Candal, freguesia
serrana do concelho de São Pedro do Sul, Distrito de Viseu, abrange
uma área aproximada de 1551 hectares. Esta povoação situa-se na
extremidade norte do concelho de São Pedro do Sul, circunscrita
pelo de Arouca, distrito de Aveiro.Esta freguesia é constituída por
três aldeias: Candal, Póvoa das Leiras e Coelheira, tendo como
freguesias limítrofes a de São Martinho das Moitas, Manhouce, Santa
cruz da Trapa e Carvalhais.
Devido à localização em encostas, tanto da aldeia de Candal, como
Póvoa das Leiras, poderemos observar extensas escadarias de leiras.
Candal, situado em plena serra da Arada ou Gralheira, dista vinte
quilómetros da sede de concelho.
As referencias documentais mais precisas a este território datam do
século Xl. O território encontrava-se povoado e organizado em
características unidades de exploração agrária
(“villas”) disseminadas pelas zonas de vale, a coberto
das eminências castro-castelejas. Sabe-se que no reinado de D.
Dinis o concelho de são Pedro do sul se agrupava sob o designativo
de lafões, aparecendo no arrolamento do imposto geral sobre os
tabeliães de todo o reino estabelecido em 1287-90, incluído no
Bispado de Viseu e com três tabeliães, entre Trancoso (com quatro,
que era o número máximo) e Viseu (com dois).Segundo a Enciclopédia
portuguesa e Brasileira, a origem do nome Candal está ligada a uma
palavra mais remota, candaal, que por sua vez vem de Candalal ou
Candanal, derivando esta última de Cando que significa sitio
pedregoso, declivoso. Na realidade esta definição vem de encontro à
morfologia do local que apresenta muitos penedos. Desde épocas
muito remotas, terá existido vestígios de população na região, como
o atestam os castros existentes nas imediações. Existem ainda
vários vestígios da Passagem dos Romanos por estas terras. No dia 3
de Abril de 1952 foi encontrado pelo Senhor Manuel Cristóvão de
Pinho um túmulo, no local de Lombo do Burgo. A arca tumular tinha
1.70 metros de lastro, pedras laterais e duas de cobertura. Uma das
pedras que continha a inscrição:
LVALCA MRAS VSAR COBRIC ENSISI! ICS. EST., é hoje pertença do museu
de Belém, em Lisboa. Outro vestígio da passagem dos Romanos foi a
descoberta duma seta de cobre, em 1943 na Vala Grande de Cabreiros,
que se julga ser de origem romana. Um documento da era de 1257
situa Candal na terra de Alafões. Em 1527 Candal fazia parte da
freguesia de carvalhais, tendo oito moradores no Candal, quatro na
Póvoa das Leiras e quatro na Coelheira. Por curiosidade, referimos
a existência no arquivo distrital de Viseu do mais antigo livro de
assentos de baptismos, datado de 1626. No livro de óbitos, datado
de 1698, podemos ler um apontamento feito pelo Cura Padre Marcos de
Abreu que atesta que já nessa época havia um clérigo natural do
Candal: “aos sete de Setembro de 1698 comecei a ementar pela
alma de Domingos de Carvalho, filho de Estêvão João, do Candal, por
se dizer que faleceu nas partes da Galiza, vindo de Roma para sua
casa, indo ele a buscar ordens sacras a Roma e mais outros
camaradas os quais chegaram a suas casas e o dito Domingos de
Carvalho ficou no caminho doente e mal tratado…”
Em 1896 Candal foi anexado à freguesia de Covelo de Paivó,
conseguindo posteriormente a sua autonomia.
Lenda
Uma das lendas que
povoam o imaginário da população é “a lenda da panela de
oiro” que advoga a vivência de mouros nesta freguesia. Esta
conta-nos que uma mulher foi apanhar estrume no Cudessal (entre
Candal e Póvoa) para os seus animais. Como estava calor, pôs-se à
sombra de uma pedra enorme. Casualmente começou a furar a pedra com
a sua foice e como que por actos mágicos surgiu-lhe uma tampa de
panela. Debaixo dessa panela escavada na pedra, contendo muito
oiro. A mulher recolheu todo o oiro e dirigiu-se para casa. Pelo
caminho escutou uma voz que lhe disse para não olha para trás. A
mulher não acatou com a recomendação e acabou por falecer ao chegar
a casa. A veracidade da lenda não pode ser confirmada, no entanto a
panela escavada na pedra existe mesmo.
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