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Falar do convento de Santo António dos Capuchos, é mais do que falar de mais um convento de valiosa riqueza patrimonial e histórica, que infelizmente o sismo de 80 colocado por terra e infelizmente assim permaneceu.
Neste breve texto, não vou esmiuçar a qualidade da arquitectura e sua importância e tão pouco relatar dados históricos, vou apenas transmitir o meu pequeno testemunho na primeira pessoa, de um adolescente em que o Convento e a sua área limítrofe, a dada altura fez parte.
Decorriam os anos setenta, quando tomei o primeiro contato com este convento, primeiro através da imponente árvore que sempre me fascinado por sua envergadura e dimensão, uma espécie de sentinela e guardiã do Convento.
Nós, nas nossas brincadeiras de então, utilizávamos esta árvore como meio de transporte, subíamos e sentados nos seus galhos, dávamos asas à fantasia, imaginando que estávamos conduzindo os nossos potentes carros.
Também servia como esconderijo e posto de observação, tendo como pano de fundo o Convento, onde na altura nas instalações contínuas, funcionava aquilo a que chamávamos “o asilo das meninas.”
Nós como gaiatos na curiosidade própria da adolescência, sentíamos um interesse enorme pelo sexo feminino, e aquele local era especial pois concentrava um número apreciável de pequenas.
A malta de então, achava imensa piada quando elas de bata branca, sim porque naquele tempo ia-se para a escola de bata, saíam do Convento e seguiam em grupo até à escola primária, então situada na Ladeira de São Bento e vice-versa, era a oportunidade para lançar por vezes alguns tímidos piropos, pois na altura não havia grandes possibilidades de contactos, pois até no recreio da escola havia dois espaços demarcados, um para os rapazes e outro para as meninas.
O primeiro contacto com o interior do Convento, aconteceu quando na escola primara foi organizada uma peça de teatro pelo Natal, onde desempenhei imagine-se, o papel de lobo mau.
A peça foi apresentada, numa espécie de pequeno anfiteatro que havia nestas instalações, e na altura foi um sucesso.
Posteriormente, ingressei nos escuteiros de São Bento, e então devido à grande religiosidade da nossa antiga professora Felipa que, residia nas imediações do Convento, na altura a grande impulsionadora do escutismo local, frequentávamos o Convento para diversas actividades mais viradas para a parte religiosa.
Esta foi a forma que encontrei para referenciar um local que fez parte da minha infância e uma vez que o projecto que aqui existia foi arquivado, e igualmente para de alguma forma, através deste jogo o dar a conhecer mas, sobretudo chamar a atenção para o esquecimento em que a sua reconstrução tem sido dotado.
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