Guarda Florestal


“Se a agricultura, as pastagens e as guerras levaram o homem à destruição das florestas, três causas de capital importância – a construção naval, a caça, as ferrarias – o forçaram a olhar pela sua conservação e desenvolvimento. ”
O zelo pela floresta foi uma missão desde sempre atribuída aos guardas florestais que já em 1605 eram em número de 24 no Pinhal de Leiria. Couteiros que ao longo dos anos viram as suas atribuições tornarem-se mais abrangentes, requerendo, para um bom desempenho do cargo, conhecimentos técnicos específicos que ultrapassavam as funções de simples polícia. Ao guarda-florestal era-lhe exigido um conjunto de conhecimentos sobre espécies florestais, sementeiras, plantações, viveiros, colheitas, formação e fixação das dunas, principais ameaças para o pinhal, medidas preventivas e de combate a incêndios, exploração florestal, agrimensura, polícia e fiscalização, entre outros. Participava activa e decididamente em todas as grandes etapas da protecção, fomento e valorização da floresta nacional.
Existindo a função de guarda-florestal desde tempos imemoriais ligada à guarda das matas, foi só em 1824, com a criação da Administração Geral das Matas, que surgiu como carreira da Administração Pública. O regulamento criado no mesmo ano estabelecia uma remuneração certa ao pessoal colocado no Pinhal de Leiria, bem como permitia o uso de armamento. Neste século passaram a residir nos perímetros florestais e foram construídas casas que se destinavam a fiscalizar todo aquele que entrava ou saía com madeiras e outros produtos do pinhal, procedendo-se à sua revista, de modo a evitar roubos e prejuízos que outrora sucediam, derivado à falta de um controlo eficaz. Tornavam-se assim mais exigentes as funções dos guardas florestais. No Pinhal de Leiria, cabia-lhes proceder a sementeiras, limpezas, autos de marca, medições de lenhas e madeiras, preenchimento dos mais variados impressos, administração do pessoal, tarefas que requeriam uma grande experiência e honestidade – o timbre da classe de guardas florestais. Em serviço permanente, tinham de ter uma conduta irrepreensível, tanto na vida profissional como na vida particular, para que a sua autoridade nunca pudesse ser posta em causa. Não podiam ser negligentes, frequentadores de locais duvidosos nem de tabernas. Tinham direito a casa e a um pequeno terreno que, nas horas de folga, cultivavam para seu sustento. No entanto estavam afastados do mercado, do médico, da farmácia, da escola... E a natureza das suas funções colocava em risco a sua vida, pois eram eles a face visível da aplicação da política florestal, das suas medidas e leis.
Em 2006, após cento e vinte anos no quadro dos Serviços Florestais, o Corpo Nacional da Guarda Florestal foi integrado no serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente, da Guarda Nacional Republicana.

