
Calipso era uma ninfa amaldiçoada da mitologia grega, cujo nome significa "aquela que se esconde". Vivia numa gruta dentro de uma montanha, na ilha de Ogígia, onde foi posta como prisioneira por apoiar seu pai Atlas na batalha entre os Titãs e o Olimpo. A gruta era profunda com amplos salões, que se abriam para jardins naturais, um lugar paradisíaco com grandes árvores e plantas que floresciam por entre a relva. A entrada da sua morada era cercada por um bosque sagrado, onde havia quatro fontes sagradas que simbolizavam os quatro cantos do mar mediterrâneo. Em plena natureza, as ninfas, que lhe faziam companhia e a ajudavam na arte de fiar e tecer, trabalhavam a cantar.
O episódio mais marcante acerca da ninfa é na parte terminal da Odisseia, quando esta salva alguém de um naufrágio e fica imediatamente apaixonada. Depois de uma tempestade severa que se prolongou por nove dias, apenas uma pessoa conseguiu sobreviver: o seu nome era Ulisses. Ela passava os dias a tecer e a fiar e, neste tempo, insistia em seduzí-lo, oferecendo-lhe inclusive a imortalidade se aceitasse ficar ali para sempre. Mas o herói resistia porque não conseguia esquecer a sua pátria, a sua esposa Penélope e seu filho.
Depois de sete anos, Zeus enviou Hermes até à presença de Calipso com ordem para que a mesma libertasse o seu hóspede. Desse modo, mesmo contra a sua vontade, ela forneceu os recursos para que Ulisses construísse uma jangada, deu-lhe provisões e assegurou-lhe vento favorável para o caminho de volta ao lar.
Era também assim que, no poema de Homero, a descrição da ilha era feita:
"Mas quando chegou por fim à ilha longinqua,
trocou pela terra firme o mar cor de violeta,
para que chegasse à grande gruta, onde vivia
a ninfa de belas tranças. E encontrou-a lá dentro.
Ardia um grande fogo na lareira, e ao longe,
por toda a ilha, se sentia o perfume a lenha de cedro
e incenso, enquanto ardiam. Ela cantava com linda voz;
e com lançadeira dourada trabalhava ao seu tear.”
"Em torno da gruta crescia um bosque frondoso
de álamos, choupos e ciprestes perfumados,
onde aves de longas asas faziam os seus ninhos:
corujas, falcões e tagarelas corvos marinhos,
aves que mergulham no mar em demanda de sustento.
E em redor da côncava gruta estendia-se uma vinha:
uma trepadeira no auge do seu viço, cheia de cachos.
Fluíam ali perto quatro nascentes de água límpida,
juntas umas das outras, correndo por toda a parte;
e floriam suaves pradarias de aipo e de violeta.
Até um imortal, que ali chegasse, se quedaria,
só para dar prazer ao seu espírito com tal visão.
E aí se quedou, maravilhado, o Matador de Argos."
De modo a descobrir a verdadeira localização da morada de Calipso, muitos estudiosos chegaram a inúmeras conclusões. No entanto, todos consideram que esteja numa ilha algures no Mar Mediterrâneo.

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