Brasão: escudo de azul, torre de prata aberta de vermelho; nos cantões, dois besantes de ouro e, em campanha, ramo de oliveira de ouro, frutado de prata, posto em faixa. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «TORRE de VALE de TODOS».
Bandeira: branca, com cordão e borlas de prata e azul e haste e lança de ouro.
APONTAMENTO HISTÓRICO
Até ao início do século XIX constituiu o couto de Vale de Todos.
O 1.º documento conhecido que refere o nome desta freguesia, data do reinado de D. Afonso Henriques (1162) tempo de luta entre Cristãos e Muçulmanos (Reconquista Cristã), nesta região da Ladeia, onde haveria uma torre de defesa avançada de Coimbra (como aconteceu noutras localidades vizinhas), então a cidade capital do reino em formação.
O seu nome, muito provavelmente, veio da existência dessa mais que provável Torre defensiva. Tratando-se de uma elevação natural do terreno, na parte Sul da Ladeia, esta probabilidade ganha grande credibilidade, apesar de não se encontrar nos arredores da povoação qualquer vestígio dessa construção, a não ser no próprio nome da povoação.
Aquando do seu povoamento, há o registo da Quinta de Vale de Todos que o Chantre de Coimbra, João Joanes, doou à Sé de Braga. Pertenceu, sucessivamente, a Penela, ao termo de Coimbra e, muito mais tarde, ao concelho de Ansião.
A sua população vive, sobretudo, da actividade agrícola: produção de cereais, azeite, vinho, criação de gado e produção de queijo (integra a zona demarcada do famoso Queijo do Rabaçal.
Na sede da freguesia da Torre de Vale de Todos, é local obrigatório de visita a Igreja Paroquial. Dedicada a Nossa Senhora da Graça, a Igreja que se supõe de fundação quinhentista, foi sendo alterada ao longo dos séculos. O seu interior é de uma só nave, coberta por um tecto de três planos. Mas a sua maior preciosidade é a escultura de Nossa Senhora da Graça, de meados do séc. XVI.
Em pedra de Ançã, policromada, esta peça de grande valor artístico é da autoria do grande Mestre conimbricense João de Ruão, e já tem saído para exposições de nível nacional e internacional.
Ainda no interior da Igreja, merece igualmente a atenção do visitante, a escultura em pedra quinhentista da Santíssima Trindade (no Altar-Mor); e as Imagens seiscentistas, também em pedra, de São Gregório e Santo António.
O traçado rural das ruas e as habitações humildes da parte antiga da povoação são outro atractivo do lugar da Torre, donde se tem uma vista panorâmica bastante agradável sobre terras do concelho e fora dele.
Igreja de N.ª Sr.ª da Graça (Matriz)
A Igreja de Nossa Senhora da Graça é um encanto, pela beleza dos seus espaços e imagens e já aparece mencionada nas Memórias Paroquiais de 1758.
A fachada principal tem a data de 1749 inscrita no friso da igreja, referente a uma grande remodelação que descaracterizou o primitivo templo. A actual igreja é de origem quinhentista: segundo a inscrição gravada no intradorso do arco cruzeiro, e terá sido mandada fazer por João Domingues, da Torre, na era de 1536 com auxílio do povo.
O interior é de uma só nave, com cobertura em madeira a três planos, tendo pintada no tecto, ao centro, a imagem de Cristo. Do lado esquerdo, abre-se uma pequena capela (antigo baptistério) onde estão colocadas na parede duas pedras com as inscrições “1613” e “ALMAS DO / [PURG]ATORIO / [PAD]RE NOSSO”.
Segue-se o púlpito de base quadrangular assente em mísula com balcão entalhado e com efeitos marmoreados. Abre-se outra capela (actual baptistério) onde apenas se encontra a pia baptismal ao centro e uma imagem de vulto quinhentista da Santíssima Trindade na parede.
No lado direito, está a bonita capela do Sagrado Coração de Jesus com retábulo de talha dourada e policromia, profusamente decorado com motivos vegetalistas e volutas onde se sentam anjos. Os retábulos, datados do século XVIII, foram restaurados em 1990. Os altares que ladeiam o arco triunfal ostentam retábulos com arquivoltas de colunas espiraladas onde se entrelaçam folhas de videira e aves do paraíso. O altar do lado direito guarda a imagem da Padroeira, Nossa Senhora da Graça, e é atribuída a João de Ruão que a terá esculpido em 1537. A Capela-mor tem retábulo e decoração semelhante à dos altares colaterais.