A ponte de Vilela é uma ponte tipicamente medieval, sem vestígios de anteriores estruturas romanas, ao contrário de um considerável número de exemplares dos séculos XII a XV que reutilizaram antigas passagens construídas nos primeiros séculos da nossa Era.
A primeira referência conhecida consta das Inquirições de 1258, altura em que já se refere o topónimo 'Ponte', facto que prova a sua existência por esta altura. Ainda que desconheçamos a data em que foi construída, a opinião de que se trata de um monumento dos meados do século XIII ou ligeiramente anterior, ainda da primeira metade da centúria, é razoável face ao que conhecemos acerca da evolução estilística destas estruturas durante a Idade Média.
Ela compõe-se de dois arcos apontados desiguais - o mais perto da margem direita de menor vão e o que repousa na margem esquerda de maior abertura -, diferença explicável pela existência de uma campanha reformadora no final da Idade Média. De facto, poderíamos supor que esta solução atípica fosse o resultado de adaptação da ponte às duas margens, o que estaria na origem das diferenças do tabuleiro, 'com uma rampa bastante inclinada do lado da margem direita e em suave declive do lado da margem esquerda, vencendo assim o desnível acentuado que se verifica entre as duas margens'. No entanto, é mais natural que ela corresponda a uma empreitada posterior, optando-se por um arco quebrado de maior vão, por forma a elevar a estrutura e a colocá-la mais facilmente ao nível da margem. Entre os arcos, e virado a montante, existe um talhamar prismático, 'já sem função estrutural', que servia de reforço estrutural à primitiva configuração da ponte.
O tabuleiro mantém grande parte do revestimento medieval, com piso constituído por lajeado de granito de grandes dimensões, mas de talhe imperfeito e disposição irregular. É protegido por guardas de cantaria dispostas verticalmente, característica que parece indicar outras reformas ao longo dos séculos de que se desconhecem a data e os trabalhos efectuados. Com um comprimento de 60 metros e uma largura de 4,20 metros, serviu, até hoje, como ponto fundamental de passagem entre as duas margens do rio Vez, substituindo-se os medievais carros de tracção animal pelos modernos veículos de ligeiros e pesados.
No século XVII, em plena Guerra da Restauração, o exército espanhol retirou de território português por esta ponte, sinal de que continuava funcional e poderia servir eficazmente de caminho por onde passar um pesado exército de infantaria. Também da Idade Moderna é o conjunto de alminhas na margem esquerda, onde se pintou uma rude e fruste representação de Santa Luzia. Ainda neste local, existem vestígios de uma antiga capela, provavelmente da mesma invocação que as alminhas, elemento de sacralidade dos caminhos e das passagens ribeirinhas, cuja tradição remonta à Idade Média e que tantos exemplos deixou na paisagem humanizada do nosso país.
Com função ininterrupta até aos nossos dias, o trânsito rodoviário assume-se como um dos problemas de sustentabilidade da ponte, a que se junta a falta de manutenção e de limpeza das juntas. Monumento fundamental para a história regional e para a história da actividade pontística medieval, a ponte de Vilela mantém-se como um imóvel simbólico dos antigos caminhos e das marcas de humanização do Entre-Douro-e-Minho, numa região claramente periférica, mas onde, por isso mesmo, as marcas da medievalidade melhor se conservaram.
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