No actual Concelho de Oeiras, como de resto em toda a região envolvente de Lisboa, o abastecimento à capital constituiu-se em vocação económica e produziu efeitos na organização social das comunidades que aqui viveram. Desde a venda de bens de consumo essenciais a produtos alimentares, por vezes transformados em pequenas indústrias caseiras para venda ambulante na cidade, os Saloios que aqui viveram produziam e vendiam uma imensa variedade de bens. De entre todos, destacam-se os cereais e os produtos de moagem que, em conjunto com a panificação, foram sempre actividades económicas de grande expressão.
O crescimento populacional de Lisboa do século XIX, levou ao crescimento do consumo, repercutindo efeitos ao nível da produção e importação de cereais, e desencadeou também novas solicitações às capacidades transformadoras. Assim, recorreu-se ao alargamento do número de unidades moageiras de base tradicional, incrementando-se a construção de moinhos de vento ou de água.
Nesta região, sobretudo nas zonas mais próximas de Lisboa, o panorama moageiro atingiu níveis impressionantes no início do século XIX, quase não havendo monte que não estivesse aproveitado. Verifica-se mesmo que, em torno daquela cidade, se procedeu a uma construção maciça de moinhos de vento, definindo-se uma verdadeira cintura moageira pré-industrial de bases tecnológicas tradicionais.
Contudo este cenário foi muito curto, pois no final do século XIX e no início do século XX, verifica-se o encerramento maciço dos moinhos devido à industrialização da moagem.
Os moinhos de vento, obra de um saber em declínio, viram faltar-lhes o trigo nas mós e pôr-se em causa a sua tecnologia. Os seus caminhos tradicionais perderam o uso que os animava em movimentos constantes de gentes e cargas, que por ali passavam por não haver mais por onde ir. Depois foi a ruína e o esquecimento, que quase os apagaram da memória de quem hoje vive em Oeiras. Ou porque veio de fora, ou porque apenas lhes conhece as paredes desde criança. Olhar para trás, mais do que retroceder no tempo, é reviver ritmos e formas de um passado ainda próximo que povoa as nossas memórias e imaginários.
Caracterização do Moinho das Antas
Família: Moinhos de vento
Género: Moinhos de torre
Tipo: Tracção com sarilho no interior
Sub-tipo: Torre de pedra
Variante: Torre alvenaria com arcos de pedra
Uso: Moagem
Matéria-prima: Cereais
Alterações introduzidas: Telhado com 2 águas
C. Técnicas:
- fechal de pedra
- suporte do piso de moagem através de arcos
- construção da torre e das escadas em calcário
- verga da porta em muralha
- 2 pisos
- arganéis: 13 em aço
- armário de calcário aparelhado
- pavimento com lages
Localização: Espargal - Oeiras
Proprietário: Exército
Orientação da porta: SSE
Orientação das janelas: 1ª SSE; 2ª E; 3ª NNW
Altura (m): 4,20
Diâmetro externo (m): 4,60
Largura das paredes (m): 1,20
Fonte: Moinhos de Vento no Concelho de Oeiras (Jorge Augusto Miranda e João Carlos Viegas - CMO 2ª Ed. 2003).
|