Praça de Touros José Varela Crujo
Ainda está por fazer a História da Tauromaquia em Beja. E quem se proponha a tal, encontrará tarefa simples As raízes da Festa na capital do Baixo Alentejo assentam, naturalmente, em tempos muito remotos, se não pré-romanos, ao menos dos primordios da velha Pax Júlia, a Beja romana. De facto, as numerosas cabeças de toiros desses tempos, esculpia em pedra, atestam que a cidade foi um centro priveligiado de culto e de admiração pelo toiro e, consequentemente, de festivais manifestações tauromáquicas. Ligado também à lenda, o toiro sempre figuras nas armas da cidade de Beja que, ainda hoje, incluem uma cabeça de toiro preto.
Certamente Beja e a sua região se enquadraram em todo o desenvolvimento que as artes de lidar toiros experimentarem ao longo da História da Cultura Portuguesa, quer na primitiva expressão de atividades venatórias e de adestramento bélico, quer na de espectáculo, cada vez mais depurado e artistico, sem esquecer as manifestações tauromáquicas de expressão popular, as quais ainda perduram.
Para entrar no pormenor, as fontes escritas não abundam, as jazem ainda no silêncio dos arquivos. No entanto é possível levantar pontas do véu. Assim, como exemplo entre vários, Garcia de Resende alude ao facto de El Rei D.João II ter assistido, em Beja, a uma corrida em que alanceou toiros o melhor cavaleiro de então.
Um acontecimento notável relaciona-se com a escolha de Beja, da parte de El Rei D.Sebastião, para reatar a tradição da Festa de Toiros que, poucos anos antes, com o fundamento de numerosos acidentes mortais ocorridos, fora proíbida pelo Papa, nos países que a cultivavam. No domingo, 4 de Janeiro de 1573, D.Sebastião presidiu à pomposa tourada por ele promovida em Beja.
Reatava-se, assim, a tradição. O Rei ordenou, todavia, que se serrassem as pontas aos toiros, como desculpa perante as ordens do Papa.
Em Beja cumpria-se a boa tradição portuguesa de celebrar festejos taurinos por ocasião dos grandes acontecimentos, como aconteceu, por exemplo, a seguir à Restauração, em 1640.