O Património Geológico, constitui uma importante componente do Património Natural. Pode definir-se como um georrecurso não renovável que, pelo seu valor intrínseco, mas também cultural, estético, económico, funcional, científico e educativo, deve ser preservado para as gerações vindouras. Neste contexto, importaconhecer as ameaças a que está sujeito; definir acções que assegurem a sua protecção, definir medidas e implementar estratégias de (geo)conservação, integrando essas acções em políticas promotoras e integradoras, da valorização do Património Geológico, respeitando os princípios da sustentabilidade.
Alguns locais ou estruturas singulares, bem definidas geograficamente, podem apresentar pelas suas características raras ou peculiares, valor científico, cultural, estético (p.ex. paisagístico), cultural (p.ex. turístico) ou pedagógico que por si justifiquem a sua classificação como geomonumentos (geossítios ou geótopos). Estas ocorrências geológicas constituem memórias que importa preservar que valorizam o Património Geológico no âmbito mais vasto do Património Natural.
A classificação dos geomonumentos de acordo com os critérios de Galopim de Carvalho (1999) permite uma abordagem eficaz, na linha da protecção, preservação e valorização:
- a nível do afloramento, quando constituem pequenas ocorrências, em regra com uma extensão variável até dezenas de metros;
- a nível do sítio, quando, ocupando uma área/extensão de centenas de metros, oferecem condições propícias à circulação antrópica;
- a nível da paisagem, à escala quilométrica, podendo observar-se a partir de miradouros.
A existência de um inventário exaustivo e pormenorizado da geodiversidade e das peculiaridades geológicas é muito importantepara a prossecução dos objectivos da geoconservação. Muitos destes locais não possuem qualquer estatuto de protecção embora, alguns deles tenham passado a dispôr de medidas de geoconservação por se encontrarem em áreas protegidas.
A análise, que visa, genericamente, a valorização do Património Geológico, inclui um conjunto de tarefas, a realizar, sequencialmente (Brilha, 2005): inventariação e caracterização; quantificação; classificação, conservação, valorização e divulgação e, por ultimo a monitorização dos geomonumentos.
Nesta sequência assume particular importância, dificuldade e delicadeza, o processo de quantificação, no qual assenta a seriação dos locais para se afirmar que um geomonumento é mais importante do que outro. Nesta análise estão definidos diversos critérios e factores de ponderação que têm em conta factores como:
Ø as características intrínsecas de cada geomonumento, de que sã exemplo, a abundância/raridade, extensão, grau de conhecimento científico, elementos culturais associados, estado de conservação;
Ø o seu uso potencial, isto é, as condições de observação, acessibilidade, proximidade a povoações;
Ø o nível de protecção necessário, decorrente das ameaças actuais/potenciais, valor económico dos terrenos, regime de propriedade, fragilidade/vulnerabilidade.
As etapas de inventariação, caracterização, quantificação e classificação do Património Geológico constituem importantes instrumentos de apoio à decisão, em termos de legislação específica a criar no âmbito da implementação de medidas de protecção dos monumentos, PDM’s e na valorização dos recursos endógenos, nas suas múltiplas vertentes.
A consciencialização/educação das populações para a conservação dos recursos naturais regionais é crucial para a protecção da diversidade. Importa melhor conhecer e caracterizar a Geodiversidade e o Património Geológico, não só em prol da sua preservação, mas também para a identificação de ameaças e a sua valorização e gestão sustentável.
Bibliografia
Fonseca, A., Rodrigues, M. A. (2008). A valorização do Geopatrimónio no desenvolvimento sustentável de áreas rurais. Universidade de Lisboa.
Nunes, J. (2006). Geodiversidade, Património Geológico e Geomonumentos. Universidade dos Açores.
in http://sustainabilitywithus.blogspot.pt/2010/01/patrimonio-geologico-e-geomonumentos.html por Cristina