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Eudósia Multi-cache

Hidden : 10/5/2020
Difficulty:
2 out of 5
Terrain:
2 out of 5

Size: Size:   small (small)

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Geocache Description:


Eudósia




Esta é a história da Eudósia ...

A 18 de julho de 1936 estala a Guerra Civil Espanhola. Na aldeia galega de Fradalvite, de um dia para o outro amigos tornam-se inimigos e o medo impera. Era aqui que vivia a jovem professora Eudósia Lorenzo com os seus pais, Agustín e Basilisa. No dia em que recebe uma ameaça contra a família senão pagar 50.000 pesetas aos falangistas, Agustín decide dar o salto para Portugal.

"Partimos pela montanha até ao rio que faz a fronteira entre Espanha e Portugal; lembro-me que quando o atravessei, rolei pela erva cheia de alegria. Foi um dos melhores momentos da minha vida; com os meus 19 anos, temia uma morte sem razão; imaginava o meu corpo devorado pelos vermes; o que mais temia era ser violada por esses brutos analfabetos; em segredo, levava sempre um canivete (que ainda tenho) para cortar as veias do braço esquerdo antes de cair nas suas mãos”.

Esta é uma história que, apesar de já ter 80 anos, é contada na primeira pessoa. Delfina tinha então 13 anos quando na inverneira de Alagoa vê chegar Eudósia e os pais. Agustín era conhecido por aquelas bandas, por trabalhar como capador entre a Galiza e Portugal, e conhecia os caminhos. “Eles passaram a fronteira em Entrimo e depois vieram por Janeiro de Baixo, até chegarem a Alagoa”.

Sentada à sombra na sua casa na branda do Queimadelo, em Castro Laboreiro, Delfina Fernandes conta a história que viveu por dentro. É que ela foi amiga de Eudósia, a jovem e bela professora galega que deixou marca nas gentes castrejas

“Eudósia ensinou-me a ler”

“Nos primeiros três meses, Eudósia dormiu comigo e com a minha irmã na mesma cama. Os pais dormiam numa casa onde estavam os mantimentos. De dia vinham connosco. Comiam da sua comida, mas vinham connosco”.

Naqueles tempos o clima era mais inclemente e os caminhos difíceis, pelo que as gentes de Castro Laboreiro baixavam às inverneiras mais resguardadas em dezembro, retornando para as brandas logo em março.
Delfina Fernandes era muito jovem quando conheceu Eudósia, mas as memórias daqueles tempos ficaram-lhe gravadas para sempre. E, por isso, lembra-se bem de que – quando se mudaram para branda – Eudósia e os pais seguiram para outro lugar. “Houve uma mulher  (Antónia Rendeiro de Adorna) que os animou e que lhes disse para irem para o Rodeiro: ‘venham para o Rodeiro porque eu tenho lá um esconderijo que ninguém sabe dele’. Nós éramos todos um e encobrimo-los e de que maneira!.

Nas palavras, nos olhos e nos gestos de Delfina está ainda bem vivo o orgulho que sente por a sua gente – “éramos todos um!” – ter escondido a família refugiada galega.

O esconderijo de que fala ainda hoje é visível, numa casa de pedra da branda do Rodeiro facilmente identificável por ter uma alminha numa esquina. Agora em ruínas, percebe-se o cubículo debaixo da cozinha onde sempre que havia novidade a família se enfiava.

Eudósia e os seus pais conseguiram viver escondidos durante 3 anos entre as gentes de Castro Laboreiro. Durante esse tempo, a jovem professora ensinou muitas das crianças da aldeia a ler e a contar, e por isso foi o seu nome que perdurou na memória coletiva desses lugares. “Foi ela que me ensinou a ler as parcelas e a contar. Até ao milhão aprendi e foi ela que me ensinou. Mas as primeiras letras ensinou-mas meu pai”.

Eudósia e a mãe adotaram os costumes da terra e vestiam o fato castrejo. Numa carta ao seu filho, Paul Feron, a professora recorda uma vez em que a polícia entrou na casa onde estavam refugiados e a sua mãe não teve tempo de se esconder. Estava vestida de castreja e Antónia Rendeiro de Adorna disse que era muda, pelo que não levantou suspeitas.

A família galega recebeu guarida na casa de António Domingos Rendeiro durante o resto do tempo que se mantiveram em Castro Laboreiro. Quer a polícia de Franco quer a PIDE (então PVDE – Polícia de Vigilância e Defesa do Estado) andavam no seu encalço desde cedo.

“Ali estavam, como sepultados num túmulo, cobertos de palha, Agustín Lorenzo Puga, Basilisa Diz e Eudózia Lorenzo Diz que, a muito custo, foram saindo, por um orifício relativamente pequeno, deixando vêr nos seus rostos traços de grande sofrimento”



A 18 de agosto de 1938, Eudósia e a família partiram para Casablanca a bordo do vapor “Jamaíque”.

Delfina e Eudósia voltaram a encontrar-se muitas décadas depois. A galega nunca esqueceu as gentes de Castro Laboreiro a quem devia a vida e a castreja manteve sempre viva a memória da jovem e bela professora que lhe ensinou matemática.

As gentes castrejas acolheram-na durante os anos negros da guerra civil de Espanha e durante a ditadura de Salazar. Em Castro Laboreiro, a galega fez jus ao seu nome, do grego Eudoxia: a que é bem vista.

Eudósia Lorenzo morreu na ilha da Reunião a 16 de dezembro de 2004, aos 87 anos

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A Cache:


Para chegar a cache deverá ir a:

A = Nº degraus no primeiro lanço
N 42° 3.3(5+A)8' W 8° 8.19(A+1)





Additional Hints (Decrypt)

Rager nf ebpunf, ab puãb, anqn qr zhebf ...

Decryption Key

A|B|C|D|E|F|G|H|I|J|K|L|M
-------------------------
N|O|P|Q|R|S|T|U|V|W|X|Y|Z

(letter above equals below, and vice versa)