A laminadora ou a relíquia da indústria de Alverca

Enfiavam-se os lingotes de chumbo entre dois rolos e dava-se um aperto. Depois, repetia-se a operação. Os lingotes entravam com uma espessura de quinze milímetros e saíam com três décimos, como se de uma folha de papel se tratasse. Depois o chumbo era enrolado e seguia para outra máquina onde eram feitas as cápsulas para o vinho do Porto e champanhe.
Quem dá as explicações é Adriano Pires. Durante os 20 anos que trabalhou na Companhia Previdente, em Alverca do Ribatejo, o operário acumulou as funções de soldador com a de mecânico responsável pela manutenção da “laminadora”, que no início era manobrada por mulheres. “Um trabalho pesado para elas”, refere. Adriano Pires entrou para a Previdente em 1970. Na altura a empresa, que se mudou de Lisboa para Alverca, empregava cerca de 900 trabalhadores. “Fui eu que fiz a manutenção durante o período que lá estive juntamente com outra pessoa. Não dava muitos problemas. Era uma máquina lenta que requeria um certo cuidado e atenção”, recorda com nostalgia.
Quando a empresa recebeu novas máquinas, mais sofisticadas, a “laminadora” teve de ser desmontada e montada novamente, ficando de reserva às novas máquinas. “Montei-a para a pôr a funcionar na fábrica e aqui para ficar em exposição”, diz com um sorriso Adriano Pires, acrescentando que, se fosse preciso, a “laminadora” estaria em condições de operar.
A “relíquia”, que laborou entre 1955 e 1988, pode ser apreciada junto à Rua da Quinta do Forno, em Alverca do Ribatejo. A peça arquitectónica, inaugurada formalmente a 10 de Julho, é igualmente uma homenagem a todos os trabalhadores da Companhia Previdente bem como à indústria, que no passado teve forte implantação em Alverca.
Fonte: O Mirante