Castro Verde é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo, com cerca de 4 200 habitantes.
É sede de um município com 569,44 km² de área e 7 276 habitantes (2011), subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Aljustrel e Beja, a este por Mértola, a sul por Almodôvar e a oeste por Ourique.
Castro Verde está situado no Baixo Alentejo, na região do Alentejo, num território conhecido como o Campo Branco. Uma grande parte do território do município encontra-se dentro de uma zona da Rede Natura 2000 da União Europeia, representadas por uma Zona de Protecção Especial para as espécies de aves estepárias ameaçadas como a abetarda e o peneireiro-das-torres. As fronteiras do município são marcadas nas bermas das estradas que conduzem até aos limites do território com o emblema logotipo do concelho - o marco do município - "Uma janela sobre a planície".
O actual presidente da Câmara municipal é Francisco Duarte, da CDU - Coligação Democrática Unitária, eleito em 2013.
Castro Verde recebeu a Carta de Foral em 1510 por ordem do rei D. Manuel I. O ano de 2010 marcou o 500.º aniversário do foral.
Geografia
A região de Castro Verde é constituída por extensas zonas de colinas, referidas como uma peneplanície que varia em altitude de 100–300 m (300-900 pés) acima do nível do mar. Os vales dos rios e os afloramentos quartzíticos, levantados pela erosão que o vales do rios provocam, o que tornam estes a níveis principais na região. A zona de Castro Verde insere-se na Faixa Piritosa Ibérica que começa em Aljustrel, prolongando-se pelo Baixo Alentejo e que se estende até ao Sul de Espanha.
Esta faixa piritosa foi formada há milhões de anos atrás, numa época em que Portugal estava separado pelo mar do resto da Península Ibérica e colidiram com esta causando uma série de eventos ligados ao vulcanismo activo e hidrotérmico, levando à formação deste complexo vulcânico-sedimentário conhecido como a Faixa Piritosa Ibérica.
A actividade mineira nesta região remonta há milhares de anos, com restos de estruturas de mineração que remontam à época romana, quando a região teve um papel significativo na expansão da metalurgia romana. Esta zona sul da Lusitânia, foi uma província romana e, durante vários séculos foi uma fonte abundante de minerais de minério em que se incluem ouro, prata, cobre, estanho, chumbo e ferro.
Clima
O Oceano Atlântico tem pouca influência nesta região, onde a chuva cai principalmente no Outono e no Inverno, característica de um clima mediterrânico Csa, segundo o sistema de classificação climática de Köppen-Geiger, sub-húmido, com Verões quentes e secos e Invernos húmidos e suaves. A precipitação total anual média é de 589 mm.
Localização
A vila de Castro Verde localiza-se no Baixo Alentejo, em Portugal, 180 km a Sudeste de Lisboa, e 80 km a Norte do litoral do Algarve. É servida pela auto-estrada A2, ficando o nó de saída a cerca de 8 km a Oeste de Castro Verde. As distâncias aos aeroportos são: Lisboa — 190 km, Aeroporto de Beja — 53 km, Faro — 100 km, e Sevilha — 270 km.
História
A pré-História da região do Baixo Alentejo remonta a 200 000 a.C., período em que, o território é conhecido por ser o habitat dos neandertais migratórios do Norte da Europa durante o período Paleolítico Inferior. Estas culturas continuaram a existir até cerca de 28 000 a.C. quando o homem-de-neandertal enfrentou a extinção, com o seu último refúgio a ser o que é actualmente Portugal.
Esta zona sudoeste da Ibéria foi uma região humanizada por várias culturas. Isto devia-se à sua posição comercial estratégica no Mediterrâneo, com a presença de riquezas minerais abundantes. O povoamento começou com a migração dos Celtiberos para a Ibéria Central no século VI a.C., seguida pela instalação dos Celtici na região do Alentejo. A partir do terceiro século até aos dois últimos séculos antes de cristo estas tribos com uma unidade política básica celtibérica foram substituídas pelo ópido, um povoado fortificado e organizado com um território definido que inclui os castros (cultura castreja) como subdivisões subordinadas.
As provas da existência de antigas culturas na zona de Castro Verde é constatada pela descoberta do Silabário de Espança, encontrado perto das aldeias de Neves da Graça e A-do Corvo na freguesia de Santa Bárbara de Padrões. O item arqueológico diz respeito ao que é referida como a escrita paleohispânica sudoeste ou escrita tartésica — língua tartésica, a mais antiga escita paleohispânica com uma origem que se suspeita, estaria relacionada com o alfabeto fenício, o que por sua vez indica contacto com Fenícia. Os turdetanos do período romano são considerados os herdeiros da cultura tartésica.
Silabário de Esperança
A humanização da região de Castro Verde durante o período da história clássica é devida ao facto de predominantemente estar localizada numa zona estratégica de depósitos minerais da Faixa Piritosa Ibérica. Castro Verde encontra-se ao longo de uma rota de transporte de minério que existiu entre as minas de Aljustrel 20 km a norte, e a vila portuária de Mértola, 40 km a este, situada no rio Guadiana. Durante o período romano de ocupação a extensiva exploração mineira e o entreposto de minerais requereu fortificações para protecção e armazéns para os minerais. No território do concelho Castro Verde, há restos de mais de 20 dessas pequenas estruturas.
Juntamente com a actividade mineira, a zona tornou-se numa vasta área de produção cerealífera e criação de bovinos e ovinos. A riqueza e abundância deste conjunto de "economias de base" cresceu a tal ponto que Castro Verde se tornou um centro regional de comércio e, assim, uma encruzilhada de culturas dentro da zona do Mediterrâneo. O domínio romano estendeu-se por quatro séculos, seguindo-se o período de migração dos Visigodos (300-700 a.C.) e a sua expulsão pelos mouros (711 a.C.) na conquista Omíada da Hispânia, que por sua vez são expulsos da região durante a reconquista cristã, através da Batalha de Ourique nos próximos Campos de Ourique, que por sua vez resultaram na formação do reino de Portugal, através do Tratado de Zamora em 1143.
Faixa Piritosa Ibérica
Este local de nacismento lendário do Reino de Portugal encontra-se numa curta distância a sudeste de Castro Verde nos Campos de Ourique. A Basílica Real de Castro Verde, que foi mandada construir pelo rei D. Sebastião em 1573, foi construída em homenagem à vitória cristã designada como a Batalha de Ourique. Reza a lenda que D. Afonso Henriques, que foi proclamado Príncipe de Portugal depois da Batalha de São Mamede, derrotou cinco reis mouros e foi assim proclamado rei a seguir à vitória. As paredes da nave central da Basílica Real estão cobertas de azulejos que imortalizam as cenas da batalha.
"D. Afonso Henriques" - Painel de Azulejos da Basílica Real
Na primeira metade do século XIII a Ordem de Santiago conquistou as planícies do Alentejo. Naquela época, Castro Verde existia como um pequeno povoação autónoma. Recebeu a carta de foral a 20 de Setembro de 1510 e manteve as suas fronteiras inalteradas até ao século XIX, apesar de numerosos processos de reorganização territorial na região. Em meados do século XIX os municípios vizinhos foram reorganizados, no âmbito de uma reforma administrativa, dando forma ao município de Castro Verde tal como se mantém na actualidade.
Embora a ecologia humana deste território foi marcado pelo estabelecimento de várias civilizações, todas baseadas na exploração mineira, cultivo de cereais e criação de bovinos e ovinos, foi apenas no início do século XIV que os territórios se tornaram organizados, como distintas entidades económicas, no seio do novo reino. During esta época pós-reconquista, vastas pastagens da zona de Castro Verde foram concedidas pelo rei D. Dinis (O Lavrador), o que resultou na gestão de milhares de hectares sob cultivo rotativo para virem a ser a cesta de pão de Portugal e a mais importante pastagem do país. Com o passar dos séculos, o território tem sido continuamente influenciado por uma transumância que deixou uma identidade cultural única na formas da arquitectura, artes, música e poesia, expressas pelas activitidades quotidianas das pessoas que vivem do campo.
Mais recentemente o município de Castro Verde desenvolveu a sua própria identidade cultural baseada on milénios de intercâmbio cultural. A partir das suas origens na mineração e na agricultura, a comunidade transformou-se numa vila, tendo planos para o futuro centrados na integração da arquitectura romana e islâmica na eco-arquitectura moderna. O turismo cultural tem ressurgido para manter viva a arte tradicional, a música e a poesia típica da região. O ano de 2010 foi marcado durante todo o ano pelas comemorações do 500.º aniversário dos forais de Castro Verde e de Casével.
Carta de Foral de Castro Verde
Património
Um dos seus mais bonitos monumentos é a Basílica Real, com espantosos azulejos que retratam cenas da Batalha de Ourique, na qual, reza a lenda, D. Afonso Henriques venceu cinco reis mouros, expulsando-os da região e conquistando o sul do país.
Basílica Real
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