Esta cache leva-nos à fraga da Ermida (Serra do marão) para la chegar e preciso subir um estradão que foi feito com o objectivo de prevençao aos incedios e acesso dos Bombeiros ao ponto de agua existente na area.
Atençao
Para fazer esta cache devem faze-lo de dia de preferencia devido as condiçoes do terreno, nao devem faze-lo sozinhos , sempre acompanhados.
usar calçado apropriado para caminhadas e bem agasalhados se forem em tempo de inverno..
A cache encontra-se numa fenda existente no sopé da fraga da Ermida ao chegar ao local e vendo a foto spoiler vao reconhecer o local...
tenham muito cuidado, pois a zona e muito complicada!
Não se assustem se por acaso ao subirem virem gado nao se admirem, elas descem a serra por ali.
Se as coordenadas nao forem as melhores, nao fiquem chateados comigo...culpem o meu telemovel...
Para alguma ajuda extra nao hesitem em ligar 916169231 Joao Carvalho
Abarcava-se de longe, muito longe, a enorme Fraga da Ermida, mastodonte de pedra, assombro do Marão, em cujas entradas as águias faziam ninho. Descoberta à distância, forçava o forasteiro a deter-se, surpreso, como se os olhos tocassem porta do fim do mundo, assim como atravessava de calafrios o serrano timorato, crente em bruxedos e malefícios, a quem a tradição ensinara que nesse pedregulho, largo como vista de mar e mais alto que mastro de navio-escola, o demo oferecia nocturnos salsifrés de infernal folia.
Quem a dominava pela primeira vez recebia a impressão que da sua cripta ao céu não havia mais distância que altura de um braço de homem. Mais de cerca, do cemitério de Ranha, que branquejava lá do topo das arribas do ribeiro de Pisões, ou dos primeiros casebres da Ermida, continuava a dar a mesma impressão de pesadelo, mas já se abrangia com consciência e pormenorizadamente aquele monumental assombro petrificado. Corriam-lhe à vertical superfície, que se abria em face recôncava, compridas rugas, obra do vento e da chuva, a modos de gretas entranhadas como traços caprichosos e profundos. Lá no cimo, que a imaginação excitada na lonjura supunha eriçar-se de lanças ameaçadoras, começava a serra a esconder os costados da fraga, estendendo-se até bem longe em rechã atapetada de ervas daninhas.
Quando o tempo mostrava carantonhas de temporal, das cavernas da fraga imensa saíam gritos de águias, álgidos e demorados, trespassando a névoa húmida e fazendo tremer de medo os serranos que viviam nas proximidades; e se o sol esbanjava sua fortuna de luminosidade, como agora, dos buracos numerosos no peito plúmbero do fraguedo, partiam e chegavam as aves de rapina, batendo asas em voos canseirosos na conquista do espaço.
Como aparecesse de verdadeiro milagre, quente e luminoso, o dia de S. João, data tradicional que os paroquianos de Sedielos marcavam para dar caça às águias, seguia pelos carreiros que ladeavam a Fraga da Ermida um povoléu de centenas de mafarricos, cantando e gritando numa volúpia quase selvagem.
A festa da morte das devoradoras de rebanhos, havia atraído, como sempre, gente dos pontos mais afastados, de muito mais longe mesmo que das incontáveis aldeias que espreitavam nos quintos das lonjuras nevoentas.
Até onde os olhos abrangiam, certamente que se não realizava festança tão acesa de entusiasmo como a que ali se consagrava às inimigas dos pastores e dos rebanhos. Desde muito cedo, até para além do meio-dia, fora um nunca acabar de gente, a maior parte a pé, muita outra escarranchada em albardas, trepa que trepa os carreiros pedregosos, subindo para a planura onde, havia decénios, se realizava essa romaria de demência e de morte.
Milhares de criaturas, correndo todas as idades, espalhavam-se agora sobre a terra almofadada de erva, que se deixava calcar humildemente. Faziam-se e desfaziam-se bailaricos, assim como se enchiam e esvaziavam cabaças de vinho, que o sol de Junho marchava aberto no seu peso de calor. Antes da caça principiar, festejavam-se assim, em rubros gestos de folia, a perícia dos caçadores, que passavam de escopeta ao ombro, e a força dos moços da corda e cesto, pimpões e hercúleos, que não tardariam a mostrar quanto valiam os seus braços. Estes eram os heróis do dia, que davam extensão às conversas, faziam rodopiar as raparigas, e despejavam pipos de briol, preparando embriaguez que, dentro em pouco, seria louca trovoada de gritos e de tiros de pederneira.
Entre os poucos que se calavam contavam-se os cegos que tinham vindo para pedinchar e que, ajoelhados, de mãos estendidas, ficavam por vezes a adivinhar o céu, onde voavam as águias que iam ser sacrificadas».