A Fábrica do Juncal foi fundada em 1770, por José Rodrigues da Silva e Sousa, natural dos Milagres (Leiria) mas descendente de juncalenses já que seu avô e seu pai, artistas que dirigiram a construção do Santuário dos Milagres daqui eram naturais.
Como foi já referido, esta indústria foi incentivada pela política do Marquês de Pombal que pretendia desenvolver a economia com o incentivo à produção nacional.
O Juncal, zona de argilas, por excelência, era assim um local privilegiado para a criação de uma indústria de cerâmica a que se juntavam as condições de escoamento dos produtos, já que se encontrava próximo da Estrada Real que ligava Lisboa ao Porto. Localizada, segundo documentação da época, na rua da Carreira da Vila, a fábrica funcionou, inicialmente, em barracões provisórios tendo-se desenvolvido progressivamente com a construção de novas instalações.
O fundador foi quem primeiro dirigiu a fábrica, pelo menos artisticamente. Ele próprio pintou algumas peças de faiança havendo, ainda hoje, alguns exemplares por si assinados. Da sua autoria são também os azulejos que decoram as igrejas do Juncal e dos Milagres, estes, aliás, datados e assinados.
No único livro de matrícula que se conhece e onde o primeiro registo dos empregados datado de 1778, destaca-se José Luís Fernandes da Fonseca, natural de Raxal do Bispo, em Coimbra, que terá trabalhado nas oficinas do ceramista Brioso e que veio para o Juncal para “...benefício da fábrica e fazê-la manobrar”.
Com este artista que viria a ser o administrador da Fábrica, foram introduzidas novas influências e novas técnicas na decoração. A maneira clássica e erudita viria a dar lugar à denominada “maneira do Juncal”, mais simples nas formas e na decoração.
Relativamente ao azulejo, ele seguia os modelos da época, apesar de revelar algumas particularidades. São ainda hoje dignos de destaque a maior parte dos azulejos, já referidos, que decoram as Igrejas do Juncal e dos Milagres.
A importância que a fábrica foi adquirindo levou o seu fundador, em 1782, a dirigir à rainha D. Maria I uma petição para usar as Armas Reais por cima da porta da fábrica, graça que lhe foi concedida em 28 de setembro de 1784. Dois anos depois, a rainha concedia a José Rodrigues o título de Monteiro - Mor de Vila de Rei, decerto pelo apreço que ele lhe merecia, graças à atividade de ceramista.
Durante as Invasões Francesas o país sofreu grande destruição sendo toda a região, largamente afetada e a fábrica também destruída, como se refere no documento a propósito das invasões francesas.
Em 1811, José Rodrigues voltava a reconstruir tudo de novo, fazendo sociedade com José Luís Fernandes da Fonseca, já administrador e casado com uma sobrinha do primeiro mas, só mais tarde, em 1823, era oficializada esta sociedade.
Em 1837, a Fábrica do Juncal, continuava a figurar nas estatísticas como a única fábrica de louça branca do distrito tendo, por morte de José Rodrigues, em 1824, passado para a posse do seu sócio José Luís Fernandes da Fonseca.
A Fábrica pertenceu ainda a mais duas gerações da família tendo sido administrada por Bernardino da Fonseca e depois por seu filho José Calado da Fonseca que viria a encerrá-la no ano de 1876 para se dedicar à agricultura já que possuía grande número de propriedades, nomeadamente com cultura de olival, vinha e cereais.

Na rua da Carreira da Vila, no Juncal, na fachada de uma casa de habitação, próxima do local onde existiu a antiga Fábrica do Juncal, pode encontrar-se um painel de azulejos com a representação da Nossa Sra. das Dores. O painel representa a Nossa Sra. das Dores sobre uma peanha e está emoldurado por elementos que lembram um oratório. A cena é representada nas cores típicas da azulejaria, o azul e o branco, e nos contornos da moldura o amarelo. Ao cimo e por baixo da imagem podem ler-se as palavras: MATER DOLOROSA. Diz a história que a parteira da Vila, sempre que era chamada para assistir a um parto, acendia a lamparina que pende por cima do painel. Até à pouco tempo as parturientes ainda acendiam a lamparina à Sra. das Dores quando estavam prestes dar à luz.
No entanto, a atividade cerâmica no Juncal e região perdura até aos nossos dias sendo o Juncal conhecido por esta atividade.
Quanto às peças da Real Fábrica que ainda existem elas são todas obras de museus ou de colecionadores sobretudo porque a sua decoração se distinguiu de todas as outras provenientes de fábricas da mesma época.
No final da Rua Carreira da Vila, o geocacher poderá seguir a rua de São Miguel (à direita) e dirigir-se até à Igreja de São Miguel, que tem como revestimento das suas paredes laterais e de fundo ilustres painéis, existindo junto a esta igreja também uma geocache com o código GC5C010.
A cache está localizada junto da Fonte Carreira da Vila. A Antiga Fábrica do Juncal e o Painel de Nossa Senhora das Dores estão a cerca de 400 metros da cache (ver waypoints).