Davide Willford
Datava o ano de 1916 quando, numa modesta casa localizada na cidade de Bartonville, no Texas, nasceu um menino de nome Davide Willford. Davide era luso-descendente, seu pai era um imigrante português a residir nos EUA e sua mãe era natural do Texas.
Tudo corria bem naquela família, era amado por ambos os pais e nada lhe faltava, até que descobriram que Davide sofria de uma doença, que na época se acreditava ser uma deficiência, sendo considerado incapaz, gozado na escola, discriminado pelos pais, e por vezes espancado pelo pai pelo mínimo erro.
Com o passar dos anos Davide começou a ganhar rancor, raiva, ódio por todos os que o rodeavam, até que um dia ao voltar da escola, saturado de tanto sofrimento, sujou pela primeira vez as mãos, matando o cão dos seus vizinhos e apercebendo-se que aquilo lhe dava um certo prazer, sentiu assim a felicidade pela primeira vez.
E assim começa a nossa história... a história de Davide Willford.
Quando chegou aos seus 27 anos já tinha um lista considerável de pequenos crimes, e aquele que outrora fora considerado deficiente, era há época um homem audaz, perspicaz e muito calculista.
Assim no dia 6 de Junho de 1943, decidiu dar o próximo passo e matou os seus pais, viveu cerca de um mês com eles já mortos no interior da casa. Foi o melhor mês da sua vida, sentiu-se realizado, feliz!
Pela primeira vez em 27 anos soube o que era ser feliz dentro daquela casa, sempre dentro da sua visão deturpada das coisas e do que era a felicidade.
Mas a felicidade acabou, quando os vizinhos suspeitaram da ausência dos pais e alertaram as autoridades, mas Willford estava sempre um passo à frente, e aproveitando as suas raízes portuguesas viajou para Portugal, mais precisamente para a Torreira, pequena aldeia onde ninguém o conhecia. Quis passar despercebido, nunca deu muito nas vistas, fez a sua vida normal, sempre sem cair na tentação de matar.
Até que se apaixonou por Ofélia, andou a namorá-la, sempre sem sucesso, até ao dia que ela aceitou dar um passeio com ele no seu automóvel, indo assim até S.Jacinto para apreciar a paisagem, acabando Willford por se declarar a Ofélia.
Namoraram 3 anos, marcaram casamento, tudo apontava para uma vida em conjunto repleta de felicidade, mas Willford apesar da sua aparente pausa no que diz respeito aos crimes, teve sempre uma pequena obsessão por Ofélia, acabando por investigar toda a vida de sua noiva, reunindo fotos, textos e informações, juntando tudo numa pequena salinha em sua casa, sala esta que estava sempre trancada à chave.
Até ao dia, em que por descuido deixou a porta da salinha aberta e Ofélia apercebeu-se do que ele andava a fazer-lhe. Magoada e ressentida terminou o noivado, cortou relações com Willford e em menos de dois meses estava já casada com um rapaz da terra.
Willford ficou de rastos, mais uma vez destruiu o que de melhor tinha, primeiro a relação com os pais porque foi-lhe diagnosticada uma deficiência e agora a relação com a mulher da sua vida, culpabilizando-se sempre por tudo, quando no fundo tudo não passava de uma doença do foro psíquico.
Esteve fechado em casa 3 meses, sem ter notícias de nada nem ninguém, incluindo de Ofélia.
E seu lado mais negro voltou! Decidiu assim acabar com a Ofélia e com todos aqueles que a rodeavam, era a única maneira de Willford voltar a ter paz de espírito.
Começou assim a delinear o seu plano, recolhendo algumas informações cruciais, acabando por descobrir que Ofélia estava grávida de 5 meses e assim o seu plano se alterou, decidindo acabar com aquilo que faria Ofélia a mulher mais feliz do mundo, o seu filho.
Esperou pelo nascimento do menino e esperou também que ela desenvolvesse laços com o filho, de modo que a dor fosse maior. Escolhendo assim o dia e o momento ideal.
No dia 05 de Maio de 1947, pelas 14h (hora que Ofélia se ausentava de casa para comprar peixe) Willford entrou na casa de Ofélia, dirigiu-se ao quarto do bebé, olhou para ele, a criança sorriu-lhe, ele hesitou e pela primeira vez teve receio de fazer aquilo que mais gozo lhe dava fazer, mas sem pensar mais, degolou a criança.
Willford ficou de rastos, ajoelhou-se e começou a chorar de arrependimento, e num abrir e fechar de olhos ouve a porta de casa a abrir, era Ofélia, mas na vez de fugir deixou-se ficar no quarto, cheio de sangue nas mãos e na roupa, esperando que Ofélia o encontrasse e assim aconteceu.
Ofélia quando se deparou com aquele cenário devastador, começou a gritar, a pedir ajuda, mas assim que viu que era Willford calou-se, e ficou a olhar para ele e dirigiu-lhe as seguintes palavras:
- "Willford, a criança que tu mataste era o teu filho!"
Willford não queria acreditar no que acabara de fazer, entrou em desespero, agarrou Ofélia pelos braços, e perguntou-lhe porque não lhe contara isso mais cedo?!
Ao que ela lhe responde que nunca pensou que ele quisesse assumir o filho e porque também já estava casada e para as pessoas da terra iria ser uma vergonha.
Willford, proferiu as seguintes palavras, enquanto lhe caía uma lágrima pela face:
- "Nunca te vou perdoar Ofélia, NUNCA!"
E assim, saiu a correr da casa de Ofélia em direcção ao mato perto da praia e nunca mais se soube nada de Willford.
E assim, aparentemente, termina a história de Davide Willford.
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.