O Estreito é uma freguesia portuguesa do concelho de Oleiros, com
68,73 km² de área e 876 habitantes (2007). Densidade: 14,1
hab/km².
Freguesia situada nas faldas da serra do Muradal, dista 13
quilómetros da sede do concelho. É a maior freguesia em extensão e
a que reúne maior número de povoações. É provável que o povoamento
do actual território da freguesia ascenda a tempos pré-romanos. As
condições naturais de defesa que o lugar do Estreito então
proporcionava eram manifestamente propícias à instalação de um
qualquer povo, talvez lusitano.
Eles encontraram aqui um castro natural, inacessível então por
todos os lados, excepto pelo lado poente, acesso este que seria
vigiado pelo Cabeço da Rainha, e com o qual comunicaria através do
cume das serras. Os Romanos devem ter aqui encontrado um problema
de difícil solução. Mas com maior ou menor dificuldade lá
conseguiram desalojar os aguerridos guerreiros. Sobre a presença
romana no chão desta freguesia não existe a mínima dúvida, como
atesta a descoberta feita em 1848 junto à povoação de
Estreito.
Aí apareceu uma considerável porção de moedas de prata romanas, das
quais sobressaía uma datada de 88 antes de Cristo, e uma outra, de
cobre, com a efígie do Imperador Galeno, que reinou entre 254 e 268
da nossa era. Estreito tornou-se freguesia no longínquo ano de
1535, depois de diversos anos de luta por parte dos seus
habitantes. No dealbar do século XVI, então com 30 fogos, era um
simples lugar da freguesia de Oleiros. No entanto, havia muito já
que os seus habitantes aspiravam e lutavam pela sua independência.
No ano de 1515 obtiveram, da Nunciatura Apostólica de Lisboa, um
Breve que lhes concedia licença para terem um capelão que lhes
dissesse missa e administrasse os sacramentos.
Apenas a comunhão pascal não poderia ser dada pelo capelão, o
que, no fundo, era um atestado de dependência em relação a Oleiros.
E essa clausula seria aproveitada pela Câmara da vila para
considerar o Estreito dependente daquela freguesia, tanto que, em
1531, por ocasião da finta lançada para reedificação da igreja
matriz, incluiu nela os habitantes do Estreito. Estes não se
conformaram, recusando-se mesmo a concorrer para tal obra, alegando
que estavam separados da Igreja de Oleiros, já que todos os seus
actos religiosos eram praticados na capela dedicada a S. João
Baptista, levantada no meio do Estreito. Este templo era
“igreja visitada sobre si”, e nela, os moradores
“tinham gasto o que Deus sabia, sem ajuda de ninguém”,
como se lê no documento pelo qual recorreram.
Finalmente, em 16 de Novembro de 1535, a Casa da Suplicação
proferia uma sentença, dada em nome de D. João III, contra a
“Câmara e Concelho de Oleiros”, declarando os moradores
do Estreito isentos de contribuir para as obras da igreja da
freguesia da sede do concelho. E assim, uma nova freguesia nascia.
A paróquia foi uma reitoria da Ordem de Malta, da apresentação do
Bailio, ou, segundo a Estatística Paroquial de 1864, do grão-prior
do Crato, que era o seu donatário. Seria este o responsável pela
apresentação do cura de Estreito que vencia uma côngrua de 3.500
réis em dinheiro, 60 alqueires de trigo, 60 de cevada e 25 almudes
de vinho mosto. Para efeitos civis, esta freguesia esteve anexada à
de Vilar Barroco de 14 de Março de 1878 a 26 de Março de 1890. Na
primeira metade deste século, escrevia-se no Guia de Portugal que
no concelho há muitos sítios ermos dignos de ver-se, mas quase
todos de difícil acesso. Por estrada, o único realizável, por
enquanto, é o passeio ao Estreito.
Desenrolando-se sempre em serrania brava, agora a meia encosta de
Alvelos, a estrada prossegue para o Norte em direcção à Gardunha,
alcançando ao fim de três léguas um severo planalto.
A freguesia do Estreito encontra-se aí num refolho da serra do
Muradal. Como tantas outras da província, decaiu muito com a ruína
dos seus soutos seculares. O lugar é, na Beira Baixa, o único em
que não morreu a indústria caseira de criação do bicho da seda,
cujo fio as tecedeiras da freguesia utilizam para bordarem, no
tear, bonitas cercaduras em toalhas de linho.
Claro que, hoje, e desde há muito, o passeio ao Estreito não é o
único realizável. A tecelagem continua a ter grande expressão,
constituindo um dos bons valores artesanais da freguesia. A
decadência, após a ruína dos seculares soutos, foi um facto, mas a
freguesia soube levantar-se a tempo e, nos finais dos anos 60,
havia já uma fábrica de resinosos e três grandes serrações.
Era o aproveitamento do pinheiro que, então, monopolizava a quase
totalidade da população activa, quer na exploração directa, no
campo, quer na extracção de derivados, dada a sua importante
industrialização. Em termos de produtos agrícolas, desde há muito
que o predomínio é exercido pelos cereais, a batata e o
azeite.
A lenda de S. João Baptista
Há muitos anos atrás, três pessoas importantes e ricas do Estreito
mandaram construir uma igreja onde puseram S. João Baptista. As
pessoas de Oleiros não queriam cá o Santo e vieram buscá-lo num
burro.
O Santo desaparecia de Oleiros e aparecia num carvalho junto da
igreja. Tantas vezes o levaram, tantas vezes ele regressava que
eles desistiram. E, assim ficou S. João Baptista como o padroeiro
do Estreito.
O Milagre do Azeite
No século XVII vivia no Estreito, na zona dos Espinheiros, o Padre
Levita com a sua criada. Esse padre tinha um pote com azeite e
todos os pobres que por ali passavam pediam azeite à criada.
O Padre Levita ralhava-lhe e ficava furioso.- Porque dais azeite a
toda agente?- Mas, cada vez que dou azeite mais há no pote! E assim
acontecia, sempre que dava azeite o pote enchia.
O Padre Levita e a sua criada foram enterrados na Capela da Senhora
da Penha, mandada construir por ele no ano de 1689.
Elegemos estes monumentos da região:
- Igreja Matriz de Oleiros
- Igreja Matriz do Estreito
- Igreja da Misericórdia
Para visitar aconselhamos o Alto do Cavalo.
Fonte: junta de freguesia de Estreito
http://www.jf-estreito.pt/populacao.php