O Parque Corgo "situa-se nas margens do rio que lhe dá nome, e tem uma área de cerca de 33 hectares; está ligado ao Parque Florestal, um verdadeiro pulmão da cidade, e incorpora vários equipamentos: campos polidesportivos, itinerários pedestres, parque de merendas de Codessais (equipado com grelhadores e mesas), piscinas municipais abertas, parque infantil, cafés e casas de chá; é ainda possível ver antigos moinhos, alguns deles recuperados.
Na área correspondente ao Parque Florestal está instalado um circuito de manutenção, que convida à prática de hábitos de vida saudáveis. É nesta zona que se situam alguns organismos públicos: Direção Geral das Florestas do Norte, e o S.E.P.N.A. da G.N.R.. Numa das margens do rio estão a ser construídas as futuras instalações do Parque de Ciência Viva.
Esta área da cidade assume um papel primordial na vida dos vila-realenses, havendo uma notória ligação criada entre estes, o rio e todo o ambiente do Parque."
in https://www.cm-vilareal.pt
O Rio Corgo, sendo um dos afluentes do Rio Douro, nasce em Vila Pouca de Aguiar e desagua junto à cidade do Peso da Régua, num percurso de cerca de 43 km. A meio do seu trajeto, passa pela cidade de Vila Real, onde recebe como afluente o Rio Cabril, para além de diversos ribeiros. Logo abaixo de Vila Real e ao entrar no concelho de Santa Marta de Penaguião, o Corgo tem nas suas margens as vinhas da Região Demarcada do Douro, integrando a área classificada como Património da Humanidade pela UNESCO.
A partir da nascente, os primeiros 30 km são percorridos em substrato granítico, em grande parte recobertos por sedimentos, e o percurso restante é efetuado em formações metassedimentares que integram o Grupo do Douro. Esta dualidade litológica é bem expressa nas características morfológicas do rio, sendo Vila Real o ponto de união entre duas paisagens distintas: a montante, nos granitos, o vale aberto que constitui a Veiga de Vila Pouca de Aguiar, a jusante o rio encaixado entre as margens de xisto em que o Homem esculpiu os socalcos para plantar a vinha.
A cidade constitui pois uma zona de contacto entre rochas metassedimentares e rochas magmáticas, o que origina uma grande diversidade de aspetos geológicos.
Ainda em Vila Real, o Rio tem três açudes: o primeiro para lazer, no complexo do Codessais, com piscinas e praia fluvial, bares e animação nas noites de Verão; o segundo, criando um espelho de água em frente ao Parque Florestal, inicialmente destinado à alimentação da levada (vulgo, "rio das lavadeiras") de um moinho entretanto desativado; e o terceiro a jusante da cidade (no lugar da Ínsua, onde aflui o Rio Cabril), com o nome de Terragido, para aproveitamento hidroelétrico e tratamento de águas e resíduos urbanos.
É ainda antes de chegarmos ao primeiro açude que encontramos os fenómenos, objeto da nossa Earth Cache.
MARMITAS DE GIGANTE
O primeiro fenómeno, e que é dos dois aquele que mais salta à vista do incauto observador, são as marmitas de gigante. Diz o povo e tem razão, que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Assim acontece com este fenómeno. Ao chegar ao GZ, aos nossos pés, o leito do Rio Corgo surge estreito e de paredes abruptas, entalhando num vale em «V» fechado no substrato rochoso. A erosão e o transporte de sedimentos acontecem, nos períodos de invernia, de forma muito intensa.
As marmitas de gigante têm origem, numa primeira fase, nas irregularidades do leito rochoso do rio, que, no caso das marmitas do Rio Corgo, correspondem a um substrato de granito. Estas irregularidades retêm, nas suas proximidades, alguns sedimentos. A acumulação de sedimentos vai provocar um movimento turbilhonar da água, cuja energia cinética propicia um movimento circular. Pouco a pouco, devido ao atrito, os sedimentos vão escavando depressões mais ou menos circulares no leito do rio, dentro das quais ficam aprisionados. Com o decorrer do tempo, as depressões aumentam e os seixos que estão no seu interior tendem a tornar-se mais pequenos e esféricos, mas a continuidade do processo vai trazendo novos seixos para a crescente cavidade que os atrai como de uma ratoeira se tratasse. Estas depressões encontram-se sempre voltadas para cima, podendo aparecer isoladas ou em grupo. Com o tempo, as depressões vão-se aprofundando e alargando cada vez mais, podendo, muitas vezes, coalescerem umas com as outras, formando canais progressivamente mais profundos – canais de escoamento de água.
As Marmitas de Gigante do Corgo são de dimensão relativamente grande neste ponto, muito devido ao facto de um ligeiro aumento de declive do rio combinado com um “estreitar” das margens, provocando uma velocidade superior da água, o que favorece a maior capacidade erosiva e, como tal, mais e maiores marmitas.
FRATURAS ORIENTADAS (OU DIACLASES)
As fraturas orientadas ocorrem em todos os tipos de rochas e não são mais do que fraturas ao longo das quais não existiu movimento considerável. Normalmente, a maior movimentação corresponde ao afastamento dos compartimentos na direção perpendicular ao plano de fratura.
As fraturas orientadas caracterizam-se pela sua extensão, forma da superfície (plana, curvilínea ou irregular), atitude, frequência (número de fraturas subparalelas) ou espaçamento (distância entre duas fraturas subparalelas consecutivas), aspeto da superfície de fratura (lisa, rugosa, granular) e enchimento (se as fraturas se encontram ou não preenchidas e quais os materiais que as preenchem).
As interpretações propostas para explicar a origem das fraturas orientadas são diversas. No entanto, têm em comum o facto de se formarem por rutura das rochas, como resultado de um campo de tensões aplicado a estes materiais.
Para além de outras origens possíveis, as fraturas podem ainda resultar da expansão sofrida pelas rochas devido à descompressão provocada pela erosão dos materiais que as cobrem, ou da contração provocada pela cristalização magmática.
Nas rochas intrusivas, as fraturas orientadas podem ocorrer como resultado de mecanismos associados à implantação e arrefecimento do magma, bem como à deformação provocada por forças tectónicas a que a rocha é posteriormente sujeita.
A densidade da fracturação e a sua orientação pode variar com a forma, estrutura interna e proximidade dos limites do corpo intrusivo. O fraturamento é mais intenso junto às margens do corpo ígneo.
Nas rochas ígneas, são também muito frequentes fraturas que se desenvolveram subparalelamente à superfície topográfica (disjunção em laje). Pensa-se que estas estruturas, designadas por fraturas de descamação, estão associadas à descompressão sofrida pelas rochas quando, devido à erosão, são retirados os materiais que as cobrem.
Por vezes as fraturas encontram-se preenchidas por minerais resultantes da cristalização tardia de magmas ricos em voláteis ou resultantes da circulação de fluidos hidrotermais, formando-se assim filões, filonetes e veios de rochas pegmatíticas, aplíticas ou de quartzo.
Sendo os granitos, rochas com permeabilidade baixa é, em geral, a existência de fraturas que possibilita a penetrabilidade da rocha pelos fluidos, contribuindo para o aumento de reservas de água subterrânea e facilitando ao mesmo tempo a alteração da rocha.
O estudo da orientação sistemática das fraturas, fornece informações sobre a natureza e a orientação do campo de tensões que provocou a deformação. O seu conhecimento é importante, por exemplo, em áreas onde estão projetadas obras de construção civil.
A CACHE
O leito do Rio Corgo, nas coordenadas assinaladas, apresenta os dois fenómenos geológicos referidos, a saber, fraturas orientadas e marmitas de gigante.
O desafio desta cache prende-se com o objetivo de dar a compreender melhor estes dois fenómenos, bem como entender os respetivos processos de formação. Sendo assim, para reclamar o log desta cache, deve enviar um e-mail ao owner contendo os seguintes pontos:
1. Descreva por palavras suas como se formam as "Marmitas de Gigante" e as "Fraturas Orientadas".
2. Ao chegar ao GZ, olhando para o Rio Corgo, facilmente denotamos um bloco principal com diversas marmitas. Que dimensão lhe parece ter o diâmetro da maior marmita?
3. As marmitas observáveis são isoladas, em grupo, ou pode observar ambos os tipos?
4. Na parede localizada na margem direita do rio, podemos encontrar um bloco de granito com diversas fraturas orientadas. Quantos fraturas no sentido horizontal consegue distinguir?
5. Envie duas fotos dos dois fenómenos, onde faça incluir uma identificação do geocacher e/ou da equipa. Não precisa de mostrar o rosto.