A carência de água revelou-se desde cedo uma realidade na Ilha Graciosa. A superfície mais ou menos plana em grande parte da ilha, bem como as poucas áreas declivosas e as poucas superfícies montanhosas, alidadas à sua baixa altitude, tendo como consequência a reduzida chuva orográfica que se verifica na ilha, constituíram as principais razões desta carência.
Devido às condições físicas, pela ilha apresentadas, a população sentiu que seria necessário desenvolver sistemas de captação e armazenamento de água.
A título de curiosidade e para se perceber a gravidade desta escassez, a população graciosense viu-se obrigada a retirar água do charco subterrâneo da Furna do Enxofre, ignorando a dificuldade do seu acesso, isto antes da construção do túnel e da escada de acesso. No ano de 1844 a seca atingiu de tal modo a ilha, que foi necessário recorrer à vizinha ilha Terceira para o abastecimento com centenas de pipas de água, estando também programado a utilização de recursos de água vindos de outras ilhas do grupo central.
Com estas condições impostas pela natureza da ilha, a água adquiriu um valor precioso e obrigava ao bom aproveitamento deste recurso através das mais diversas construções que iam sendo espalhadas por toda a ilha para que ficassem ao alcance de todos.
Ao longo de toda a sua extensão de ilha é possível encontrar locais que fazem referência ao tema da água, como as Fontes, Fonte do Mato, Pauis, Canada do Poço, Caminho do Tanque, entre tantos outros.
As estruturas mais monumentais e singulares são os chamados tanques, como o Tanque do Atalho, datado o início da sua construção no ano de 1866, que consistia nas principais fontes de armazenamento de água da ilha.
É constituído por um complexo integrado por um reservatório, coberto. Os reservatórios são estruturas enterradas, têm uma forma retangular e em regra encontram-se inseridas num recinto com um muro também rentangular.
O seu interior encontra-se dividido em naves por fiadas de arcos de volta interira assentes em colunas, que sustentam uma cobertura abobada.
Hoje em dia, apesar de ultrapassados e desativados, uma varidade de construções ligadas à captação, armazenamento e distribuição de água constituem um interessante tema no campo da Arquitetura de Produção. A forma como foram implementados e construídos, assim como os materiais utilizados revelam a criação de uma resposta competente quanto à necessidade de lidar com a escassez da água.
Este tanque com 1.800m
3 mostra a forma como a população conseguiu contornar o problema dos fracos recursos de água, criando assim estruturas que não são comuns nas restantes ilhas açorianas, justificam assim a sua importância como património e parte da história da Ilha Graciosa.
Sobre a geocache:
Esta encontra-se no interior do Reservatório do Atalho, que pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 13:30 horas às 17:00 horas.
A geocache está autorizada pela Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa.