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Há notícia da
existência, neste mesmo local, de um pequeno templo de origem
quinhentista, dedicado a São Bartolomeu, e que deverá ter sido
reedificado no início do século XVII. Em 1634 tinham aqui a sua
sede duas confrarias, dedicadas a São Bartolomeu e a São Lourenço.
A eventual ruína da ermida terá ditado a sua reconstrução, que se
encontrava a decorrer em 1758, conforme referência das Memórias
Paroquiais escritas pelo prior Falcão . O novo templo, de dimensões
muito superiores, conservou e integrou as invocações aí cultuadas
anteriormente, encontrando-se em destaque na actual fachada as
imagens dos santos patronos das confrarias seiscentistas. Não se
conhece o autor do risco da igreja da Lapa, que tem vindo a ser
atribuída a Nicolau Nasoni devido a uma carta do deão da Sé do
Porto, D. Jerónimo de Távora de Noronha, ao morgado de Senra,
António Carlos Carneiro de Figueiredo, onde é referido que o
italiano se encontrava a trabalhar num projecto para Vila do Conde
(SMITH, 1966, p. 102; FREITAS, 1955; 1964; 2001). Apesar de não se
saber qual o projecto mencionado, a proximidade entre as datas da
carta, 20 de Julho de 1753, e a notícia da reconstrução da igreja
da Lapa fornecida pelo prior Falcão, tem reforçado esta atribuição.
Na verdade, as linhas finas e nervosas do frontispício da Lapa,
denotam uma influência rococó que se manifestava, por estes anos,
nas obras de Nasoni, entre as quais destacamos a fachada da igreja
da Misericórdia do Porto, de meados do século XVIII .
De planta
longitudinal, com nave e capela-mor rectangulares e sacristia
adossada a Norte, a igreja da Lapa exibe uma imponente fachada,
seccionada por pilastras que a dividem em três panos,
correspondendo os laterais às torres. O central é aberto por portal
de verga curva, sobrepujado por frontão triangular de lanços, com
remate formado por motivos concheados que se liga à janela superior
que, por sua vez, faz elevar a linha da cornija que está na base do
frontão triangular que termina o alçado. Este, exibe lateralmente
as imagens de São Bartolomeu e São Lourenço e, no vértice, um
plinto sobre o qual se ergue a coroa real e a cruz. Nos panos das
torres, uma janela com moldura relaciona-se com o relógio que as
remata, levantando-se as sineiras já sobre a cornija.
Não é possível
determinar em que época o templo ficou concluído, mas a campanha
decorativa do interior, de características já neoclássicas,
prolongou-se, com certeza, até ao início do século XIX. Destacam-se
os retábulos colaterais, a sanefa que coroa o arco triunfal, e o
retábulo-mor, em talha dourada e branca.
Texto:
Rosário Carvalho / IPPAR
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