Os lavadouros públicos surgiram em finais do século XIX.
Durante centenas de anos o lavadouro foi o ribeiro ou o grande tanque que recebia e deixava correr as águas comunitárias. No antigamente eram lajes de granito, polidas, que serviam para bater a roupa (lavadouro propriamente dito) e as mulheres, acomodavam-se num espaço livre, de pé, no tanque ou ajoelhadas sobre uma esteira ou um resguardo de madeira, (era unicamente espaço de mulheres).
Lavava-se nas bermas do rio ou então em lavadouros junto aos rios ou às nascentes construídas com o desvio das águas. Também as represas serviam como reservatório de águas para diversos fins.
Este tipo de reservatório de água podia ter diversos formatos e tamanhos, sempre com uma laje em granito para esfregar a roupa.
Nos lavadouros, a água que saía das bicas era normalmente, canalizada para as pias ou tanques para lavar a roupa mas também poderia ser aproveitada para a rega das hortas ou trazida em cântaros para as casas das pessoas para uso doméstico.
Este espaço era um local de socialização entre as mulheres, para segredos e para a confidência, para o 'diz-se-que disse e não se diz', espaço de reportório e de pasquim da vida aldeã. Nos lavadouros podiam combinar-se labores, combinar festas e vestes para as mesmas, cantar em grupo, partilhar segredos, dar a opinião da vida dos outros, etc. Provavelmente neste espaço que surge a famosa frase – 'Lavar a roupa suja”.
Ainda hoje, as pessoas mais antigas, preferem lavar a roupa à mão nos lavadouros da freguesia, embora tenham máquina de lavar roupa em casa. Dizem que a máquina serve para lavar em grandes quantidades e dá jeito quando chove e não podem ir ao lavadouro.
As mulheres iam de madrugada para ficarem no “olho do lavadouro” (espaço imediatamente a seguir à bica de água) e as mulheres que chegassem mais tarde teriam de ficar com os espaços a seguir à primeira e assim apanhavam as águas mais sujas da lavadeira que estava mais acima. Utilizava-se o “sabão-rosa”.
“Lavava-se roupa de oito ou nove pessoas porque era necessário levar os filhos para a escola com roupas limpas”.
A roupa molhada era muito pesada e por isso era normal atarem uma corda nuns pinheiros e deixar escorrer a água, principalmente os cobertores e os tapetes. Depois carregava-se à cabeça a bacia com as roupas de volta a casa.
Hoje em dia, as máquinas de lavar e secar roupa tomaram o lugar dos lavadouros. Lava-se à mão para “matar saudades” quando vem o sol.
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