrodite, posso
ensiná-la a fazê-lo com as suas próprias forças: vá ao seu templo e
renda a ela as homenagens que ela, como Deusa, merece."
Afrodite, ao recebê-la no seu Templo, não esconde a sua raiva.
Afinal, por aquela reles mortal, o seu filho havia desobedecido às
suas ordens e agora ele se encontrava num leito, recuperando-se da
ferida por ela causada. Como condição para o seu perdão, a Deusa
impôs uma série de tarefas que deveria realizar, tarefas tão
difíceis que poderiam causar a sua morte.
Primeiro, deveria, antes do anoitecer, separar uma grande
quantidade de grãos misturados de trigo, aveia, cevada, feijões e
lentilhas. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém
uma formiga que estava próxima, ficou comovida com a tristeza da
jovem e convocou seu exército a isolar cada uma das qualidades de
grão.
Como 2ª tarefa, Afrodite ordenou que fosse até as margens de um rio
onde ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de
cada carneiro. Psique estava disposta a cruzar o rio quando ouviu
um junco dizer que não atravessasse as águas do rio até que os
carneiros se pusessem a descansar sob o sol quente, quando ela
poderia aproveitar e cortar sua lã. De outro modo, seria atacada e
morta pelos carneiros. Assim feito, Psique esperou até o sol ficar
bem alto no horizonte, atravessou o rio e levou a Afrodite uma
grande quantidade de lã dourada.
A sua 3ª tarefa seria subir ao topo de uma alta montanha e trazer
para Afrodite uma jarra cheia de água escura que jorrava do seu
cume. Dentre os perigos que Psique enfrentou, estava um dragão que
guardava a fonte. Ela foi ajudada nessa tarefa por uma grande
águia, que voou baixo, próximo da fonte e encheu a jarra com a
negra água.
Irada com o sucesso da jovem, Afrodite planeou uma última, porém
fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo inferior e pedir a
Perséfone, que lhe desse um pouco de sua própria beleza, que
deveria guardar em uma caixa. Desesperada, subiu ao topo de uma
elevada torre e quis atirar-se, para assim poder alcançar o mundo
subterrâneo. A torre porém murmurou instruções de como entrar numa
particular caverna para alcançar o reino de Hades. Ensinou-lhe
ainda como driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo
cão Cérbero e deu-lhe uma moeda para pagar a Caronte pela travessia
do rio Estige, advertindo-a:
- "Quando Perséfone lhe der a caixa com sua beleza, toma o cuidado,
maior que todas as outras coisas, de não olhar dentro da caixa,
pois a beleza dos deuses não cabe aos olhos mortais."
Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que estava
sentada imponente no seu trono e recebeu dela a caixa com o
precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade em seu retorno,
abriu a caixa para espiar. Ao invés de beleza havia apenas um sono
terrível que dela se apossou.
Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique e conseguiu
colocar o sono novamente na caixa, salvando-a.
Lembrou-lhe novamente que sua curiosidade havia novamente sido sua
grande falta, mas que agora podia apresentar-se à Afrodite e
cumprir a tarefa.
Enquanto isso, Eros foi ao encontro de Zeus e implorou a ele que
apaziguasse a ira de Afrodite e ratificasse o seu casamento com
Psique. Atendendo seu pedido, o grande Deus do Olimpo ordenou que
Hermes conduzisse a jovem à Assembléia dos Deuses e a ela foi
oferecida uma taça de ambrosia. Então com toda a cerimónia, Eros
casou-se com Psique, e no devido tempo nasceu o seu filho, chamado
Voluptas (Prazer).