Monumento ao poeta árabe al-Mu’Tamid

Beja, capital de distrito com o mesmo nome, é também sede de um dos maiores municípios de Portugal. Crê-se que a cidade foi fundada, cerca de 400 a.C., pelos Celtas. Por diversas vezes o nome desta terra foi alterado. De Pax Julia passou a chamar-se Paca, adotando o nome de Beja no século VIII, altura em que esteve sob domínio dos Árabes. Foi neste Distrito que nasceu o Príncipe Al-Mutamid – célebre Rei-poeta – que dedicou muitas das suas obras ao amor a donzelas, e também a mancebos homens. Beja recebeu o foral em 1524 e foi elevada a cidade em 1517.
Muitas pessoas, entre as quais José Mendes Bota já questionaram ao Governo e à Câmara Municipal de Beja sobre a situação de incompletude e de abandono em que se encontra o monumento em honra do grande poeta árabe al-Mu’tamid, em pleno Parque da Cidade, cujas obras se iniciaram em 2003, foram interrompidas em 2004, e ainda não foram concluídas até à presente data.
Para Mendes Bota, “Al-Mu’tamid faz parte do património histórico e cultural universal, a sua obra e vida são estudadas em dezenas de universidades pelo mundo fora, pelo que a construção de um monumento ao poeta islâmico, na sua terra natal, Beja, faz todo o sentido, e deveria ser encarado como um motivo de orgulho e uma mais-valia, quer para o município alentejano quer para o nosso País”.
“O que não faz sentido de todo é que se tenha iniciado a construção de um tal monumento em 2003, em pleno Parque Municipal de Beja, e que essa construção não se tenha concluído, ali permanecendo até hoje incompleto e vandalizado, como um tributo à falta de respeito pela herança cultural e patrimonial que herdámos do povo árabe e que também contribuiu para a afirmação da nossa identidade nacional”.
Mendes Bota considera mesmo que “no meio das tensões cruzadas que caraterizam as relações atuais entre o mundo ocidental e o mundo muçulmano, esquece-se muitas vezes a herança cultural árabe na Europa, e o seu contributo para a saída do obscurantismo da Idade Média”, e que “a situação do monumento inacabado a al-Mu’tamid não honra Portugal”.

Al-Mu’tamid, de seu nome completo Muhammad ibn’ Abbad al-Mu’tamid (1040-1095), foi o terceiro e último rei da dinastia Abádidas, que governou a Taifa de Sevilha no século XI, e também um dos poetas mais importantes do Al-Andalus, de cuja obra fazem parte poemas dedicados e inspirados no Algarve, designadamente, na cidade de Silves.
As contingências políticas da época acabaram por condená-lo ao desterro para Aghmat, perto de Marráquexe, onde terminou os seus dias dedicado à atividade poética, e foi enterrado.
A sua campa transformou-se em local de peregrinação de poetas e de massas populares, tendo a família real de Marrocos mandado construir um mausoléu no local, em 1967, que foi visitado em 1998 pelo Presidente da República Portuguesa de então, Jorge Sampaio.
Al-Mu’tamid faz parte do património histórico e cultural universal, a sua obra e vida são estudadas em dezenas de universidades pelo mundo fora, pelo que a construção de um monumento ao poeta islâmico, na sua terra natal, Beja, faz todo o sentido, e deveria ser encarado como um motivo de orgulho e uma mais-valia, quer para o município alentejano, quer para o nosso País. O que não faz sentido de todo, é que se tenha iniciado a construção de um tal monumento em 2003, em pleno Parque Municipal de Beja, e que essa construção não se tenha concluído, ali permanecendo até hoje incompleto e vandalizado, como um tributo à falta de respeito pela herança cultural e patrimonial que herdámos do povo árabe e que também contribuiu para a afirmação da nossa identidade nacional.
No meio das tensões cruzadas que caracterizam as relações atuais entre o mundo ocidental e o mundo muçulmano, esquece-se muitas vezes a herança cultural árabe na Europa, e o seu contributo para a saída do obscurantismo da Idade Média.

E a situação do monumento inacabado a al-Mu’tamid não honra Portugal, pelo que urge encerrar de forma digna o cronograma acidentado que a seguir se descreve:
Em 2002, a Câmara Municipal de Beja aprovou o projeto de construção de um monumento em honra de al-Mu’tamid, a erigir no Parque Municipal daquela cidade.
As obras de construção do referido monumento iniciaram-se em 2003, mas foram suspensas em 2004, pois os painéis em cerâmica já instalados e as estruturas de betão já construídas foram parcialmente partidos e alvo de “graffittis”, tendo sido decidido proceder a uma alteração no projeto, de forma a proteger os painéis de cerâmica instalados ou por instalar, bem como a escultura em bronze, também ainda não colocada, erguendo um muro de recinto em torno do conjunto, equipado com portões.
O projeto de alterações foi aprovado pela Câmara Municipal de Beja em 2007.
Entretanto, em 2008, o projetista foi informado pela edilidade de que a construção do monumento fora incluída no Pólis de Beja, bem como que parte dos arquivos desta entidade tinham “desaparecido num incêndio dos arquivos municipais”. Situação tão mais estranha, quanto é conhecido que a edilidade decidiu, neste ano, assumir o património e o passivo da sociedade BejaPolis, com vista à sua extinção.
E, assim, no meio de toda esta indefinição, importa esclarecer de quem é a responsabilidade pela obra, logo, por terminá-la.

Victor Borges nasceu a 2 de agosto de 1962 em Benafim, Loulé e faleceu com 49 anos de Idade a 17 de fevereiro de 2012, de seu nome completo Victor Manuel Caetano Borges, foi um português com atividade nos domínios de arquitetura, escultura, pintura e literatura.
Victor Borges é autor de alguns conjuntos escultóricos, como a Ara Vitae (em tempos no Parque Municipal de Loulé e atualmente na sua terra natal, Benafim) e um monumento ao poeta árabe al-Mu’Tamid, que nasceu em Beja em 1040, durante a ocupação islâmica da península Ibérica. No momento da sua morte, Victor Borges trabalhava igualmente num projeto de monumento a Isabel de Portugal (Madame la Grande), a filha de D. João I e de D. Filipa de Lencastre que, em 1430, se casou na cidade flamenga de Bruges com Filipe o Bom, Duque de Borgonha, com quem gerou o carismático Carlos o Temerário.
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