Antes de transmitirmos informação sobre esta Rota da Eira, vale a pena fixarmo-nos um pouco no que significa o património de socalcos da vila de Loriga – embora esta reflexão se deva estender a muitas regiões dos vales de Loriga e do Alvoco, na área das Aldeias de Montanha da Serra da Estrela.
O esplendoroso património de socalcos, com as suas courelas – patamares de terra cultivável – e os seus muros de suporte – combaros – que têm alturas média entre os dois e quatro metros, chegando muitas vezes aos seis. Estão em declives acima dos 20%, a maior parte expostas a sul e a ocidente, portanto, com maior exposição solar. Estima-se que, se construídos hoje, este impressionante conjunto de socalcos de Loriga – só na área envolvente à via – teria um orçamento na ordem dos oito milhões de euros. E não esqueçamos que nestes montes humanizados chegava a água a todos os cantos, por um fabuloso sistema de rega que se tornou possível através de plano que integrou a construção de açudes, represas e levadas que ramificaram os caminhos da água procedente dos cumes da Serra. Tratou-se de um esforço monumental de armação do terreno, com arroteamentos e movimentação de terras, onde o regadio chegava a mais de 200 hectares de terrenos.
TRILHO DA ROTA
Começando pela rua Augusto Luís Mendes, siga-se, à direita, pela rua do Teixeiro que coincide, em parte com uma antiga calçada, talvez romana, e é ladeada pela levada da vila. Ao fim de cerca de duzentos de metros encontramos o Moinho do Teixeiro, o único moinho tradicional activo em Loriga. Continuando passa-se pela Moenda, antiga fábrica de massas, em que uma azenha era responsável por fazer mover duas mós. Mais abaixo, chegamos à chamada Ponte Nova, ao que parece uma ponte romana reconstruída no século XIX, onde podemos apreciar o correr da água que desce pela ribeira da Nave ou das Courelas.
Pela direita, deveremos seguir até ao cabeço dos Resteves e apreciar as penas do Gato e dos Abutres. Seguindo em frente, por meio de matos e florestas, descobriremos a Eira do Mendes, abaixo, à qual nos dirigimos e recordamos as toneladas de milho e centeio malhados e estendidos nesta eira comunitária de Loriga.
Seguindo o caminho proposto pela Confraria passa-se pelo Cabeço Ratinho, pela Canada e encontramos o Poço das Meninas, lugar onde muito loriguense nadou e sempre vale a pena revitalizarmo-nos nas águas cristalinas que descem pela Serra.
Trata-se de um trilho fácil circular que demorará cerca de duas horas.
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