Dia 25 - Condenação e fiança
— Confessam os fatos? perguntou o juiz.
— Confessados, respondeu friamente Mr. Fogg.
— Tendo em vista, retomou o juiz, que a lei inglesa entende proteger igual e rigorosamente todas as religiões das populações da Índia, o delito confessado pelo senhor Passepartout de violar com pé sacrílego o pavimento do pagode de Malebar Hill, em Bombaim, no dia 20 de outubro, condeno o supramencionado Passepartout a quinze dias de prisão e a uma multa de trezentas libras.
— Trezentas libras? gritou Passepartout, que só estava verdadeiramente sensivel à multa.
— Silêncio! exclamou o oficial com voz esganiçada.
— E, acrescentou o juiz Obadiah, visto que não está materialmente provado que não houve conivência entre criado e o patrão mas que em todo caso este deve ser considerado responsável pelos gestos de um servidor a seus cuidados, retém o citado Phileas Fogg e o condena a oito dias de prisão e cento e cinquenta libras de multa. Escrivão, chame outro caso!
Fix, do seu canto, experimentava uma indizível satisfação. Phileas Fogg retido oito dias em Calcutá, era mais que suficiente para dar ao mandado tempo de chegar.
Phileas Fogg, tão senhor de si como se a condenação não lhe dissesse respeito, nem mesmo franzira a sobrancelha. Mas no momento em que o escrivão ia chamar outro caso, levantou-se e disse:
— Ofereço fiança.
— É seu direito, respondeu o juiz.
Fix sentiu um frio na espinha mas recobrou quando ouviu o juiz, “tendo em vista a qualidade de estrangeiros de Phileas Fogg e de seu criado”, fixar a fiança para cada um deles na enorme quantia de mil libras.
— Pago, disse o genteman.
E da sacola que Passepartout trazia, retirou um maço de notas que depositou sobre a mesa do escrivão.
— Esta soma lhe será restituída quando sair da prisão, disse o juiz. Entretanto estão livres sob fiança.
— Venha, disse Phileas Fogg a seu criado.
— Ao menos devolvam-me os sapatos! exclamou Passepartout com um movimento de raiva. - Foram restituídos os sapatos.
Tribunal de Bombaim / Mumbay Court
Day 25 - Sentence and bail
- You confess the facts? asked the judge.
- Confessed, replied Mr. Fogg coldly.
- Considering, resumed the judge, that the English law is intended to protect equal and strictly all religions of the people of India, the crime confessed by Mr. Passepartout violating sacrilegious the floor of the Pagoda Malebar Hill in Mumbai, on October 20th, the aforesaid Passepartout is sentenced to fifteen days in prison and a fine of three hundred pounds.
- Three hundred pounds? cried Passepartout, who was just really sensitive to money.
- Silence! exclaimed the officer with squeaky voice.
- And, the judge Obadiah said, since there is no material evidence that collusion between the servant and the boss who in any case should be held responsible for the actions of a servant, Phileas Fogg is condemned to eight days in jail and one hundred and fifty pounds fine. Clerk, call another case.
Fix, on the corner, experienced ineffable satisfaction. Phileas Fogg held eight days in Calcutta was more than enough to the warrant arrive.
Phileas Fogg, as self-possessed as if the conviction did not concern him, not even closed his eyes. But at the moment the clerk would call another case, stood up and said:
- I offer bail.
- It's your right, replied the judge.
Fix felt a chill down your spine but recovered when he heard the judge, "in view of the quality of foreign Phileas Fogg and his servant", set bail for each of them the huge sum of one thousand pounds.
- I pay, said the genteman.
And, from the bag held by Passepartout, pulled out a wad of notes and placed them on the table of the clerk.
- This amount will be refunded when you leave prison, the judge said. Now you are free on bail.
- Come, said Phileas Fogg to his servant.
- At least give back my shoes! exclaimed Passepartout with a movement of anger. - The shoes were returned.
Leia o livro completo "A Volta ao Mundo em 80 Dias", esta parte no capítulo XV.
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