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Zambujeira e Serra do Calvo - Moinhos Traditional Cache

Hidden : 08/28/2018
Difficulty:
1.5 out of 5
Terrain:
1.5 out of 5

Size: Size:   small (small)

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Zambujeira e Serra do Calvo - Moinhos

A Zambujeira situa-se muito perto da sede da freguesia e concelho da Lourinhã (cerca de 2 km a norte), facto de que, ao longo dos tempos, terá beneficiado, pelo menos em termos de assistência religiosa.

A palavra Zambujeira parece vir de uns arbustos chamados “zambujos”, também ditos azambujos, azambujeiros e zambujeiros (palavras de origem árabe, com o significado de “oliveira brava”) os quais existiam junto de um casal composto por três casas, que deu origem a esta localidade.

Em 1527, a aldeia de “Azambujeira” tinha 18 habitantes em 1911 tinha 276 habitantes e 66 fogos.

Da Igreja muito pouco se sabe da história da Zambujeira (Zambujeira do Mar, com se dizia antes para a distinguir de outras terras com o mesmo nome). Talvez que aprofundadas pesquisas levassem à revelação de algum dado interessante. É, porém, provável que a povoação crescesse muito ligada à sua Capela ou Igreja, datando a actual possivelmente do século XVII. No respectivo e pitoresco relógio de sol figura gravado na pedra, o ano de 1676. Crendo-se: ser esta a dita da construção não só do templo como do Cruzeiro vizinho. Sabe-se também de um restauro em 1859. E, em escritas de 1891 a 1895, há referência a propriedades que a Igreja possuía e das quais recebia rendas pagas em alqueires de trigo.

Antigamente rodeava a Igreja um cemitério que deixou de existir há mais de 150 anos. Desse encontraram-se ossadas, por ocasião de um restauro, as quais foram depositadas debaixo do templo.

E, até há cerca de 40 anos, existiu igualmente um coreto, muito mais bonito do que o actual, situado um pouco a norte deste e mais para dentro. Era muito alto e estava pintado de vermelho escuro.

Centro espiritual da povoação, a Igreja é também o seu principal monumento. Adornam-na, sobretudo, os dois altares laterais de talha dourada. No principal, o altar-mor, em lugar de honra está a bela imagem de Nossa Senhora das Dores, a Padroeira da terra, depois de ter sido seu orago São Bartolomeu. No altar lateral direito, o destaque vai para São Bartolomeu e, no altar lateral esquerdo, para o Sagrado Coração de Jesus. Há, porém, outras interessantes imagens: o Menino Jesus em sua redoma, São Sebastião, Nossa Senhora da Conceição, Santa Luzia, Santo António, Nossa Senhora de Fátima, e, nos nichos, das paredes Laterais, Santa Bárbara e São Marcos.

A Igreja possui ainda castiçais antigos e lamparinas. De realçar é também o púlpito destinado às pregações mais solenes: dias da festa anual, “sermões das almas”, etc.

Merece igualmente atenção o arcaz da sacristia, encimado por um painel muito antigo de que se desconhece o autor. E, próximo, um velho cadeirão -arca onde se guardam objectos diversos da Igreja. Já não existe o antigo tecto com pinturas, que o actua o substituiu.

O chão de madeira foi. na mesma ocasião (há 35 – 40 anos) substituído por um de pedra, e nas paredes, o revestimento de madeira deu lugar ao de azulejos.

A Igreja ou Capela continua a ser, nos nossos dias, um factor de dinamização da vida religiosa e até cívica, por meio da missa dominical, por meio dos grupos de catequese, pela acção de equipas vocacionadas para específicas actividades, como são, por exemplo, o Grupo Bíblico e o Grupo de Jovens, estes últimos à procura de uma postura na vida, à luz da doutrina cristã e dos valores humanos.

As Fontes do seu passado (que devemos conservar) a Zambujeira guarda duas fontes: uma, a “Fonte Velha”, à beira da estrada principal e que, há umas três décadas; perdeu o seu singelo aspecto primitivo: uma enorme laje a cobri-la e os pequenos poiais onde as mulheres assentavam as bilhas e as quartas. Junto ficava o chafariz de pedra que dessedentava os animais.

Resta a “Fonte Nova”, de muito menos caudal e água mais grossa. Nela a Junta de Freguesia acabou de pôr uma portinhola, como medida de protecção, esperando-se que, num futuro próximo, sofra arranjos mais profundos. E que lhe conservem os mesmos enfeitos e a mesma cor. Ê uma fonte tragicamente ligada a uma história de amor ali terminada em suicídio. E outra tentativa de pôr termo à vida só não se consumou por a fonte ter pouca água. Os mais velhos ainda se lembram destes tristes episódios.

Os Moinhos, testemunhos preciosos do trabalho dos nossos antepassados, são em número de três e alegram ainda a paisagem da Zambujeira. Podemos já não ouvir o zumbido dos seus “búzios”, onde ecoava o vento. Podemos também não ouvir o ruidoso rodar das suas mós, mas contemplar o seu perfil branco e gracioso e ainda voltar à época em que aí eram levados os sacos de grão depois transformados em farinha e em pão, “o pão nosso de cada dia” tantas vezes escasso e amassado com suor do rosto.

Para a missa e para o moinho não esperes pelo vizinho” – diz o povo, significando a importância destas duas dimensões da vida: a espiritual e a material- o pão da alma e o pão do corpo.

A Zambujeira e, consequentemente, a Serra do Calvo estiveram, durante décadas (ou séculos) quase isoladas, pois era um simples caminho (no Inverno, em vários ponto, intransitável) que ligava as duas povoações à estrada nacional. Isto aconteceu até cerca de 1930. O escoamento dos produtos da terra e a importação de adubos e outras mercadorias eram feitos em carros puxados por bois, muares e burros; e os locais mais lamacentos, por vezes, tinham de ser cobertos com mato ou molhos de vides, a fim de ser possível a passagem. Aliás, dentro das próprias povoações, havia ruas mais alagadas em que se fazia essa cobertura com mato.

As tradições ainda existentes ou recordadas na Zambujeira prendem-se, na sua maioria, com os trabalhos do campo e são comuns a outras terras da região, incluindo a Serra do Calvo.

Recorda-se, por exemplo, a azáfama das vindimas (outrora numerosas): o transporte das uvas para os lagares, em grandes tinas, sobre carros de bois ou carroças; depois, o ritual da pisa (com os pés bem lavadinhos à entrada, ou talvez não); o apertar da prensa; o desfazer desta; o desengaço o envasilhamento nas pipas e tonéis cuidadosamente lavados e reparados; a fermentação do vinho ou da água-pé, até saírem todas as impurezas; e, tempos depois, a prova do precioso líquido, para a qual normalmente se convidava um amigo conhecedor destas coisas (para provar e dar a sua opinião sobre a qualidade do produto).

O fabrico doméstico do vinho foi rareando. Já quase não se ouve o característico tilintar dos ferrinhos da prensa no acto de espremer as uvas, um som que, outrora, retinia nos nossos ouvidos ao longo de muitos dias e prolongando-se pelas noites fora.

Outra actividade agrícola que fomentava o espírito de convivência e entre ajuda era a escarapela que, em luminosas noites de luar, reunia nas eiras muita gente, toda empenhada em livrar das maçarocas os espessos capelos.

Não faltava, claro, a mocidade, tantas vezes aí atraída ao rebate do seu coração enamorado. Dizem as pessoas mais idosas que, em tempos antigos, quando um felizardo ou uma felizarda achavam uma maçaroca encarnada deviam dar um abraço a cada um dos presentes. Quando encontravam uma maçaroca raial deviam dar um beijo.

Depois as maçarocas eram despejadas dos cestos, na eira; ficavam a secar; e lá viria o mangual ou malhal para separar o milho do sabugo, acabando os últimos grãos por serem separados à mão.

Na eira ocorria igualmente a debulha de diversos cereais legumes. Tudo começava com o fazer da eira, a cargo de um rebanho de ovelhas (ou de cabras), que dava voltas e mais voltas sobre o ” chão que se ia molhando. No fim, deixava-se secar e ficava um piso duro bem vincado, por milhares de pequenas pegadas dos pacíficos animais.

Era, então, o momento de fazer o “calcadoiro”; os molhos de trigo eram desatados e estendidos na eira para, a seguir, serem pisados e triturados pelos poderosos dentes do trilho puxado por animais. O trilho, espécie de estrado, carrinho em que se sentava um adulto; mas no qual os mais pequenos se deliciavam em andar, nessas viagens sem destino à volta da eira. O pior era quando se escorregava e se caía.

Era um voltear sem descanso até a palha ficar bem moída. Finalmente, o trigo, sendo mais pesado, repousava sobre o piso da eira; retirava-se a palha; depois ainda, as pás, aproveitando o vento da tardinha, elevavam no ar o cereal que caía aprumo, enquanto as últimas sujidades iam ter mais longe levadas pela, brisa.

E era também a curiosidade de saber se, naquele ano, o trigo rendia ou não (quantos sacos? quantos moios?), tudo medido a alqueire com a respectiva rasoira.

Um dia, porém, vieram as máquinas debulhadoras e tudo se modificou. O trigo, a cevada, a aveia passaram a ser debulhados por processos mecânicos, que pouco a pouco, se alargariam a outros produtos agrícolas. Hoje, como se costuma dizer há máquinas para tudo!…

Outra das tradições em vias de extinção é a da matança do porco, outrora “obrigatória” em todas as casas abastadas ou remediadas.

Era o tempo em que, nas aldeias, só alguma rara pessoa ia ao talho. Era o porco, críado ali ao lado do homem, e morto uma vez por ano (só em poucos casos duas vezes) que fornecia ao agregado familiar o principal da pouca carne que então se comia. Esquartejado (“desmanchado” como se dizia) o animal ia encher os bojudos salgadouros (ou a salgadeira, para o efeito construída), sendo parte encaminhada para os chouriços, cuidadosamente temperados e chamuscados no fumeiro. E assim se tinha a carne e o toucinho para um ano inteiro, depois também se fazia os apreciados torresmos e a útil banha. Para o aproveitamento do sangue, lá estavam os chouriços destes, nome chamados. Era um espectáculo algo cruel ouvir os grunhidos aflitos dos suíno, debatendo-se com a faca espetada no coração, de onde jorravam de vermelho sangue que os alguidares recolhiam.

Mas, passada essa cena, que alguns não gostavam de ver, todos se afadigavam em volta do animal, primeiro, para o chamuscarem (o mato e a sama (caruma) eram o principal combustível), e depois, para o abrirem e de penduraram numa grossa viga, a fim de sangrar completamente. Mais tarde, eram um regalo e uma festa o almoço com o sarrabulho e o jantar, em que a caminha fresca fazia as honras da casa farta. Hoje, já mal nos chegam os ecos de uma ou outra “matança do porco”.

E há as tradições de carácter religioso, eles também, grande parte, sumidas na voragem do tempo.

Muito mais do que hoje, a vida era impregnada de religiosidade.

Em muitas casas, rezava-se depois das refeições. As pessoas acorriam em grande número às várias devoções na Igreja às “rezas” (normalmente à noite) ou alguns sermões tidos como mais importantes o caso do “sermão das almas”. Em certos dias do ano, como hoje acontece, por exemplo, no dia da festa anual a Igreja era pequena para acolher tanta gente. A maioria das, pessoas fazia a “desobriga”, ou seja, confissão e a comunhão anuais, casamento quase só se entendia ser o religioso. Todos ou quase todos aprendiam as suas orações, ensinadas pela mãe, ou por uma senhora da terra, às vezes a única catequista durante muitos anos.

Raras eram as crianças que não faziam a Primeira Comunhão e a Comunhão Solene.

A devoção às Almas do Purgatório era muito grande. Dela sendo prova o costume das Janeira, que agrupava homens da Zambujeira, da Serra do Calvo e do Seixal. Andavam de porta em porta, cantando, ao som de alguns instrumentos e rezando pelas almas dos familiares daqueles de quem recebiam esmolas. Sendo estas, quase sempre produtos depois convertidos em dinheiro, por sua vez empregado para rezar missas pelas almas, dos defuntos.

As Janeiras com o seu brilho tradicional subsistiram até à relativamente poucas décadas, havendo desaparecido com o falecimento dos principais membros do grupo.

E de outras formas se veneravam as almas dos antepassados, como a de invocar o seu auxílio no começo do trabalho: “Almas” Santas me ajudem!”. Ou simplesmente” Almas Santas!” ……

Mas a mais importante manifestação religiosa de caracter colectivo tem sido, e continua a ser, a festa em honra da Padroeira da terra: Nossa Senhora das Dores.

Consta que de começo, o orago era São Bartolomeu, que continuava representado numa imagem, à volta da qual se não uma lenda. Segundo esta, noutros tempos, realizava-se na Zambujeira uma feira de gado, mas, como a localidade não possuía água suficiente, aquela teve de ser transferida para a povoação de São Bartolomeu. E, nesses dias de feira, a imagem do Santo homónimo era para lá levada. Porém, chegada a noite, diz-se que voltava sozinha para o seu altar da Zambujeira.

Há na Zambujeira uma grande devoção a Nossa Senhora das Dores. E até de outras terras aqui vêm cumprir promessas ou invocar a Virgem. No dia da festa anual, último Domingo de Agosto, acorre à localidade grande número dos seus filhos dispersos pelos quatro cantos do mundo. E a procissão que se segue à Missa Solene, tem sempre uma forte participação.

Falando-se de festas, recorda-se que, até aqui há quase meio século, era na Zambujeira que a vizinha Abelheira vinha fazer a sua festa (a parte religiosa) em honra de São Sebastião. Assim foi enquanto aquele lugar não teve Capela. O préstito vinha e ia pelo tortuoso caminho do rio Loiral.

A imagem de São Sebastião, sita num dos altares da Igreja da Zambujeira, lembra esses tempos.

Por sua vez, a Serra do Calvo também celebrava, na Zambujeira, a sua Padroeira “Nossa Senhora da Conceição”.

Pessoas que devem ser recordadas não podemos, naturalmente, recordar aqui todos aqueles, que, nascidos ou não na Zambujeira, contribuíram para que a povoação crescesse e chegasse ao nosso tempo. Quantos, generosamente, concorreram para os restauros da Capela; quantos ensinaram às crianças os princípios da Doutrina Cristã; quantos socorreram a pobreza que, em épocas passadas, foram grandes nomes e nomes que fariam uma longa lista, mas que hoje desconhecemos.

Quanto à origem da terra e do respectivo nome, Serra do Calvo, este sugere-nos a existência de um primitivo casal cujo proprietário seria calvo. E, como a aldeia se situa num alto, sobretudo para quem vem do lado do rio, desta circunstância terá advindo o nome de “Serra”.

Como se disse, a localidade aparece mencionada num documento de 1772, se o sacerdote autor da doação, que aqui tinha propriedades, talvez fosse natural destes sítios.

Pouco mais sabemos da história da Serra do Calvo, pelo que nos cumpre falar tão somente do seu presente ou de um ou outro vestígio mais antigo.

Um destes que, durante muitos anos conhecemos, mas que já não existe, era a pequenina mas encantadora fonte velha, situada em frente da casa do Sr. José Ferreira. Infelizmente, desapareceu com o alargamento e arranjo da actual rua.

Na altura, a vetusta fonte praticamente era já apenas uma relíquia do passado, pois pouca água dava e, cremos, imprópria para consumo. Em sua substituição fora construída uma fonte localizada junto do rio, esta de puríssimas e abundantes águas, que chegavam para a povoação inteira e respectivo gado, que ali tinha (tem) um grande chafariz.

E, precisamente por ser farta, a fonte viu construir junto de si, mas do outro lado do riacho, os tão úteis lavadouros onde, durante algumas dezenas de anos, as mulheres lavaram a roupa. Anteriormente faziam-no no pequeno, mas por vezes caudaloso curso de água, que atravessávamos saltitando de pedra em pedra. E muitas ‘lavadeiras procuravam ainda o sítio do Loira sob a densa copa do arvoredo que ali arremedava a abóbada de antiga catedral.

Um cenário bonito, o do pequeno e fresco vale dai ontem cheio de vegetação por um lado, e ladeado do outro pela íngreme e dura “Piçarra”.

Como ele recorda o tempo em que miúdos e graúdos refrescavam a garganta em qualquer cantante ribeirinho. Dava-se uma cuspidela, se a saliva se desfazia, era sinal certa de que a água estava boa. E bebia-se sem hesitação, alguns, precedendo este acto da seguinte cantilena:

Água correntinha, Não faças mal à minha barriguinha Nem de noite, nem de dia Nem à hora do meio-dia. Padre Nosso, Avé-Maria.

Só tinha um contra esta fonte: situar-se um pouco longe da maioria da população e o acesso também não ser fácil, sobretudo de Inverno.

Aqui acorriam as gentes da terra e mesmo fora dela, a abastecerem-se do precioso líquido. Até que a água canalizada soou mais alto e as fontes deixaram de ser as Rainhas

E, em relação a este último, põe-se o defeito já apontado da desordenada ocupação do espaço, assim como o perigo de, também aqui, antigas e típicas casas serem demolidas.

Que se conservem, ao menos, alguns prédios antigos que se situam nas imediações ou no próprio Largo de Nossa Senhora da Conceição.

[GDCRZSC (2018) História de duas aldeias e suas gentes…]

 

A geocache

Pretende dar a conhecer esta simpática aldeia, os seus costumes e dois emblemáticos moinhos, dos três que ainda existem. 

O recipiente é de dimensões reduzidas e apenas contém logbook, pelo que devem levar material de escrita.

Sejam discretos na abordagem, pois disso dependerá a sua durabilidade e deixem tudo como estava, sff.



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