Descobrimentos
Com a morte de D. Fernando, em 1383, instala-se uma crise de sucessão uma vez que este não deixa herdeiro varão e apenas uma filha D. Beatriz, casada com o rei de Castela. Apesar de, por contrato, este estar impedido de ser rei de Portugal, apresenta-se rapidamente como um dos candidatos à sucessão. No entanto, outros candidatos assumem-se também: D. Dinis, D. João e D. João Mestre de Avis, para onde pendeu o patriotismo. Com a morte do conde Andeiro, amante da Rainha regente D. Leonor e apoiante de Castela, a invasão torna-se inevitável e dão-se uma série de batalhas para defesa do reino sendo a mais importante a batalha de Aljubarrota, vencida pelos Portugueses. D. João, mestre de Avis é aclamado rei nas cortes de Coimbra o que, juntamente com as vitórias nas batalhas pela independência levam a que Castela reconheça a independência portuguesa a 31 de Outubro de 1411 confirmando-a depois a 30 de Outubro de 1451 pelo tratado de Medina del Campo. Não é possível compreender os motivos que levaram os portugueses aos descobrimentos de novas terras e novos povos sem compreender o contexto histórico que levou a tal iniciativa (Autor: Joaquim Alves Gaspar) Não é possível compreender os motivos que levaram os portugueses aos descobrimentos de novas terras e novos povos sem compreender o contexto histórico que levou a tal iniciativa (Autor: Joaquim Alves Gaspar) Portugal depara-se com um problema de difícil resolução: o de obter alimentos e rendimentos para desenvolver o país e melhorar o nível de vida das populações. Para além disso, na segunda metade do século XIV, surtos de peste bubónica levaram a um grave despovoamento, a economia era extremamente frágil, mesmo nas cidades, e o êxodo rural levou ao abandono da agricultura e ao aumento do desemprego nas povoações. Só o mar oferecia alternativas, com a maioria da população fixada nas zonas costeiras de pesca e comércio. Como a produção interna era insuficiente e por via terrestre Portugal estava “cercado” por um país inimigo, o rei vigente, D. Dinis, interessou-se pelo comércio externo marítimo, organizando a exportação para países europeus. É esta tradição marítima que vai conduzir, juntamente com muitos outros factores, à expansão marítima portuguesa e europeia nos séculos XV e XVI. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso directo às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio e procurar acesso directo a fontes de fornecimento de trigo, de ouro ou de escravos no norte de África. Em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos Otomanos, as trocas comerciais no Mediterrâneo de Veneza e de Génova ficaram muito reduzidas. O proveito de uma rota comercial alternativa mostrava-se recompensador. O país que o conseguisse iria ligar directamente as regiões produtoras das especiarias aos seus mercados na Europa. Um outro factor importante, que estimulou as navegações nesta época, foi a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis. O motivo religioso, sobrepondo-se a todos os outros, foi como tal apontado, entre outros, por João de Barros, Luís de Camões e Gil Vicente. Os Reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os réis absolutistas da época. Mas outros factores tiveram também bastante importância: a necessidade de expandir o território português; a experiência que os marinheiros possuíam devido à longa costa atlântica e aos bons portos portugueses; os instrumentos náuticos conhecidos na altura pelos portugueses: a bússola, o astrolábio, o portulano, o quadrante e a balestilha; e o avanço que a construção naval portuguesa teve sobre a dos restantes países ao desenvolver a caravela e as naus, mais resistentes para viagens longas e para as condições do mar que ainda eram desconhecidas. Portugal contou ainda com uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar.