Historial
A construção ou adaptação do edifício a balneário deverá ter ocorrido em inícios do século XX; embora não nos apareceram referências anteriores ao estudo feito por Herculano de Carvalho em 1932, é de crer que a sua utilização seja bastante mais antiga.
Numa primeira fase, os banhos faziam-se no tanque coberto, actualmente em ruínas, que se encontra à saída da mina de água, e posteriormente no balneário. Este já estaria em funcionamento na década de 20, segundo o testemunho da informante D.ª Maria da Conceição, filha do caseiro que tomou conta da quinta desde essa época até ao início dos anos 50, seu pai António Baptista ficou mais conhecido por António da Dona Moira.
Lepierre classificava em 1936 esta água como “novo tipo de água mineral portuguesa, água bicarbonatada sulfatada cálcica”.
Nas décadas de 1940 e 1950 chegou a ser transportada em cântaros e garrafões para Lamego, onde era comercializada. Os banhos termais terão durado até final dos anos 50. A razão por que terminaram, segundo Joaquim Benedito, ex-presidente da Junta de Freguesia de Goujoim, foi o proprietário, António Domingos, ter querido aumentar o caudal de água e para tal ter feito uns “tiros” dentro da galeria, o que desviou as águas.
Actualmente a Quinta da Dona Moira é propriedade de Manuel Carvalho, que a comprou há cerca de 7 anos. Este senhor também é proprietário da Casa do Abade em Goujoim, uma tentativa de turismo de habitação, e apresentou um projecto de turismo rural para esta quinta onde se previa a recuperação do edifício a construção de uma praia fluvial e percursos equestres. O projecto não foi aprovado pela Direcção Geral de Turismo e Câmara Municipal de Armamar.
O lugar da Ribeira de Goujoim, situado na margem direita do rio Tedo, é também um pequeno povoado caracterizado por uma vida comunitária com laços estreitos de vizinhança e onde as tradições comunitárias já desaparecidas em todo o lado aqui se fazem ainda sentir.
É na Ribeira de Goujoim que se encontram as Caldas da Moura, ou Fonte de D. Moira. Aqui a natureza fez nascer uma água considerada por muitos médicos e especialistas como benéfica para cura de muitas doenças. Esta água foi muito usada pelo médico municipal, Dr. Scipião José de Carvalho (1865-1926) em doentes seus tendo alcançado bons resultados. Também o médico Dr. João de Araújo Correia a usou, tendo deixado um opúsculo (1948) em que refere casos de sucesso na cura de doenças por administração desta água. Infelizmente, a mobilização de terras para abertura de uma estrada terá provocado a mistura de diferentes nascentes e esta água com propriedades tão particulares terá perdido as suas características Singulares.
Indicações
Gastrites, dispepsias, litíase biliar ( Contreiras 1937)
Aparelho digestivo e reumatismos (uso popular)
Instalações/ património construído e ambiental
A Quinta da Dona Moira é uma exploração agrícola onde se destaca a produção de baga de sabugueiro, utilizada na indústria de cosméticos e para o tratamento de vinhos e aguardentes. Tinha a sua parte termal no edifício que também servia de habitação aos caseiros.
O edifício é uma construção em dois pisos característica da região beirã, sendo o piso térreo em blocos de granito e o piso superior uma construção menos sólida com as divisórias interiores em madeira, onde não falta a tradicional varanda corrida também em madeira. No piso inferior encontra-se a adega-estábulo (a um nível inferior) e sobre estes os três quartos de banheiras e a sala de duches. No piso superior ficava a zona habitacional, tendo em anexo a cozinha e sala da caldeira de aquecimento das águas, ambas na parte traseira da construção.
A nascente encontrava-se num lameiro a uma cota superior ao do edifício. A água emergia de uma galeria, de onde era conduzida para um tanque coberto, actualmente em ruínas, e daí seguia por canalização para uma caldeira e desta para os balneários.
Todo o conjunto está actualmente em fase avançada de ruína.
A varanda da hospedaria balneário