Sepulturas rupestres em Vascoveiro/Manigoto
Os estudos das sepulturas escavadas na rocha no nosso país
remontam à primeira metade do século XX, com publicações pontuais
em revistas como “O Archeólogo Português”,
“Portugália” e “Revista de Guimarães”,
desenvolvidos por Leite Vasconcelos, Santos Rocha, Martins
Sarmento, Félix Alves Pereira e Virgílio Correia. Tanto Simões
Rodrigues Ferreira, como Santos Rocha defenderam uma cronologia
romana para este tipo de vestígios, apontando a sua associação a
materiais tipicamente romanos, como é o caso das tegulae. No
entanto, Félix Alves Pereira discordou desta periodização,
afirmando que este material de construção teve uma longa diacronia
de utilização. Outros autores, como Amorim Girão e Alberto Correia,
defenderam uma cronologia proto-histórica, dada a proximidade das
sepulturas a povoados proto-históricos. António Cruz, na década de
40, e Ferreira de Almeida, nos anos 70, atribuíram já uma
cronologia medieval, tendo o primeiro defendido uma utilização pelo
menos até ao século XV (Tente e Lourenço, 1998, p. 191-192).Os
trabalhos arqueológicos realizados em necrópoles com sepulturas
rupestres, quer em Espanha, quer no nosso território,
possibilitaram a atribuição de uma cronologia a esta solução de
enterramento, a qual, de um modo geral, tem sido adoptada pelos
arqueólogos que se debruçam sobre esta temática.
Na década de 90, as publicações sobre as sepulturas escavadas na
rocha, da Beira Alta e de outras regiões do país, multiplicaram-se,
como se pode observar pela bibliografia apresentada. Contudo, os
estudos centraram-se sobretudo na análise tipológica das
sepulturas, relacionando-as entre si. Com base nestes estudos
teceram-se ainda considerações sobre a condição social-sexual do
inumado, o Quadro económico e cultural em que se integrariam e as
formas de povoamento que representariam. As sepulturas escavadas na
rocha são prova do povoamento que terá existido nesta região beirã
ao longo da Alta Idade Média. Estes monumentos funerários terão
certamente assentado numa qualquer estrutura de povoamento, a qual
infelizmente hoje ainda é pouco conhecida, uma vez que os múltiplos
estudos que têm sido efectuados, conforme acima foi já mencionado,
concentraram-se essencialmente, durante algumas décadas, na análise
tipológica das sepulturas rupestres.