D. Gualberto, rico burgês e conhecido somítico, resolveu juntar ao seu vasto património mais uma extensa propriedade com vista para o mar.
Nessa propriedade existia um poço de abundantes águas e uma estrada que lhe dava acesso.
Um dia teve uma ideia, colocou uma placa com letras garrafais junto ao poço com os dizeres “POÇO DOS DESEJOS” e no topo colocou um cântaro para recolha das moedas. Para completar, D. Gualberto abriu um tasco perto desse poço, onde decidiu fazer muita propaganda sobre os milagres, enquanto tentava ganhar mais alguns trocos com outros comércios.
Atraídos por um marketing relacional bem conseguido, quem por ali passava, ficava curioso e lá se afoitava, botando moedas e mais moedas. Um sucesso!
Ao fim de alguns dias, D. Gualberto, julgando que o cântaro estaria cheiinho de moedas, resolveu recolhe-lhas e qual não foi o seu espanto quando reparou que alguém lhe tinha feito um buraco no fundo do cântaro, fazendo com que as moedas tivessem mergulhado todas para o fundo do poço.
Sem outro remédio lá teve de descer, e quando recolhia aquilo que julgava seu, eis que sente alguém que lhe agarra uma perna, olha e vê uma pálida rapariga
Aterrorizado grita:
- Quem és tu?
Rapidamente ela lhe responde
- O meu nome é Geraldina e sou a dona deste poço.
- Que queres? Volta a perguntar ele,
- Quando era pequena o meu padrasto obrigava-me a percorrer longas distâncias para aqui vir buscar água e um dia escorreguei e cai no poço.
- Nunca por mim procuraram.
- Tornei-me a assombração malévola deste poço.
- Agora pira-te daqui, que as moedas são minhas!
A história rapidamente se espalhou, e até hoje ninguém mais ousou tentar recolher as moedas que no fundo do poço repousam, guardadas pelo espírito vingativo da imaculada Geraldina.