Dia 36 - Revelação
— Escute, disse Fix com voz grave, escute bem. Não sou um agente dos membros do Reform Club... Sou um inspetor de polícia encarregado de uma missão pela administração metropolitana...
— O senhor... inspetor de polícia!...
— Sim, e provo, retomou Fix. Eis a minha nomeação.
E o agente, tirando um papel da carteira, mostrou a seu companheiro uma nomeação assinada pelo comissário da polícia central. Passepartout, estupefato, olhava Fix sem poder articular uma palavra.
— A aposta de Phileas Fogg, tornou Fix, é apenas um pretexto com que enganou, a si e a seus colegas do Reform Club. Em 28 de setembro passado, um roubo de cinquenta e cinco mil libras foi cometido no Banco da Inglaterra por um indivíduo cuja descrição se pôde obter. Ora, eis esta descrição, que é, traço por traço, a do senhor Fogg.
— Deixe-se disso! gritou Passepartout dando um murro na mesa com o seu punho robusto. Meu patrão é o homem mais honesto do mundo!
— Como sabe? respondeu Fix. Nem sequer o conhece! Entrou para o seu serviço no dia de sua partida, e ele partiu precipitadamente sob um pretexto insensato, sem malas, levando uma grande soma em notas! E ainda se atreve a sustentar que é um homem honesto!
— Sim! Sim! repetia maquinalmente o pobre moço.
— Quer então ser preso como seu cúmplice?
Passepartout agarrara a cabeça com as duas mãos. Phileas Fogg um ladrão, ele, o salvador de Aouda, o homem generoso e valente! E contudo que acusações levantavam contra ele! Passepartout procurava repelir as suspeitas que começavam a se insinuar em seu espírito! Não queria acreditar na culpabilidade de seu patrão.
Antro de ópio chinês em São Francisco (Séc. XIX)
Chinese opium den in San Francisco (19th century)
Day 36 - Revelation
‘Listen,’ said Fix firmly, ‘and listen carefully. I am not a detective that the Reform Club members . . . I am a police inspector, sent on a mission by the Metropolitan Police.’
‘You . . . a police inspector?’
‘Yes, and I can prove it. Here is my warrant.’
And producing a document from his pocket-book, the detective showed his companion some papers signed by the Commissioner of Police. A dumbfounded Passepartout stared at Fix, unable to say a word.
‘Mr Fogg’s bet was only a trick to fool you and his colleagues at the Reform Club, because it was in his interest to have your unconscious collaboration. On 28 September, £ 55,000 was stolen from the Bank of England by an individual whose description was noted. Here it is: Fogg’s down to the last detail!’
‘Nonsense!’ exclaimed Passepartout, striking the table with his hefty fist. My master is the most upright person in the world!’
‘But how do you know? You don’t even know him! You started work the day he left; and he went hurriedly, on a mad pretext, without any luggage, carrying a huge sum in banknotes! And you still dare tell me he’s an honest man?’
‘Yes, yes!’ repeated the poor fellow mechanically.
‘So you want to be arrested as an accomplice, do you?’
Passepartout had buried his head in his hands. He was unrecognisable. Phileas Fogg a thief? The man who had saved Aouda, a brave and generous soul? But what a lot of evidence there was against him! Passepartout tried to fight the suspicion creeping into his mind. He didn’t want to believe his master was guilty.
Leia o livro completo "A Volta ao Mundo em 80 Dias", esta parte no capítulo XIX.
Read the complete book at "Around the World in 80 Days", this part in chapter XIX.
|