
Situa-se este pequeno templo, de características rurais, no núcleo antigo de Arcena e a sua edificação remonta aos finais do séc. XVI.
Erguida no cimo de um alto escadório que lhe dá acesso, dela se pode contemplar uma vista panorâmica de grande beleza e alcance.

O patrono, S. Clemente, segundo a cronologia pontifícia, foi o quarto Papa, aquele a quem se atribui a introdução da palavra hebraica Amén no final das orações, como sinal de assentimento e concordância, exerceu o ministério petrino entre 88 e 97, ano em que terá sido lançado ao Mar Negro com uma âncora atada ao pescoço a qual, na iconografia cristã, é apresentada como símbolo do seu martírio.
Nesta Ermida merecem destaque a sua robusta galilé alpendrada, que faz o prolongamento do templo em dias de maior afluência de fiéis, os lindíssimos azulejos do séc. XVII, com motivos de tapete, representando camélias que revestem toda a capela-mor, dois túmulos epigrafados, uma pia de água benta de conceção manuelina e, sobretudo, o interessante retábulo do altar, em estilo maneirista, constituído por pequenos painéis de pintura sobre madeira e um nicho central com a imagem de S. Clemente.

Merecem ainda referência as imagens de outros santos ali venerados e um quadro representando A Descida da Cruz. Em 1910, após a Implantação da República, também esta Ermida foi encerrada ao culto. Porém, todo o património nela integrado manteve-se preservado, pois, segundo contavam os antigos, fora corajosamente defendido pelo próprio povo de Arcena, que nunca permitiu a profanação e saque da Ermida.


É, com efeito, o mais antigo e também o mais belo monumento de Arcena, em tudo digno de apreço e de visita.
Alfredo Marujo
Referências: