Capela da Senhora das Neves, em local ermo, próximo do Lugar de São Lourenço, Freguesia de Cabril – Montalegre.

Planta retangular simples e sacristia também retangular adossada à parede sul. Volumes simples e cobertura em telhado de duas águas. Cunhais apilastrados encimadas por pináculos e ângulos das empenas encimadas por cruzes. No corpo correspondente à sacristia, a empena remata com campanário de arco encimado por cruz e flanqueado por pilastras. A chave do arco é decorada com carranca. O aparelho é em silhares de granito com as juntas pintadas a branco. Fachada principal orientada a oeste, portal de verga reta com lintel assente em duas pilastras e provido de porta metálica de duas folhas gradeada de meia altura para cima, flanqueado por dois pequenos vãos retangulares. É encimado por nicho com imagem de Nossa Senhora das Neves inscrito no tímpano de um frontão triangular ornado com dois pináculos e uma cruz ao centro. A empena é rematada por cornija. No alçado norte porta tendo no lintel inscrição avivada a branco e caracteres a preto: "INS ANO DE 1720" suportado por duas pilastras. Porta de madeira de duas folhas. Segue-se um pequeno vão, já próximo do cunhal. Alçado este cego. Alçado sul com um pequeno vão junto ao corpo da sacristia que ostenta pequeno vão nos panos virados a este e oeste e óculo no virado a sul, sob o campanário. Interior com total correspondência exterior/ interior. As paredes são rebocadas a branco, o teto é em madeira e o pavimento em lajes graníticas. No lado da Epístola rasga-se porta de acesso à sacristia seguindo-se um púlpito apoiado em consola pétrea. A capela-mor é marcada por três degraus que dão acesso ao altar - flanqueados do lado do Evangelho por inscrição: "VIDIQVASIPV" - com retábulo de talha dourada e azul com imagem da santa ao centro. Na sacristia, na parede este, uma pia em forma de concha encimada por curiosa figura feminina em alto relevo sobre a qual se rasga um nicho.
O cruzeiro antigo, que existe na frente da capela foi mandado erigir por Domingos Aguiar, morador que foi no lugar de Vila Nova, por graça recebida pela sua filha Ana Aguiar. Foi derrubado por um camião em 2017, quando das obras no recinto e partiu, ficando no novo cruzeiro integrada a base do cruzeiro original com a evocação, conforme se pode verificar no local. Sendo um cruzeiro granítico simples, com soco de um degrau e base lisa com inscrição: "1960/ D.AGUIAR/ OFERECE/ A N.S.DAS/ NEVES/ PELA SUA/ FILHA/ A. ALVES". Sobre a base ergue-se cruz latina simples com haste vertical inteira servindo de coluna.

Fonte: Património Cultural
RESENHA HISTÓRICA
O Padre Diogo Martins Pereira diz no seu manuscrito que o Padre João Martins Pereira do Lugar de Chelo, Freguesia de Cabril foi o impulsionador da construção da atual capela da Senhora das Neves. Quando se decidiu pela construção da nova capela, no local haveria apenas só ruínas do convento das Pondras e da Igreja tinha ao lado, destruídos pelos invasores na guerra da delimitação de fronteiras e de combate aos cristãos. Diz o Padre Diogo, que leu num catálogo dos antigos Mosteiros dos religiosos de São Bernardo, onde citava o Mosteiro de Pondras, que pagava nos primeiros anos uma pensão ao Mosteiro da Senhora das Unhas que se situava na Vacariça de Pitões – Montalegre. Só deixaram de pagar porque estes não concorriam com nada para a Igreja da Senhora das Neves. Foi então estabelecido que os moradores dos lugares adjacentes contribuíssem com um tostão para aí se festejar a Senhora das Neves no dia cinco de agosto.
O Padre João era um fervoroso devoto da Senhora das Neves e não descansou enquanto não edificou uma nova Capela, que diz ter como alicerce a igreja antiga que estava ao lado da porta principal do mosteiro das Pondras. Quando da execução das fundações foi retirado do mosteiro um varão de ferro que fazia parte da cobertura, concluindo que a base estaria muito funda, o que tornava ao tempo impraticável a sua descoberta à luz do dia. Aproveitou assim o suporte da Igreja antiga para instalar a nova capela. A verdade é que existe ali pedra sobrante antiga, possivelmente de uma outra construção antiga existente (Mosteiro das Pondras) que estaria ligado ao Mosteiro de Pitões. Escavações no local, colocariam em visibilidade a necessária confirmação. A capela tem inscrita a data de 1720, que é a data de construção em honra da nossa Senhora das Neves. O Padre João de Chelo, nascido neste lugar e provavelmente Pároco da freguesia de São Lourenço de Cabril, é citado pelo Padre Diogo, que viveram no mesmo século e a fonte de todo a informação. Não há data exata da construção do Mosteiro, que albergaria cerca de 60 Monges, mas o encontro de ferro nas escavações poderá indicar o século da sua construção. O ferro forjado começou a ser utilizado na Península Ibérica a partir do século XV, pelo que pode ser nesse século o surgimento do Mosteiro. O Padre Diogo Martins Pereira, escreveu que no convento viviam 60 Monges trabalhavam e oravam, sendo mortos pelos invasores.
Fonte: EcosdeBarroso
|