Em determinado domingo festivo com a Igreja repleta de povo e no meio da missa, entrou por uma porta lateral , um homem bem parecido, mas desconhecido na vila. Dirigiu-se para a capela do Santíssimo, onde se encontrava suspensa a famosa lâmpada de prata lavrada, ajoelhou-se, benzeu-se e ao levantar-se colocou num degrau um saco de linho que trazia. Olhou para a lâmpada e murmurou:
- Quem te há-de limpar por tão baixo preço!!! Que mau negócio que eu fui fazer!!!
Algumas pessoas presentes ouviram e segredaram entre si:
- É desta vez vez que vão limpar a lâmpada....
O homem, duma forma corajosa, disse:
- Pois se justei, está justo! Venha a lâmpada abaixo!
Retirou-a, vagarosamente, guardou-a no saco de linho que tivera trazido e...desapareceu!
Acabada a missa o povo debandou e o sacristão quis saber, pelo padre, qual o nome do artista que teria por missão limpar a famosa e valiosa lâmpada. Certo e sabido que o padre não se tinha apercebido desta tramóia, pelo que mandou tocar os sinos a rebate, na esperança de alguém ainda poder deter o esperto larápio, o que nunca chegou a acontecer. Chegou ainda uma notícia pela voz de uma peixeira que estivera na Bairrada, dizendo ter visto na Gândara de Salgueiro, um homem desconhecido a caminhar apressadamente, levando às costas um saco cujo conteúdo chocalhava e tenia!
Os sinos tocaram três dias seguidos em sinal de luto, mas a lâmpada perdera-se para sempre...