Ir ao Castelo de Fraião era quase uma obsessão, ao terceiro dia do mês de Maio do ano de dois mil e doze numa manhã muito chuvosa, com granizo e trovoada com muita coragem subimos à fortaleza. O Castelo dataria do século XII. Foram feitos trabalhos na zona e do material exumado destaca-se uma fina placa de cinturão em cobre recoberta por uma lámina de ouro fino, requintadamente decorada, que terá uma cronologia em torno do século XII, a avaliar pelos paralelos estilísticos encontrados. Como o nosso meio de locomoção resolveu pregar uma partida recusando-se a funcionar, enquanto esperava-mos o reboque pensamos criar mais um motivo de atração a este belíssimo local. O Monte do Castelo de Fraião que também é conhecido ou denominado por Castelo das Furnas ou da Furna localiza-se na freguesia de Boivão em Valença do Minho. O sopé ronda os 520 metros e o ponto mais alto os 620 metros de elevação em relação ao nível médio das águas do mar.Geologicamente é uma zona constituída por granito monzonítico (rochas eruptivas) mais especificamente por granito calco-alcalino, de textura porfiroide, de grão grosseiro.Tem uma boa localização geográfica com domínio sobre o planalto da serra da Bulhosa (ou Boulhosa como é conhecida em Paredes de Coura), também enquadrado numa boa rede hidrográfica graças à proximidade da Ribeira da Furna e do Ribeiro de Fervença.Diz a lenda que a rainha, fugida de Castela, fugida ao marido era alimentada por trutas trazidas por uma águia e da recolha frugal numa horta existente (horta da rainha). Deve aqui salientar-se o elevado valor e qualidade das trutas de Coura que para uma águia estavam ali tão perto e será esse simbolismo que está representado quando entramos no recinto do castelo, que não será uma mulher a dar de comer aos peixes mas sim a rainha a recolher o peixe trazido pela águia!
É óbvio que depois de estarmos neste magnífico sítio não enjeitamos a oportunidade de percorrer as redondezas do castelo e foi então que nos sentimos observados por aquele ser estranho… O Calhau! Depois descobrimos o que resta dos moinhos e demos por bem empregue a caminhada mas prevaleceu uma imensa tristeza: O que resta dos moinhos de Boivão são escombros. Dos doze referenciados há um que estará a funcionar, outro com possibilidades de voltar a funcionar, todos os outros, pelo que pude observar, o que não foi destruído pelas chamas terá sido saqueado. Restam as paredes, os cubos, as canles e pouco mais.Uma particularidade é que aqueles moinhos não se situam num curso de água natural. Estão dispersos pela encosta abaixo, numa escalada descendente de forma a aproveitar o único e abundante manancial que fornecia a energia para funcionarem. O que seria em tempos uma levada é agora uma moderna conduta em vinil com ramificações para cada um dos engenhos e que ainda serve para regar os campos e hortas de Boivão. O mundo mudou muito depressa. Os vestígios existentes indicam que ainda não há muitos anos deviam fazer farinha a rodos. Agora é o abandono e o mato a cobrir quase tudo... Mas mesmo assim, aconselho, pelo menos a fazerem umas fotos para deixarem na página.
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