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Exemplo de uma Pia
A meteorização é a alteração dos materiais terrestres que faz com que sejam mais fáceis de erodir pelos agentes geológicos.
Os maciços granitícos são formados por rochas siliciosas, constituídas essencialmente por quartzo, feldspatos e micas. Estas rochas alteram-se pelo intemperismo num processo de meteorização química que ataca os minerais que formam a rocha, perdendo esta a sua coerência.
Um dos componentes atmosféricos mais importantes na meteorização química é a água, responsável pelo processo que afeta mais frequentemente as paisagens graníticas: a hidrólise.
A água que se acumula nas partes altas das rochas hidroliza-se parcialmente em iões que atuam como ácidos atacando feldspatos e micas, que se transformam em argilas, fazendo com que a superfície da rocha se vá desmoronando progressivamente. Esta ação é potenciada pelo dióxido de carbono atmosférico, que se dissolve na água formando ácido carbónico.
Formam-se assim despressões circulares que retêm quase sempre água, fazendo com que a hidrólise se mantenha de forma permanente. Estas depressões, que se demonimam, pias (ou gnamma, ou panholes, entre outras designações) não devem ser confundidas com as marmitas de gigante, que têm origem na erosão pelo movimento giratório de uma rocha nos cursos altos dos rios.
Morfologicamente, as pias variam em detalhe, no entanto a maioria são ovalizadas, elípticas ou circulares. Todas se distinguem pela sua capacidade de retenção temporária de água que, no caso de chuvas fortes, é evacuada da concavidade pelo transbordo difuso ao longo de todo ou de parte do contorno da pia, ou através de um canal preferencial, o designado exutório. O mais habitual é, no entanto, que a água desapareça da sua concavidade por evaporação.
É possível a distinção de vários tipos morfológicos de pias:
- pias de fundo côncavo ou pits: têm secção hemisférica e desenvolvem-se em superfícies suavemente inclinadas. Habitualmente não têm exutório definido mas, quando existe, este é estreito;
- pias de fundo plano ou pans: são, relativamente às anteriores, menos profundas e têm o fundo plano. Habitualmente não têm exutório definido, fazendo-se o transbordo da água ao longo de todo o contorno da pia;
- pias em forma de poltrona ou de paredes assimétricas: a sua secção transversal é assimétrica segundo a linha de máximo declive. Na parte superior as paredes da pia têm uma maior altura relativamente à inferior, que é onde se localiza o exutório;
- perfurações cilíndricas: a sua forma em planta varia, sendo geralmente circulares, com uma seção transversal retangular. O cilindro escavado na rocha, na fase final da sua evolução, pode terminar numa fratura, onde poderá ser possível a drenagem da pia.
Evolução de morfologias de pias pelo seu grau de destruição:
IA - Pit; IB - Pit telescópico; IC - Pit com as paredes laterais sobreescavadas;
IIA - perfuração cilíndrica; IIB - pia em forma de poltrona ou de paredes assimétricas; III - perfuração cilíndrica com exutório;
IV - Pia de fundo plano ou Pan.
Até há cerca de 2 séculos atrás a formação de pias era atribuída à acção humana e na Grã Bretanha, por exemplo, pensava-se que estavam relacionadas com cerimónias druidas. A cor avermelhada da água, devido ao crescimento de algas, o nos bordos das pias, devido à libertação de ferro durante a alteração da biotite e outros minerais, sugeria aos antigos a existência de sangue.
Os dados relativos a taxas de crescimento das pias não são claros. Desenvolveram-se pias sobre blocos derrubados em algumas áreas, sugerindo que as formas evoluem muito rapidamente, em termos geológicos, ao longo de poucos milhares de anos. De uma forma similar, uma pia de fundo plano formou-se durante os últimos 5000 - 5500 anos sobre o menir de St. Uzek. O desenvolvimento de pias pode ocorrer a uma velocidade de vários centímetros por século, podendo também ser um processo muito mais lento. Por exemplo, a profundidade da pia de Dartmoor foi já descrita em 1291 e também em 1609, tendo a sua profundidade sido medida em 1828, 1858, 1875 e 1929, tendo todos os resultados sido idênticos, não se observando por isso um significativo aumento do seu tamanho. Os fatores climáticos podem interferir no desenvolvimento da pia, no entanto a estrutura e o estado da rocha (alterada ou fresca) influenciam a velocidade, tipo e desenvolvimento das pias.
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