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Menino do Lapedo EarthCache

Hidden : 10/8/2014
Difficulty:
1.5 out of 5
Terrain:
1.5 out of 5

Size: Size:   other (other)

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Geocache Description:


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Menino do Lapedo

Vale do Lapedo

O Vale do Lapedo situa-se na Freguesia de Santa Eufémia, a cerca de 13 quilómetros de Leiria. É um local de grande interesse natural e cultural, localizado numa região predominantemente rural.

As características naturais facilitaram a preservação da paisagem, pouco humanizada, até aos nossos dias. No interior do estreito vale, com cerca 1,5 quilómetros de extensão, existem apenas três casas associadas a antigas estruturas moageiras - moinhos de cereais e lagares.

A paisagem evidencia-se pelas magníficas características naturais, destacando-se o vale em forma de “canhão” que rasga o maciço calcário, um dos maiores e mais interessantes de Portugal, erodido ao longo de centenas de milhares de anos pela ribeira do Sirol.

As características singulares deste género de formação geomorfológica propiciam a preservação da flora e fauna autóctone. No caso do Lapedo podemos observar alguns exemplares da comunidade biológica peninsular mais antiga - mata mediterrânica, destacando-se algumas espécies típicas como o Carvalho Cerquinho (Quercus-fagínea) e o Medronheiro (Arbutus unedo).

Em 1993 o Município de Leiria, em colaboração com associações ambientalistas da região, propôs a classificação do Vale do Lapedo pelas suas qualidades ambientais.

Geologia do Vale do Lapedo.

O Vale do Lapedo apresenta-se como uma garganta relativamente curta (aproximadamente 2 km ao longo do eixo da ribeira), estreita, limitada lateralmente por paredes rochosas verticais ou sub-verticais ou encostas muito íngremes. Esta morfologia é substancialmente diferente das que se encontram no resto do percurso da ribeira que dá origem ao vale, sendo que, tanto a montante como a jusante, o vale apresenta-se relativamente amplo e é delimitado por encostas mais suaves.

Do ponto de vista geológico, a região do Vale do Lapedo fica situada na Orla Meso-Cenozóica ocidental, estrutura que delimita a vertente ocidental da Península Ibérica no seu sector central. As rochas pertencentes a Orla Meso-Cenozóica ocidental afloram ao longo de um eixo orientado aproximadamente NNE-SSW, formando assim o esqueleto da faixa litoral e perilitoral de Portugal central – em particular das regiões da Estremadura Portuguesa, de parte da Beira litoral e da Península de Setúbal. Os materiais que compõem a Orla – principalmente rochas sedimentares de origem marinha ou litoral, frequentemente com composição mais ou menos carbonatada – formaram-se em períodos pós-Hercinicos e depositaram-se na dita Bacia Mesozóica Lusitana, bacia marinha resultante da abertura e primeiras fases de expansão do que virá a ser o actual Oceano Atlântico. Estes materiais foram sucessivamente deformados pelas fases orogenéticas relativas ao ciclo Alpino e ficaram encostados – cobrindo-o, do ponto de vista estratigráfico – ao soco cristalino que constitui o sector central da Península Ibérica (Ribeiro et al.,1979; Manuppella et al., 1985).A configuração estrutural actual que esta região patenteia é o resultado das acções de deformação que tiveram lugar durante o Cenozóico e o Quaternário, com uma primeira fase de activação de famílias de diáclases com orientação variável, deformação frágil e dúctil durante a Orogénese Alpina, fenómenos de diapirismo e também actividade vulcânica. A acção conjunta destes processos deu origem às serras moderadamente deformadas ou tabulares que caracterizam a região da Estremadura Portuguesa. Já a partir do Cenozóico, grande parte desta região encontrava-se em condições continentais (Ribeiro et al., 1979) e está ainda sujeita, actualmente, a levantamento tectónico regional, a fenómenos de actividade neotectónica e a actividade sísmica (Cabral, 1995).

 Neste contexto regional, o Vale do Lapedo fica situado ao limite exterior de uma faixa levantada constituída por rochas Mesozóicas que representa, tectonicamente, a continuação ocidental do Sistema Ibérico Central. Nomeadamente, o vale localiza-se entre os sistemas calcários do Maciço Calcário Estremenho (MCE - Martins, 1949) e o Sistema Condeixa-Sicó-Alvaiázere (SCSA - Cunha, 1990),sendo que a posição do Lapedo se pode considerar o limite setentrional do MCE, no ponto onde os calcários cretácicos se dobram e afundam de baixo dos sedimentos terciários que enchem a depressão tectónica de Leiria, um dos pontos de maior subsidência da região (Ferreira et al., 1988). A composição principalmente carbonatada do MCE e do SCSA, assim como a sua situação geológico-estrutural, incentivou a acção dos processos de dissolução, levando ao desenvolvimento de cavidades de origem cársica e de morfologias superficiais relacionadas com o processo docar sismo, como é, nomeadamente, o Vale do Lapedo (Teles, 1992; 1995).

 

'O menino do Lapedo'

Em Dezembro de 1998, depois de uma sucessão de “factos felizes”, descobriu-se a primeira sepultura do Paleolítico Superior da Península Ibérica.

O “Menino do Lapedo” datado de cerca de 24.500 anos corresponde a uma criança, que permite documentar um tipo de mosaico resultante de uma miscigenação entre o Homem Moderno e o Homem de Neandertal.

A escavação do contexto sepulcral do LV1 (designação de registo do Menino do Lapedo) foi realizada com extrema minuciosidade e rigor na exumação e registo de cada osso detectado.

A maior parte do esqueleto foi encontrada na posição original, tal como foi sepultado. Perto dos ossos dos pés foram encontrados ossos de animais.

A escavação posterior dos sedimentos soltos em redor da sepultura, permitiu a recolha de fragmentos do crânio e de quatro adornos elaborados sobre dentes de veado.

O estudo geoarqueológico da sepultura e da respectiva sequência sedimentar demonstrou que, na altura do enterramento, esta zona do abrigo era um cone de sedimentos encostado à parede, circundado por várias linhas de água (Ribeira da Caranguejeira a Norte, uma queda de água no lado Este, e uma pequena nascente a Oeste).

Anatomia do esqueleto

O estudo anatómico do esqueleto do Menino do Lapedo revelou um mosaico de características modernas e arcaicas. Destacam-se a morfologia geral do crânio, um queixo proeminente, as proporções da dentição, o comprimento da clavícula e a largura da púbis.

Por outro lado, temos elementos que indiciam uma herança genética Neandertal, destacando-se o bordo esterno da órbita espesso, a arcada zigomática robusta e a proporção entre a tíbia e o fémur.

O esqueleto foi igualmente objecto de estudos paleopatológicos, verificando-se que, até à data do seu óbito, o Menino do Lapedo era uma criança saudável, sem quaisquer lesões durante o respectivo crescimento.

No seu conjunto, o esqueleto LV1 parece fortalecer a hipótese de que o desaparecimento dos últimos Neandertais terá resultado de um longo processo de interacção entre as suas populações e os homens anatomicamente modernos, nos quais acabaram por se diluir, não por extinção, mas por assimilação/absorção. Tal parece ser a explicação mais parcimoniosa para a presença de várias características arcaicas no esqueleto de uma criança “moderna” que viveu entre três a cinco mil anos depois do desaparecimento dos últimos Neandertais na Península Ibérica.

A sepultura e os rituais

A escavação minuciosa da sepultura permitiu a reconstituição do ritual de enterramento.

Depois de escavar uma pequena fossa e queimar ali um pequeno ramo de pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris), a criança foi embrulhada numa mortalha tingida com ocre vermelho. A cabeça estava ligeiramente inclinada para a esquerda e os pés bem juntos, enquanto os braços se estendiam ao longo do corpo, com a mão direita sobre a anca do mesmo lado. As pernas encontravam-se ligeiramente flectidas. Junto ao pescoço foi recolhida uma concha de um bivalve marinho (Littorina obtusata) que integraria um colar. A recolha de quatro dentes de veado perfurados junto aos fragmentos do crânio sugere, por seu lado, a existência de uma touca ou de um diadema.

Estes dados demonstram que durante o Paleolítico Superior Inicial, uma criança de quatro anos era já objecto de um ritual fúnebre.

Ocupação Humana

A valorização cultural do sítio deve-se à ocupação humana que existiu neste local desde há milhares de anos, com especial atenção para os achados arqueológicos descobertos na última década. Os vestígios encontrados correspondem a diversas épocas e indicam diferentes formas do homem ocupar e gerir o território, ao longo de milhares de anos. A descoberta de um esqueleto humano de criança, com cerca de 24.500 anos (BP) – o Menino do Lapedo (LV1), colocou o nome do Vale do Lapedo e da cidade de Leiria na comunidade científica internacional. Juntamente com outros objectos do mesmo contexto e época técnico-cultural (Paleolítico Superior – 40.000 a 10.000 a.C.), tornou-se num dos achados arqueológicos mais importantes, e o mais mediático de todos os tempos, realizado em Portugal.

Desde o tempo em que viveu o Menino do Lapedo (LV1) até aos moinhos recentes, revelaram-se diferentes formas de usufruir deste território com características naturais excepcionais, óptimas para uns e desfavoráveis para outros, rentabilizando os diversos recursos e potencialidades naturais.

O sítio arqueológico do Abrigo do Lagar Velho, encontra-se classificado como Monumento Nacional.

Fonte: Câmara Municipal de Leiria

Outras informações:

Vale do Lapedo classificado como Monumento Nacional

Património Natural

Geomorfologia do Vale do Lapedo.

Passando aos aspectos geomorfológicos, o Valedo Lapedo forma uma ampla curva. A Ribeira da Caranguejeira a montante do vale está orientada SSE-NNW e apresenta-se assimétrica, com a vertente esquerda curta e íngreme e a direita mais comprida e suave. A entrada da ribeira no Lapedo (à altura aproximada de 85 m) está marcada pela mudança de direcção do eixo do vale para WSW.O vale pode ser dividido em três sectores diferenciados. O primeiro, superior, está orientado ENE-WSW e caracteriza-se pela presença de paredes que alcançam o comando de 75 m. No sector mediano, a ribeira corre para SSW, o comando das encostas laterais diminui e atinge-se a largura mínima do canhão – aproximadamente 100 m. Finalmente, no troço inferior, o vale orienta-se E-W e as paredes calcárias decrescem gradualmente de altura até à desembocadura da garganta, localizada aproximadamente a 80 m de cota. Esta configuração topográfica é controlada por factores geológicos e, ao mesmo tempo, pela evolução morfodinâmica, ou seja pelo embutimento, mais ou menos gradual, de um antigo meandro, sucessivamente limitado na sua expansão lateral pela presença das paredes calcárias. Sendo assim, o Vale do Lapedo pode ser interpretado como um amplo meandro encaixado.

Fonte: Pereira, T. e Almeida, F., 2005. Estratigrafia de Fundo do Vale do Lapedo (Leiria):Considerações Geoarqueológicas sobre as Sondagens de 2003. Actas do 4º Congresso de Arqueologia Peninsular, Do Epipaleolitico ao Calcolítico, pp. 207-216.

A Cache

Esta Earthcache tem como principais objectivo dar a conhecer alguns dos aspectos geológicos e geomorfológicos zona do Vale do Lapedo em especial a zona onde foi descoberto o 'Menino do Lapedo'. Será ainda para marcar o Internacional Earthcache Day (12-10-2014).

Assim que tiverem reunido todas as respostas poderão efectuar o respectivo registo online, no entanto terão de enviar as respostas por e-mail para que possa validar o log. Deixo a sugestão de identificares o teu Log com uma foto no local.

Para poder efectuar o registo Online, terá de responder por às seguintes questões e enviar as respostas para o meu Email para validar o log.

mail

1 - Qual o tipo de rocha predominante na zona das coordenadas da cache?

2 - Na formação rochosa que está perto do GZ consegues distinguir camadas de sedimento individuais ou a formação rochosa é homogénea deste ponto de vista?

3 – A 'parede' desta formação apresenta-se de forma rectilínea ou é não?

4 - Sabendo que este tipo de rocha é propícia à geração de cavidades, encontras alguma num raio de 15 metros das coordenadas desta cache?

Como pergunta bónus, tenta responder a mais esta:

5 – Que idade teria a criança e que tipo de ritual foi utilizado?

Um agradecimento especial ao GeoAwareIB pela colaboração na elaboração desta EarthCache

 




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