Fajã da Ovelha
História da Freguesia
Fajã da Ovelha, freguesia do concelho da Calheta, é servida por um porto de fácil acesso e atravessada pelas ribeiras da Inês que nutrem as levadas da Cova, do Ribeiro do Chão, Moinhos e Fonte do Folhado. Tal como a maior parte das freguesias, esta freguesia nasceu a partir de uma capela muito antiga, esta dedicada a São Lourenço, em torno da qual se foi formando e crescendo um núcleo bastante significativo de população. Desconhece-se a data da sua criação, consta apenas que Gonçalo Ferreira de Carvalho que "vivia pellos anos de 1480" teve em Fajã da Ovelha algumas escrituras. Alguns ramos esbraçados de famílias da Calheta e de Paul, tiveram pouso nestas serenas paragens serranas. Na ermida de São Lourenço, de características manuelinas, estabeleceu-se em meados do primeiro quartel do século XVI, uma capelania-curato e, em 1550, foi aqui instalada a sede da nova paróquia, onde permaneceu até ao segundo quartel do século XVIII. Por alvará régio de 11 de Abril de 1553, foi acrescentada a primitiva côngrua do capelão, à qual se sucedeu, por alvará régio de 1559, novo acréscimo ao vencimento do sacerdote.
Por esta altura, desmembraram-se desta paróquia a freguesia de Ponta do pargo e, mais tarde a dos Prazeres.
O mais antigo diploma relativo a esta freguesia é, precisamente, do ano de 1553, no qual se faz referência à igreja de Fajã da Ovelha, nome pelo qual o local era já conhecido, concluindo-se assim que, este nome se mantém desde que aqui se estabeleceu a sede da nova paróquia. Em explicação a este caso, escreve o anotador de Saudades da Terra: "E coisa vulgar que um simples episódio, uma circunstância ocasional ou um facto de pequena monta tenha justificado a existência de um nome aplicado a determinado sítio ou lugar, que depois se venha a converter num centro populacional ou numa importante localidade. Semelhantemente teria acontecido com o nome desta freguesia."
Fajã da Ovelha constituiu-se como paróquia autónoma pouco antes de 1573 e, em finais do século XVIII, devido ao crescimento demográfico, foi criado um curato.
Em 1705, a Infanta D. Catarina, regente do reino, concedeu a construção de um novo templo, cujo local de edificação seria o sítio da velha quebrada, onde se situa hoje a freguesia. A construção da igreja paroquial não se deu de imediato, tendo sido concluída em meados do século XVIII. Este novo templo teve como padroeiro São João Baptista, orago que ainda hoje se mantém, e antiga capela, que ainda existe, continuou com a invocação de São Lourenço.
A 3 de Novembro de 1761, uma curiosa determinação manda pagar ao vigário a parte da sua côngrua, com uma pipa, na escolhida casta de malvasia e, em 1769, um mandado ordena que os rendeiros encubem o vinho de Fajã da Ovelha, até se acabarem as vindimas, visto que a uva malvasia era escassa e do melhor mosto se pagaria à igreja.
Levantou-se uma questão de águas, pelo especulativo abuso de serem vendidas com prejuízo das terras, valor sobre o qual se incidiam os tributos. Assim, uma decisão foi tomada, por sinal bastante justa, que já não vigora, na qual consta: Provisão do Desembargador do Paço de cinco de Março a favor de Leandro Pereira de Couto, em consequência do seu requerimento em que pedia se lhe desse posse das águas da levada dos Moynhos da Fajã da Ovelha que nascião em sua terra e que algumas pessoas as vendiam, por Ihes não serem precisas; mandado o mesmo Desembargador observar a Provisão do Sr. Rey D. João II de 7 de Mayo de 1491, a respeito da repartição de águas, sem atenção ao nascimento dela em terras particulares, ou a qualquer posse, uso ou costume em contrário, declarando por abusivas as vendas e aforamentos, mas que depois de congregadas em levadas, sejão repartidas pelos moradores à proporção das terras que cultivarem, havendo por muito recomendado o benefício público, e da mesma forma o procedimento contra os Transgressores, sem atenção a qualquer pretexto.
Há semelhança de outros locais da ilha, existe na Ladeira dos Zimbreiros, considerada uma das maiores e mais antigas do concelho da Calheta, um fio que serviu para transporte de mercadorias e peixe que abastecia a população local. Este fio de carga, por onde circulam carretas que rodam sobre ele, é próprio para trazer a carga das serras, o que substituía as costas do homem. Outra das curiosidades desta freguesia reside no facto de as suas casas se disporem em socalcos, podendo admirar-se do miradouro da igreja, a parte da rocha que, segundo a tradição, é protegida por Santo Amaro, para que Fajã da Ovelha não caia sobre o Paul do Mar.
O seu topónimo está relacionado com a sua situação geográfica. Assim, segundo a Sr.a Doutora Manuela Teixeira "a Fajã é uma forma de talude disperso e deveria ter tido, em tempos, algum pastor na serra para memorar assim o lugar da sua ovelha, colhida por uma quebrada (desmoronamento de terras) - a Fajã da Ovelha ".
CACHE: Esta encontra-se bastante acessível, a berma da estrada.
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