O caminho em terra batida, que começa junto do Santuário de Santo Ambrósio, parece não levar a lugar algum. Contudo, centenas de metros depois, começa a vislumbrar-se um vale, onde lameiros, montes e ruínas de habitações de arquitectura tipicamente rural comungam em perfeita sintonia.
Recortados pelo rio Azibo, onde ainda se contemplam aquilo que resta de velhos moinhos, os terrenos acolhem edifícios que, em tempos, albergaram um punhado de famílias.
Banrezes, na freguesia de Vale da Porca, concelho de Macedo de Cavaleiros, é, hoje, um lugar que guarda memórias e surpreende qualquer humano. Outrora sede de freguesia, sobre a aldeia ainda paira o espectro da epidemia que, há cerca de 150 anos, dizimou grande parte da população.

Segundo reza a lenda, o fenómeno ocorreu na sequência da lavagem de um caixão, cujos vestígios terão contaminado a água das fontes e do rio Azibo. Os sobreviventes, com medo da doença, fugiram para as aldeias mais próximas. “Ouvi contar que, como morria muita gente, o caixão era comunitário. Decidiram, então, ir lavá-lo numa fonte onde corria muita água. As pessoas diziam que foi de terem lavado lá o caixão que os populares começaram a morrer e como tinham medo que fosse da água, foram todos embora”, recordou Helena Cavalaria, a última habitante a sair de Banzeres.
